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Nacional
Sábado - 03 de Dezembro de 2005 às 19:00
Por: Burton Frierson e Ana Nicolaci

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O Brasil e a Índia se ofereceram no sábado para fazer concessões sobre bens industriais e serviços, para pôr fim ao impasse nas conversações sobre a liberalização do comércio global, mas deixaram claro que os países desenvolvidos têm que pelo menos fazer concessões equivalentes.

Representantes dos governos da Índia e do Brasil fizeram a proposta numa reunião de ministros das Finanças dos países do Grupo dos Sete países mais industrializados do mundo (G7) em Londres.

A Índia ofereceu cortes nas suas tarifas alfandegárias superiores aos 50 por cento que já havia proposto de forma a tornar as conversações comerciais num sucesso e acrescentou que essa iniciativa será adotada apenas se as economias desenvolvidas igualarem ou superarem sua oferta.

O Brasil disse que está disposto a ceder algum terreno nas tarifas industriais desde que os Estados Unidos e a União Européia façam o mesmo em relação às agrícolas.

O ministro britânico das Finanças Gordon Brown elogiou as propostas e disse que o grupo também estuda uma proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que os líderes mundiais se reúnam antes das decisivas conversações da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Hong Kong, este mês.

"O primeiro-ministro (britânico) Tony Blair está mantendo conversações com o presidente Lula sobre as propostas do Brasil e de realizar uma reunião do G8 (G7 mais Rússia) mais 5 (países) antes das conversações comerciais", disse Brown numa entrevista coletiva.

A proposta de Lula cobre os países do G7 mais destacadas economias emergentes.

Os chineses também aderiram ao coro dos que pedem progressos de forma a garantir o sucesso das conversações de Hong Kong.

"Todos manifestaram esperança de que a reunião de Hong Kong sobre comércio seja bem-sucedida", disse o vice-ministro chinês das Finanças, Li Yong, enfatizando que repetia o que o ministro das Finanças, Jin Renqing, havia dito antes.

APRESENTANDO PROPOSTAS

"O Brasil está disposto em avançar sua posição sobre as tafiras industriais desde que os Estados Unidos e a União Européia também avancem na agricultura", disse o ministro das Finanças Antonio Palocci, depois de uma reunião com Brown.

O Brasil também disse que quer uma data marcada para a eliminação dos subsídios às exportações e uma redução do número dos chamados produtos sensíveis.

"Em seu esforço para contribuir para o sucesso da rodada Dolha da OMC, o Brasil também está disposto a participar ativamente das negociações sobre serviços", disse o Brasil em nota divulgada na reunião do G7.

No setor de serviços, Palocci acrescentou que gostaria de abrir o setor de resseguros do Brasil. "Apresentamos um corte de 50 por cento nas tarifas. Não houve equiparação", disse uma nota divulgada pela Índia no fim da reunião do G7.

"A Índia está disposta a adotar cortes maiores desde que os países desenvolvidos façam cortes iguais ou maiores", diz o documento. "Em relação a serviços, fizemos uma série de ofertas e, dependendo da reação, estamos dispostos a ir em frente."

A Índia disse que gostaria que se estabelecesse um cronograma para a eliminação dos subsídios às exportações e defendeu que todo incentivo que distorça o comércio seja reduzido significativamente.

RAIO DE ESPERANÇA

Tanto Londres como Washington tinham esperanças de que a reunião do G7 injetasse nova vida nas conversações titubeantes sobre comércio mais livre, na reta final do encontro de Hong Kong, de que participarão os 148 países-membros da OMC, marcada para daqui a menos de duas semanas.

O Brasil, potência agrícola emergente, nos últimos dois anos defende a causa dos países em desenvolvimento na rodada de Doha sobre comércio.

Mais tarde, falando a jornalistas, Palocci acrescentou: "A esta altura, as propostas sobre agricultura são claramente insuficientes."

Tanto Brasil como Índia receberam elogios por suas propostas por parte da Alemanha, cujo ministro das Finanças, Peer Steinbrueck, as considerou um raio de esperança para o encontro de Hong Kong.

"Houve posicionamentos do Brasil e da Índia que realmente me deram a impressão de que uma janela se abrirá (em Hong Kong)", disse Steinbrueck. "Esse talvez seja a realização mais significativa dessa reunião, para mim."




Fonte: Reuters

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