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Internacional
Sábado - 26 de Novembro de 2005 às 16:04
Por: Amil Khan e Tom Perry

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A polícia egípcia prendeu centenas de partidários da Irmandade Muçulmana e restringiu a votação no sábado, quarto dia das eleições em que a participação de islâmicos vem sendo forte. A informação foi dada pela Irmandade e por testemunhas.

Segundo a Irmandade Muçulmana, a polícia deteve mais de 620 partidários seus desde o começo do dia, começando com buscas durante a madrugada em suas casas e continuando com as prisões do lado de fora das sessões de voto.

O ministério do Interior disse que a polícia atirou gás lacrimogêneo e deteve mais de 78 "desordeiros", incluindo muçulmanos na cidade de Tantan no Delta do Nilo, depois que eles jogaram pedras na polícia.

No final da tarde na cidade, os policiais formarão cordões com três fileiras de oficiais impedindo que as pessoas votassem. Quando um correspondente da Reuters tentou fotografar a cena, a polícia o deteve e pegou o cartão de memória de sua máquina.

Um juiz chefe das eleições disse à Reuters que alguns outros juízes haviam deixado as sessões de votação em protesto e levado as urnas com eles.

"Forças de segurança cercaram algumas das estações de eleições, bloqueando a entrada de eleitores e permitindo que só alguns entrassem", acrescentou o juiz Ahmed Mekki, que está na direção de um esforço de monitoria informal das eleições pelo judiciário do país.

O eleitor Taher Abdel Fattah afirma que foi votar na cidade de Alexandria, mas nao conseguiu fazê-lo por conta do cordão policial ao redor da sessão eleitoral.

"O governo disse para nós votarmos e decidirmos o futuro deste país. Agora o mesmo governo está nos impedindo de votar. Isto é repugnante. Não há liberdade aqui", ele disse.

Na pequena cidade de Hayatim, no delta do Nilo, homens armados de facões e cassetetes atacaram organizadores da Irmandade Muçulmana diante dos locais de voto, ajudando a afastar eleitores que se preparavam para votar nas eleições parlamentares, segundo testemunhas e monitores eleitorais.

Testemunhas disseram que 20 homens com armas de fogo, espadas e facões foram a Hayatim ao amanhecer, deram tiros no ar e atacaram moradores locais.

Em Alexandria, o desempregado Mahrous Tantawi disse que o governista PND (Partido Nacional Democrático) lhe pagou 20 libras egípcias (3,50 dólares) para votar em seu candidato, Abdel Fattah Marzouk.

"Esta é uma região pobre. Não há muita coisa que as pessoas não concordem em fazer por 20 libras", falou o desempregado de 23 anos.

As eleições do sábado estão especialmente turbulentas desde que, no domingo passado, a Irmandade Muçulmana conquistou mais assentos do que o governista PND.

O grupo islâmico agora tem 47 dos 444 assentos eleitos no Parlamento, contra cerca de 120 do partido governista. Ele estava bem posicionado para conquistar mais lugares no sábado e nas etapas posteriores da eleição, que terminará em 7 de dezembro.

Monitores eleitorais independentes dizem que o PND e as autoridades vêm fraudando alguns resultados e enviando capangas para tumultuar a votação em regiões em que a Irmandade Muçulmana tem presença forte. O Ministério do Interior afirma que a responsabilidade pela violência é da Irmandade.

Juízes egípcios entraram em uma campanha para contestar os resultados da eleição.

A Irmandade, que defende liberdades políticas e quer aproximar a legislação egípcia da lei islâmica, disputa 41 das 121 vagas em jogo no sábado, a maioria disputadas diretamente com o PND, do presidente Hosni Mubarak.





Fonte: Reuters

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