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Internacional
Sábado - 03 de Dezembro de 2005 às 09:42

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Os narcóticos e os antidepressivos são um refúgio cada vez mais usado por um maior número de iraquianos, sobretudo jovens, para enfrentar a violência diária, o desemprego e a insegurança que reinam no Iraque e, dessa maneira, escapar da dura realidade.

"É uma praga perigosa que deve ser enfrentada rapidamente, antes de se tornar incontrolável", afirmou o médico Adnan Fawzi, subdiretor do programa nacional iraquiano de luta contra a toxicomania.

Fawzi explicou que as substâncias causadoras desse tipo de dependência, especialmente os antidepressivos, são compradas por valor muito baixo nas farmácias.

O número de viciados no Iraque não é muito elevado por causa dos altos preços de drogas como heroína ou cocaína.

"No entanto, dezenas de pessoas tentam comprar diariamente pílulas tranqüilizantes", explicou um farmacêutico do centro de Bagdá.

"Conhecemos os que são dependentes e negamos a venda", acrescentou o farmacêutico, que trabalha em uma rua do bairro de Al-Battauin, considerado o reduto dos viciados em drogas e alcoólatras da capital iraquiana.

Segundo Ali Rachid, médico do hospital Ibn Ruchd, especializado em psiquiatria e toxicomania, os antidepressivos, assim como as drogas, provocam a marginalização de seus usuários em uma sociedade conservadora.

Os conselhos médicos significam pouco para Ali, um jovem de 18 anos, para quem o uso dos narcóticos permite esquecer os problemas e "viajar em outro mundo".

"As insuportáveis condições de vida, tanto na sociedade como em minha própria família, me levaram a buscar uma escapatória", explicou.

O mesmo fenômeno afeta mais de 1.000 sem-teto, em sua maioria crianças, no bairro de Al-Battauin que, além de dependentes de substâncias farmacêuticas, também têm problemas com o álcool e cheiram cola.

O ministério da Saúde, responsável por hospitais já lotados pelas muitas vítimas da violência diária, tenta enfrentar o problema e deseja um maior controle das fronteiras iraquianas, sobretudo com Afeganistão e Irã, para impedir a entrada dos traficantes de droga.

O Orgão Internacional de Controle de Entorpecentes (OICS) informou em maio que o Iraque está se transformando em um país de trânsito para a heroína produzida no Afeganistão e que, introduzida através do Irã, é distribuída na Europa. A comissão iraquiana de combate às drogas também deseja a adoção de uma lei que aumente o controle das ventas de tranqüilizantes e lançou uma campanha para mobilizar a população.




Fonte: AFP

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