Friboi admite formação de cartel

O presidente do grupo Friboi José Batista Júnior confessa que comanda a formação de cartéis de preços de carne bovina em diversos Estados do país, incluindo Mato Grosso. A afirmação consta em gravações feitas pelo dono do Frigoara, José Almiro Bihl, com quem o Friboi trava uma batalha jurídica pela posse da planta industrial em Araputanga, conforme A Gazeta já antecipou com exclusividade em reportagens anteriores. Nas fitas, Júnior ressalta que a negociação de preços é feita com pelo menos dois ou três frigoríficos em cada Estado, entre eles os maiores em funcionamento no país, onde o Friboi mantém as fábricas.

As fitas também evidenciam a negociação de contratos de gaveta entre Friboi e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e benefícios conquistados com a relação pessoal entre Júnior e o gerente da Unidade de Gerenciamento dos Fundos de Investimentos (UGFIN), Antônio Balhmann. Além de Mato Grosso, o Friboi possui plantas frigoríficas em Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rondônia, mas o esquema de preços é articulado pelo menos nos cinco primeiros Estados, conforme as declarações nas fitas.

Ao defender que os preços são definidos pelo livre mercado, o Friboi argumenta em nota à imprensa que a denúncia de domínio sobre os preços da carne no país é infundada. "Não faz sentido a citada formação de cartel pelos 5 maiores frigoríficos exportadores, sendo que estes detêm apenas 15% do abate de bovinos total nacional".

As gravações estão distribuídas em três fitas, contendo material filmado com câmaras de vídeo escondidas e gravadores, um deles adaptado à roupa de Almiro Bihl.