A previsão é que as regras mais flexíveis para as viagens internacionais passem a valer na ilha no dia 14 de janeiro.
Hoje, quase todos os cubanos precisam de cartas-convite ou permissões de saída para deixar a ilha.
Obter esses documentos implica em um custo de pelo menos US$ 350 (R$ 725) por viagem, além de envolver um processo burocrático complicado e demorado.
Em janeiro, as taxas para emissão do passaporte também devem subir de US$ 50 (R$ 103) para US$ 100 (R$ 207).
O passaporte cubano é válido por seis anos. Por isso, mesmo quem não pretende deixar o país nos próximos meses está tentando obter o documento de viagem pela metade do preço.
Segundo o departamento de imigração do país, cubanos que têm um passaporte válido, poderão "habilitá-lo" para viajar sob as novas condições, mais flexíveis.
Exemplos
Em uma dessas filas, no município Dez de Outubro, o aposentado Rafael Perez conta que sua enteada vive na Espanha e ele quer fazer seu passaporte agora, pagando mais barato, para ter uma "despesa a menos" quando resolver viajar para visitá-la.
"(A nova lei) pode unir mais as famílias cubanas, já que permite que possamos visitar parentes sem tantos gastos, como antes", diz Perez.
Anabel Castañeda conta que seu pai, de 73 anos, foi convidado para viajar para Nova York para visitar seus irmãos pela primeira vez em 50 anos.
Yuri Orlando Morales se casou com uma holandesa e vai deixar o país, mas antes quer garantir que toda a sua família terá documentos para visitá-lo. "Trouxe minha irmã e meu pai (para fazer o passaporte)", conta.
Já Osmel Faez quer trabalhar na África. "Meus sogros são economistas em Angola. Eu sou ferreiro e quero morar com eles e tentar trabalhar lá. Tenho de poupar o que possa antes, por isso estou fazendo meu passaporte agora que é mais barato", explica.
Exceções
Mas nem todos se beneficiarão da reforma. Médicos cubanos, por exemplo, continuarão a precisar de uma permissão especial para viajar. "Isso cria um problema para mim", diz a médica Ivón Celestrín.
A filha de Celestrín deve viajar em breve para os EUA para morar com o pai e a médica está fazendo seu passaporte na esperança de ir visitá-la.
"A patir do momento que ela deixar o país terei de iniciar uma luta incansável para obter um status que me permita viajar para vê-la regularmente", explica Celestrín.
Além disso, também não são todos que veem a nova lei de imigração com alívio.
Para aqueles que lucram com os trâmites burocráticos aos quais são submetidos quem quer deixar o país, a flexibilização não é uma boa notícia.
Maite Aria, por exemplo, vive perto de um escritório de imigração e se dedica a fazer fotografias e copiar e imprimir documentos dos que pedem uma permissão de saída da ilha.
"Vou perder esse trabalho que havia garantido meu bem-estar financeiro", ela disse à BBC.
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