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Nacional
Domingo - 04 de Dezembro de 2005 às 15:20

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Uma idéia do cabo do Exército Marcelo Pascoalini apoiada pela juíza militar de Juiz de Fora (MG) Eli Ribeiro de Britto virou cartilha didática para prevenir, com informação, crimes e delitos militares. Lançada recentemente, em meio a denúncias de tortura e trotes violentos em organizações militares, a cartilha foi adotada na instrução básica pelo Exército de todo o País - por determinação do comandante Francisco de Albuquerque - e em unidades da Marinha e Aeronáutica.

Por meio de cartuns cômicos aliados a textos sérios, o livreto fala de desrespeito a superior, insubordinação, rigor excessivo, violência contra inferior, embriaguez em serviço e lesão corporal.

Irônica, a cartilha pode ser considerada politicamente incorreta. Ao falar em tráfico, posse ou uso de drogas, a ilustração é de soldado hippie fumando maconha. "Que bagulho maneiro, véi!" Ao lado, a pena: reclusão de cinco anos. Um desenho sobre "abandono de posto" alerta até para "golpe do baú". Mostra um soldado apaixonado ao lado de uma mulher de minissaia pensando: "Vou pegar a pensão judicial desse mané!".

"Fiquei 13 anos na tropa e sentia que era preciso deixar claro para os soldados o jargão jurídico", explica o cabo Pascoalini, há dois anos e meio à 4ª Circunscrição Judiciária Militar. O autor está no terceiro ano de Direito e planeja carreira na Justiça Militar. "Tenho experiência na tropa e alguma na Justiça também". Fraturas e mordidas

Autora freqüente de palestras sobre crimes militares, a juíza Eli Ribeiro de Britto conta que até pagou R$ 200 por desenhos para o livro. "Pascoalini teve a idéia do livro com caricaturas e o trabalho braçal foi dele. Ele sabe o que acontece nos quartéis; eu o apoiei e orientei", conta a juíza, há 20 anos na área militar e filha de um pracinha, morto por ferimento de guerra.

"Pegamos os crimes mais comuns e, de modo simples e brincando, chamamos atenção para os mais graves, como acidentes com armas, drogas e trotes violentos como os da TV".

A juíza já puniu militares por agressões insólitas, como a de oito soldados que atacaram colega com mordidas, e outro que quebrou o nariz ao ter a cama em que estava jogada para o alto. Vinte e três soldados tiveram infecção estomacal após serem obrigados a comer barro. "Não perdôo, baixo o sarrafo", disse.




Fonte: O Dia

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