Universidades dos EUA rejeitam restrições a estrangeiros
Dirigentes dos centros universitários americanos não estão de acordo com a nova legislação, porque agravaria ainda mais a contínua queda no número de jovens de outros países que escolhem universidades dos EUA para completar sua formação e, principalmente, porque poderia frear o desenvolvimento científico nacional.
O governo argumenta, no entanto, que manter a atual norma implica riscos para a segurança do país, porque coloca os EUA em uma situação vulnerável à espionagem.
Aplicação militar
A imprensa americana publicou neste fim de semana o debate que surgiu em torno desta questão, por causa de uma proposta elaborada pelo Pentágono que prevê restringir a participação dos estrangeiros em certos projetos considerados vinculados a tecnologias delicadas ou que podem ter aplicação militar.
A idéia partiu de um relatório elaborado pelo inspetor geral do Departamento do Comércio, Johnnie Frazier, sobre o qual o governo deve se pronunciar de forma definitiva nas próximas semanas.
Os especialistas consideram que este projeto tem como alvo estudantes de determinados países, como a China, com os quais os EUA não querem compartilhar nenhum avanço tecnológico que possa ser utilizado com propósitos de defesa.
Licença especial A legislação atualmente em vigor já exige que as universidades ou companhias de pesquisa solicitem ao governo uma licença especial para que cidadãos de países que possam ser suspeitos para os EUA de alguma forma participem de projetos de pesquisa com potenciais usos militares.
No entanto, esse trâmite pode ser passado quando se trata de estudantes que nasceram nos mesmos países, mas que conseguiram a cidadania ou simplesmente um visto de residência em outros países aos quais não se pede licença, como o Canadá ou o Reino Unido.
O que o Pentágono propõe agora é estender esse requisito a todos os estudantes nascidos em países como China, Irã ou Coréia do Norte.
As empresas do setor e as universidades rejeitam plenamente esta possibilidade porque temem perder jovens com currículo brilhante que teriam que passar por um novo requisito, junto com as já estritas condições impostas para conseguir visto, e que foram instauradas por causa dos atentados de 11 de setembro.
Impacto na pesquisa "Poderia ter um impacto muito sério na pesquisa", afirmou o porta-voz da Associação de Universidades dos EUA, Barry Toiv, em declarações ao jornal The New York Times.
De acordo com os dados divulgados no último dia 14 pelo Instituto nternacional para a Educação (IIE), o número de estudantes estrangeiros que se matriculam nos institutos e universidades dos EUA caiu 1,3% no ano acadêmico passado (2004-2005), e caíra 2,4% no ano anterior.
Em seu relatório Portas Abertas 2005, o IIE afirma que os dez países que enviaram mais estudantes no ano letivo passado aos EUA foram Índia, China, Coréia do Sul, Japão, Canadá, Taiwan, México, Turquia, Alemanha e Tailândia, nessa ordem.
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