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Saúde
Segunda - 28 de Novembro de 2005 às 15:07

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A burocracia, problemas administrativos e financiamento inadequado estão minando o esforço global para administrar drogas anti-Aids a três milhões de pessoas no mundo inteiro até o fim de 2005, disseram ativistas na segunda-feira.

Pelo menos três milhões de pessoas precisam desesperadamente de drogas anti-retrovirais, afirmou a Coalizão Internacional de Prontidão de Tratamento num relatório sobre o fracasso do programa "3 até 5", da ONU.

"Na África do Sul e em incontáveis outros países, trabalhamos por mais de uma década para garantir o acesso ao tratamento contra o HIV", disse Zackie Achmat, fundador da Campanha Ação de Tratamento da África do Sul.

"Nesse período, milhões de pessoas morreram por não ter acesso aos medicamentos, e milhões mais vão morrer se não conquistarmos o acesso universal até 2010."

O chefe do programa de HIV/Aids da Organização Mundial da Saúde (OMS), Jim Yong Kim, pediu desculpas pelo fracasso do programa, mas disse acreditar que ele tenha servido para ressaltar a necessidade de ampliar o alcance dos tratamentos contra a doença.

"Só posso pedir desculpas", afirmou ele numa entrevista à BBC. "Acho que temos que admitir que não fizemos o bastante, e que começamos tarde demais."

A Unaids, agência da ONU para a Aids, disse na semana passada que há 40 milhões de soropositivos no mundo, e que o número de infecções está crescendo num dos ritmos mais rápidos já registrados desde o primeiro caso, em 1981.

O relatório dos ativistas examinou os problemas no tratamento para Aids e HIV em seis países onde a doença está avançando: África do Sul, República Dominicana, Índia, Quênia, Nigéria e Rússia.

Segundo eles, gargalos de burocracia e falhas na liderança política foram fatores fundamentais para prejudicar o fornecimento das drogas. Um dos exemplos citados foi a luta por verbas entre agências diferentes na República Dominicana. Na Rússia, a ausência de um protocolo de tratamento nacional prejudicou a reação à doença, afirmou o documento.

A falta de trabalhadores especializados, a falta de financiamento e o estigma que ainda cerca os soropositivos também foram responsabilizados pela demora na obtenção do tratamento. As grandes distâncias que os pacientes têm de percorrer para conseguir o tratamento, em países como a Índia, também foram mencionadas.

O governo da África do Sul, que possui o maior número absoluto de soropositivos do mundo, "continua a passos de tartaruga e não consegue combater a desinformação e a pseudo-ciência", disse o relatório.

Segundo o levantamento, será impossível chegar à meta do acesso universal aos medicamentos até 2010 se não houver uma nova estratégia.

"A iniciativa ''3 até 5'' não conseguiu tratar nem 50 por cento das pessoas que precisam de tratamento com anti-retrovirais. Se as organizações responsáveis pela execução desse programa quiserem atingir um objetivo ainda maior daqui a cinco anos, isso exigirá uma nova e corajosa liderança", afirmou o texto.




Fonte: Reuters

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