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Secretário de Governo e “braço-direito” do prefeito de Cuiabá, Lamartine Godoy faz um balanço da sua atuação e da do gestor na prefeitura
‘Maior legado de Galindo é arrumar a casa’
Considerado o “homem-forte” da atual administração municipal, o secretário de Governo Lamartine Godoy garante que o prefeito Chico Galindo (PTB) “arrumou a casa” no que diz respeito à gestão. O petebista afirma que o Palácio Alencastro não tinha nenhum controle do que entrava e do que saía dos cofres públicos há dois anos. Desta forma, ele diz ter “orgulho de ter participado dessa gestão”. “Eu sei como nós pegamos e sei como nós vamos entregar”.
De acordo com o secretário, que é presidente do PTB em Cuiabá, Galindo conseguiu um avanço considerável em todas as áreas da administração pública. No que diz respeito à Saúde, ele admite que a situação está longe de ser a adequada, e afirma que o grande problema é o financiamento.
Apesar disso, ele acredita que a grande dificuldade que o prefeito eleito Mauro Mendes (PSB) vai encontrar será diminuir a inadimplência na arrecadação de impostos. “Ele vai ter, assim como o Galindo, que tomar medidas impopulares para poder incrementar ainda mais a receita. Nós apanhamos demais quando houve o aumento do IPTU e o número é ainda pífio”.
Diário de Cuiabá – Faça um balanço destes dois anos em que o senhor esteve na administração municipal.
Lamartine Godoy - Para mim foi uma experiência nova, porque eu não tinha essa vivência pública. Aprendi bastante e é uma experiência que vou levar para frente. E da prefeitura, eu tenho o orgulho de ter participado dessa gestão, porque eu sei como nós pegamos e sei como nós vamos entregar. Também tenho consciência de que, em muitas áreas, nós não avançaremos o que queríamos ter avançado, mas eu tenho certeza de que o que nós poderíamos ter feito na área de gestão aqui dentro nós fizemos, e é disso que eu mais me orgulho. Para melhorar a cidade, você tinha que melhorar a empresa, no caso a prefeitura. A prefeitura não tinha diversos processos, não tinha organização e principalmente não tinha dinheiro, não tinha receita, não havia um controle efetivo da despesa. E essa marca nós deixamos, a gente controla rigorosamente as despesas, conseguimos aumentar bastante a receita, e com isso conseguimos fazer algumas melhorias na cidade. O maior exemplo disso é o programa Poeira Zero, que só foi possível por conta deste incremento na arrecadação.
Diário - O senhor disse que teve alguns pontos em que a prefeitura não conseguiu avançar como gostaria. Quais são?
Lamartine - Nós gostaríamos que a cidade inteira estivesse pavimentada, gostaríamos que a cidade inteira estivesse arrumada, bonita, que tivesse médico em todas as unidades de Saúde, que todas as escolas estivessem lindas. Isso é um sonho que todo gestor tem, mas é impossível fazer tudo isso em apenas dois anos. Mas nós conseguimos avançar bastante. Avançamos na pavimentação, avançamos muito no recapeamento, enfim em diversas áreas. Eu me lembro de que numa época dessas, em 2010, a cidade estava todinha esburacada. Hoje tem buraco, mas nem se compara com aquela época. Quando nós assumimos, a coleta de lixo, esta estava totalmente parada. Temos alguns problemas pontuais hoje, mas é porque trocou a empresa agora. Então, ela ainda está se adaptando. Nós fizemos a licitação do lixo depois de tantos anos com contrato emergencial e não deu nenhuma impugnação e nenhuma ação judicial. Na educação, temos mais de 30 unidades escolares passando por reforma e 23 centros de educação infantil em construção. Não vamos conseguir entregar todos eles até o dia 31, mas avançamos bastante. Na Saúde, estamos reformando também mais de 30 unidades de saúde. A Saúde não está boa, mas não é por culpa de Cuiabá. A questão da Saúde é muito mais ampla. Eu quero que alguém me aponte uma capital brasileira em que a Saúde está boa. Pode até ter um município isolado, pequeno, e que não tem hospital, aí é fácil. Agora, a Saúde é ruim no Brasil inteiro por conta de financiamento, não tem outra questão. Obviamente, precisamos de uma boa gestão para aplicar melhor os recursos, mas o problema é financiamento. Então, para você melhorar a Saúde, é um processo a longo prazo, não tem solução a curto prazo. Eu tenho certeza de que nós fizemos um bom trabalho na Saúde, não tenho medo de dizer isso. Fizemos as reformas nas unidades para dar maiores condições de trabalho, fizemos o reajuste salarial para todas as classes, conseguimos recurso para duas UPAs, aumentou mais em R$ 100 milhões o orçamento para o ano que vem, reformamos a policlínica do CPA I, enfim... Isso não resolveu o problema da Saúde, mas em dois anos fazer tudo isso é um grande avanço.
Diário - E quanto aos apontamentos de irregularidades por parte do Tribunal de Contas, o que o senhor pode dizer sobre isso, tendo em vista que o senhor foi o titular da Pasta?
Lamartine - Os apontamentos que o Tribunal fez eram de recolhimento de contribuição previdenciária anterior, de outros anos, outras gestões. Deste ano está regularizada e regularizamos tanto os que ficaram para trás. Outro apontamento que havia era com relação à programação pactuada integrada (PPI) que é feita com os municípios do interior, que há muito tempo não era feita e nós fizemos. A contratualização dos hospitais nós fizemos com todos eles. O Tribunal também apontou o déficit financeiro, mas salvo engano, em 2010 fechou com R$ 70 milhões de déficit. Em 2011, quando nós assumimos, estava em R$ 43 milhões e agora em 2012 tenho apenas R$ 6 milhões em déficit. O que nós podemos deixar é apenas alguma coisa referente ao mês de dezembro. Nós revolucionamos a gestão na Saúde.
Diário - Como está a situação financeira da prefeitura?
Lamartine - Essa pergunta deveria ser feita para os nossos fornecedores. Eu lembro que quando assumi em 2010 eu pedia para fazer licitação e ninguém queria fornecer os serviços, porque sabia que a prefeitura não pagava. Então, se você perguntar para os fornecedores como era antes e como está agora, eles vão saber responder. Eu garanto que teve uma revolução também nesta área. Hoje todos recebem em dia, quando abre uma licitação tem dezenas de empresas querendo participar. O prefeito Chico Galindo foi o responsável por arrumar esta questão na prefeitura. Inclusive, na transição, muitas empresas que prestam serviço para a área me procuraram falando que irão conversar com o próximo prefeito para não alterar a equipe da Secretaria de Saúde, porque os processos funcionam, os pagamentos são honrados, enfim, é isso que me deixa orgulhoso.
Diário - Dentre tudo isso que o senhor já citou, qual acredita que vai ser o maior legado deixado por Galindo?
Lamartine - Sem dúvida, deixar a casa arrumada. Com processos padronizados, com controle efetivo da despesa, com aumento gigantesco da receita. Até o Tribunal de Contas elogiou a prefeitura de Cuiabá, por conta do controle interno que ela instituiu. O incremento da receita também, que a própria Secretaria de Fazenda do Estado reconheceu. Aquele índice Firjan, que tanto criticava Cuiabá, melhorou bastante. Enfim, todos os indicadores melhoraram, e isso é o maior legado.
Diário - O que o senhor acredita que vai ser a maior dificuldade do prefeito eleito Mauro Mendes ao assumir o Palácio Alencastro?
Lamartine - Ele vai ter, assim como Galindo, que tomar medidas impopulares para poder incrementar ainda mais a receita. Nós apanhamos demais quando houve o aumento do IPTU e o número ainda é pífio. A gente sempre faz a comparação com Campo Grande, e lá eles estão recebendo R$ 150 milhões de IPTU, enquanto nós vamos receber R$ 60 milhões. Nós brigamos, fizemos o ajuste da planta genérica e estamos a anos-luz de Campo Grande. Então, o Mauro vai ter que avançar nesta área, vai ter que fazer cobrança, vai ter que negativar o contribuinte. Ele vai ter que ter coragem de tomar essas atitudes impopulares e eu acredito que ele vai ter. O gestor tem que ser aquele que vai fazer o que é certo, não passar a mão na cabeça de todo mundo, e é isso que eu espero dele. Eu ficaria decepcionado se ele não tomar essas atitudes. Então, ele vai ter que fazer uma melhoria na arrecadação, fazer uma cobrança forte de impostos, vai ter que brigar com o governo estadual e melhorar a distribuição da receita para Cuiabá. Enfim, vai ter que continuar evoluindo.
Diário - Como o senhor vê a atuação do Estado junto a Cuiabá?
Lamartine - Eu posso dizer que o governador sempre foi parceiro do prefeito. Todas as demandas que foram solicitadas ao governador ou foram atendidas ou pelo menos ele tentou atender. Agora, pecou muito na questão dos repasses da Saúde, de não ter o total controle, o acompanhamento desses repasses, sobre como estavam sendo feitos esses repasses. A Saúde cuiabana só vai melhorar quando o governo melhorar a Saúde no interior. Reconheço que houve avanços, como em Rondonópolis e Cáceres, mas não será ele quem vai conseguir melhorar a Saúde em quatro anos, mas reconheço que melhorou um pouco. No entanto, os avanços teriam que aparecer mais rapidamente e o controle mais eficaz, e parece que ele está seguindo por este caminho. Ele disse que não vai mais verticalizar as secretarias e isso já é um começo. Ele está corretíssimo em fazer isso.
Diário - Os vereadores querem que Galindo deixe a decisão para o aumento da tarifa de ônibus para o Mauro. Isso vai acontecer?
Lamartine - Eu vi o Galindo dizer que este reajuste deveria ser automático para não deixar na mão do gestor. Na verdade, nós temos que olhar para os dois lados, tanto para a sociedade quanto para os empresários. O empresário tem todos os custos dele, que também não param de crescer. As despesas deles aumentam todo ano. Agora, também eu não acredito que isso deva ser repassado integralmente para o usuário. Há uma comissão para avaliar isso e a comissão já deu parecer pelo aumento. Ainda tem a questão do passe-livre que, salvo engano, 7% dos usuários do passe-livre são estudantes da rede publica municipal. O restante são do Estado e da rede privada. Então, esta é uma questão que teria que ser revista. Não é suspender e sim avaliar a questão do subsídio, de quem paga a conta. Eu acho que o governo federal deveria pagar a parte dele, o governo estadual pagar a parte dele e o municipal, também.
Diário - O PTB baixou um decreto para obrigar os vereadores eleitos no pleito deste ano a votarem no Júlio Pinheiro (PTB) para presidente da mesa diretora do Legislativo. Por que está imposição?
Lamartine - É um avanço que está acontecendo na política com a fidelidade partidária. Se você analisar os países desenvolvidos, os eleitores votam nos partidos e não nos candidatos, e eu acho que é esse o caminho natural aqui do Brasil. Hoje você vê um candidato que tem todo apoio do partido, usa a legenda e outro dia trai a sigla. Isso é frequente na política e a população não aceita mais. E como muitas vezes os políticos não mudam e não evoluem no que diz respeito a isso, cabe à legislação fazer essa evolução por eles. E isso veio com a fidelidade partidária dizendo que o voto e a cadeira são do partido. Agora, cabe a eles aceitarem e quem não quiser aceitar é só pedir o boné e sair. No PTB não tem imposição, o que usamos é a legislação a nosso favor. Todos os candidatos do PTB tiveram ajuda do PTB, sem exceção. Ajuda financeira, ajuda logística, ajuda em material gráfico... Então, tem que ser grato ao partido e deve fidelidade ao partido.
Diário - Quais os planos do PTB para a eleição de 2014?
Lamartine - Nós ainda vamos avaliar, mas queremos participar com candidatos a federal e a estadual e também participar ativamente da eleição do governo. Como fazer, a gente ainda não definiu. Acabamos de sair de uma eleição municipal, onde grande parte do partido apoiou o Mauro, principalmente o Galindo que disse que ia fazer seu sucessor, e fez. O partido cresceu no Estado. Fora o Galindo, que era vice, não tinha nenhum prefeito. Hoje, temos dois prefeitos e conseguimos fazer vereadores no Estado inteiro. Então, vamos estar mais fortes em 2014 do que estávamos em 2010. O Galindo é o grande líder do partido, mas a forma como ele vai participar a gente ainda não sabe.
Diário - Existe a possibilidade de o senhor vir a fazer parte do secretariado do Mauro?
Lamartine - Eu acho muito difícil, inclusive esta semana eu tive uma reunião com algumas pessoas da equipe do Mauro e comuniquei a eles que o partido espera participar da gestão. Isso já foi conversado com o Mauro e estamos aguardando a resposta dele. Foi combinado com o Mauro que assim que ele decidir as secretarias a gente vai fazer indicações de nomes para ele escolher. Vamos dar algumas sugestões para ele ver o perfil que mais se encaixa. O meu nome seria uma opção, mas eu comuniquei ao prefeito Chico Galindo que não gostaria de ter meu nome incluído na lista, e disse também à equipe do Mauro, porque eu não desejo participar agora. Num futuro, pode ser; mas neste primeiro momento, não!
Diário - O senhor disse que a priori não quer mais permanecer na vida pública. Qual será o seu futuro a partir de agora?
Lamartine - Bom, eu sou advogado, tenho pós-graduação em Gestão, tenho uma empresa de consultoria em gestão, que eu deixei parada nesses dois anos, e também tenho meu escritório de advocacia que a minha esposa está tocando. Vou voltar mais para este lado!
De acordo com o secretário, que é presidente do PTB em Cuiabá, Galindo conseguiu um avanço considerável em todas as áreas da administração pública. No que diz respeito à Saúde, ele admite que a situação está longe de ser a adequada, e afirma que o grande problema é o financiamento.
Apesar disso, ele acredita que a grande dificuldade que o prefeito eleito Mauro Mendes (PSB) vai encontrar será diminuir a inadimplência na arrecadação de impostos. “Ele vai ter, assim como o Galindo, que tomar medidas impopulares para poder incrementar ainda mais a receita. Nós apanhamos demais quando houve o aumento do IPTU e o número é ainda pífio”.
Diário de Cuiabá – Faça um balanço destes dois anos em que o senhor esteve na administração municipal.
Lamartine Godoy - Para mim foi uma experiência nova, porque eu não tinha essa vivência pública. Aprendi bastante e é uma experiência que vou levar para frente. E da prefeitura, eu tenho o orgulho de ter participado dessa gestão, porque eu sei como nós pegamos e sei como nós vamos entregar. Também tenho consciência de que, em muitas áreas, nós não avançaremos o que queríamos ter avançado, mas eu tenho certeza de que o que nós poderíamos ter feito na área de gestão aqui dentro nós fizemos, e é disso que eu mais me orgulho. Para melhorar a cidade, você tinha que melhorar a empresa, no caso a prefeitura. A prefeitura não tinha diversos processos, não tinha organização e principalmente não tinha dinheiro, não tinha receita, não havia um controle efetivo da despesa. E essa marca nós deixamos, a gente controla rigorosamente as despesas, conseguimos aumentar bastante a receita, e com isso conseguimos fazer algumas melhorias na cidade. O maior exemplo disso é o programa Poeira Zero, que só foi possível por conta deste incremento na arrecadação.
Diário - O senhor disse que teve alguns pontos em que a prefeitura não conseguiu avançar como gostaria. Quais são?
Lamartine - Nós gostaríamos que a cidade inteira estivesse pavimentada, gostaríamos que a cidade inteira estivesse arrumada, bonita, que tivesse médico em todas as unidades de Saúde, que todas as escolas estivessem lindas. Isso é um sonho que todo gestor tem, mas é impossível fazer tudo isso em apenas dois anos. Mas nós conseguimos avançar bastante. Avançamos na pavimentação, avançamos muito no recapeamento, enfim em diversas áreas. Eu me lembro de que numa época dessas, em 2010, a cidade estava todinha esburacada. Hoje tem buraco, mas nem se compara com aquela época. Quando nós assumimos, a coleta de lixo, esta estava totalmente parada. Temos alguns problemas pontuais hoje, mas é porque trocou a empresa agora. Então, ela ainda está se adaptando. Nós fizemos a licitação do lixo depois de tantos anos com contrato emergencial e não deu nenhuma impugnação e nenhuma ação judicial. Na educação, temos mais de 30 unidades escolares passando por reforma e 23 centros de educação infantil em construção. Não vamos conseguir entregar todos eles até o dia 31, mas avançamos bastante. Na Saúde, estamos reformando também mais de 30 unidades de saúde. A Saúde não está boa, mas não é por culpa de Cuiabá. A questão da Saúde é muito mais ampla. Eu quero que alguém me aponte uma capital brasileira em que a Saúde está boa. Pode até ter um município isolado, pequeno, e que não tem hospital, aí é fácil. Agora, a Saúde é ruim no Brasil inteiro por conta de financiamento, não tem outra questão. Obviamente, precisamos de uma boa gestão para aplicar melhor os recursos, mas o problema é financiamento. Então, para você melhorar a Saúde, é um processo a longo prazo, não tem solução a curto prazo. Eu tenho certeza de que nós fizemos um bom trabalho na Saúde, não tenho medo de dizer isso. Fizemos as reformas nas unidades para dar maiores condições de trabalho, fizemos o reajuste salarial para todas as classes, conseguimos recurso para duas UPAs, aumentou mais em R$ 100 milhões o orçamento para o ano que vem, reformamos a policlínica do CPA I, enfim... Isso não resolveu o problema da Saúde, mas em dois anos fazer tudo isso é um grande avanço.
Diário - E quanto aos apontamentos de irregularidades por parte do Tribunal de Contas, o que o senhor pode dizer sobre isso, tendo em vista que o senhor foi o titular da Pasta?
Lamartine - Os apontamentos que o Tribunal fez eram de recolhimento de contribuição previdenciária anterior, de outros anos, outras gestões. Deste ano está regularizada e regularizamos tanto os que ficaram para trás. Outro apontamento que havia era com relação à programação pactuada integrada (PPI) que é feita com os municípios do interior, que há muito tempo não era feita e nós fizemos. A contratualização dos hospitais nós fizemos com todos eles. O Tribunal também apontou o déficit financeiro, mas salvo engano, em 2010 fechou com R$ 70 milhões de déficit. Em 2011, quando nós assumimos, estava em R$ 43 milhões e agora em 2012 tenho apenas R$ 6 milhões em déficit. O que nós podemos deixar é apenas alguma coisa referente ao mês de dezembro. Nós revolucionamos a gestão na Saúde.
Diário - Como está a situação financeira da prefeitura?
Lamartine - Essa pergunta deveria ser feita para os nossos fornecedores. Eu lembro que quando assumi em 2010 eu pedia para fazer licitação e ninguém queria fornecer os serviços, porque sabia que a prefeitura não pagava. Então, se você perguntar para os fornecedores como era antes e como está agora, eles vão saber responder. Eu garanto que teve uma revolução também nesta área. Hoje todos recebem em dia, quando abre uma licitação tem dezenas de empresas querendo participar. O prefeito Chico Galindo foi o responsável por arrumar esta questão na prefeitura. Inclusive, na transição, muitas empresas que prestam serviço para a área me procuraram falando que irão conversar com o próximo prefeito para não alterar a equipe da Secretaria de Saúde, porque os processos funcionam, os pagamentos são honrados, enfim, é isso que me deixa orgulhoso.
Diário - Dentre tudo isso que o senhor já citou, qual acredita que vai ser o maior legado deixado por Galindo?
Lamartine - Sem dúvida, deixar a casa arrumada. Com processos padronizados, com controle efetivo da despesa, com aumento gigantesco da receita. Até o Tribunal de Contas elogiou a prefeitura de Cuiabá, por conta do controle interno que ela instituiu. O incremento da receita também, que a própria Secretaria de Fazenda do Estado reconheceu. Aquele índice Firjan, que tanto criticava Cuiabá, melhorou bastante. Enfim, todos os indicadores melhoraram, e isso é o maior legado.
Diário - O que o senhor acredita que vai ser a maior dificuldade do prefeito eleito Mauro Mendes ao assumir o Palácio Alencastro?
Lamartine - Ele vai ter, assim como Galindo, que tomar medidas impopulares para poder incrementar ainda mais a receita. Nós apanhamos demais quando houve o aumento do IPTU e o número ainda é pífio. A gente sempre faz a comparação com Campo Grande, e lá eles estão recebendo R$ 150 milhões de IPTU, enquanto nós vamos receber R$ 60 milhões. Nós brigamos, fizemos o ajuste da planta genérica e estamos a anos-luz de Campo Grande. Então, o Mauro vai ter que avançar nesta área, vai ter que fazer cobrança, vai ter que negativar o contribuinte. Ele vai ter que ter coragem de tomar essas atitudes impopulares e eu acredito que ele vai ter. O gestor tem que ser aquele que vai fazer o que é certo, não passar a mão na cabeça de todo mundo, e é isso que eu espero dele. Eu ficaria decepcionado se ele não tomar essas atitudes. Então, ele vai ter que fazer uma melhoria na arrecadação, fazer uma cobrança forte de impostos, vai ter que brigar com o governo estadual e melhorar a distribuição da receita para Cuiabá. Enfim, vai ter que continuar evoluindo.
Diário - Como o senhor vê a atuação do Estado junto a Cuiabá?
Lamartine - Eu posso dizer que o governador sempre foi parceiro do prefeito. Todas as demandas que foram solicitadas ao governador ou foram atendidas ou pelo menos ele tentou atender. Agora, pecou muito na questão dos repasses da Saúde, de não ter o total controle, o acompanhamento desses repasses, sobre como estavam sendo feitos esses repasses. A Saúde cuiabana só vai melhorar quando o governo melhorar a Saúde no interior. Reconheço que houve avanços, como em Rondonópolis e Cáceres, mas não será ele quem vai conseguir melhorar a Saúde em quatro anos, mas reconheço que melhorou um pouco. No entanto, os avanços teriam que aparecer mais rapidamente e o controle mais eficaz, e parece que ele está seguindo por este caminho. Ele disse que não vai mais verticalizar as secretarias e isso já é um começo. Ele está corretíssimo em fazer isso.
Diário - Os vereadores querem que Galindo deixe a decisão para o aumento da tarifa de ônibus para o Mauro. Isso vai acontecer?
Lamartine - Eu vi o Galindo dizer que este reajuste deveria ser automático para não deixar na mão do gestor. Na verdade, nós temos que olhar para os dois lados, tanto para a sociedade quanto para os empresários. O empresário tem todos os custos dele, que também não param de crescer. As despesas deles aumentam todo ano. Agora, também eu não acredito que isso deva ser repassado integralmente para o usuário. Há uma comissão para avaliar isso e a comissão já deu parecer pelo aumento. Ainda tem a questão do passe-livre que, salvo engano, 7% dos usuários do passe-livre são estudantes da rede publica municipal. O restante são do Estado e da rede privada. Então, esta é uma questão que teria que ser revista. Não é suspender e sim avaliar a questão do subsídio, de quem paga a conta. Eu acho que o governo federal deveria pagar a parte dele, o governo estadual pagar a parte dele e o municipal, também.
Diário - O PTB baixou um decreto para obrigar os vereadores eleitos no pleito deste ano a votarem no Júlio Pinheiro (PTB) para presidente da mesa diretora do Legislativo. Por que está imposição?
Lamartine - É um avanço que está acontecendo na política com a fidelidade partidária. Se você analisar os países desenvolvidos, os eleitores votam nos partidos e não nos candidatos, e eu acho que é esse o caminho natural aqui do Brasil. Hoje você vê um candidato que tem todo apoio do partido, usa a legenda e outro dia trai a sigla. Isso é frequente na política e a população não aceita mais. E como muitas vezes os políticos não mudam e não evoluem no que diz respeito a isso, cabe à legislação fazer essa evolução por eles. E isso veio com a fidelidade partidária dizendo que o voto e a cadeira são do partido. Agora, cabe a eles aceitarem e quem não quiser aceitar é só pedir o boné e sair. No PTB não tem imposição, o que usamos é a legislação a nosso favor. Todos os candidatos do PTB tiveram ajuda do PTB, sem exceção. Ajuda financeira, ajuda logística, ajuda em material gráfico... Então, tem que ser grato ao partido e deve fidelidade ao partido.
Diário - Quais os planos do PTB para a eleição de 2014?
Lamartine - Nós ainda vamos avaliar, mas queremos participar com candidatos a federal e a estadual e também participar ativamente da eleição do governo. Como fazer, a gente ainda não definiu. Acabamos de sair de uma eleição municipal, onde grande parte do partido apoiou o Mauro, principalmente o Galindo que disse que ia fazer seu sucessor, e fez. O partido cresceu no Estado. Fora o Galindo, que era vice, não tinha nenhum prefeito. Hoje, temos dois prefeitos e conseguimos fazer vereadores no Estado inteiro. Então, vamos estar mais fortes em 2014 do que estávamos em 2010. O Galindo é o grande líder do partido, mas a forma como ele vai participar a gente ainda não sabe.
Diário - Existe a possibilidade de o senhor vir a fazer parte do secretariado do Mauro?
Lamartine - Eu acho muito difícil, inclusive esta semana eu tive uma reunião com algumas pessoas da equipe do Mauro e comuniquei a eles que o partido espera participar da gestão. Isso já foi conversado com o Mauro e estamos aguardando a resposta dele. Foi combinado com o Mauro que assim que ele decidir as secretarias a gente vai fazer indicações de nomes para ele escolher. Vamos dar algumas sugestões para ele ver o perfil que mais se encaixa. O meu nome seria uma opção, mas eu comuniquei ao prefeito Chico Galindo que não gostaria de ter meu nome incluído na lista, e disse também à equipe do Mauro, porque eu não desejo participar agora. Num futuro, pode ser; mas neste primeiro momento, não!
Diário - O senhor disse que a priori não quer mais permanecer na vida pública. Qual será o seu futuro a partir de agora?
Lamartine - Bom, eu sou advogado, tenho pós-graduação em Gestão, tenho uma empresa de consultoria em gestão, que eu deixei parada nesses dois anos, e também tenho meu escritório de advocacia que a minha esposa está tocando. Vou voltar mais para este lado!
Fonte:
DO DC
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/33208/visualizar/
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