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Cidades/Geral
Sábado - 26 de Novembro de 2005 às 10:00
Por: Raquel Ferreira

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Durante dois anos, uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Federal investigou a ação de grupos de extermínio no Nordeste. Com base em pesquisas e depoimentos, os deputados chegaram à conclusão que a principal vítima dos matadores organizados são jovens do sexo masculino, com idades entre 15 e 25 anos, pobres e, em geral, responsáveis por pequenos furtos.

"É muito comum os comerciantes de um bairro se juntarem para contratar o grupo de extermínio, que executa as quadrilhas de jovens ladrões da região", conta o relator da CPI, deputado Luiz Couto (PT-PB). De acordo com ele, os rapazes também são alvo por fazerem parte das organizações criminosas e, ao tentar sair delas, se tornarem arquivos vivos. "Outros alvos preferenciais são os defensores públicos, os radialistas, trabalhadores rurais, sindicalistas, políticos e até mesmo empresários."

Levantamento do Movimento Nacional e Direitos Humanos mostra que entre 2001 e 2002, 1,1 mil pessoas foram executadas nos nove estados do Nordeste. Só na grande Salvador, foram 878 pessoas. Em geral, as vítimas são mortas com tiros em locais vitais, como a cabeça e o peito. Os assassinos deixam marcas sobre as motivações do assassinato. Chegam a enfiar um cadeado na boca das vítimas que denunciaram as atividades do grupo de extermínio.

"Durante as investigações da CPI, muitos ex-matadores foram mortos porque denunciaram as organizações. Eles buscavam proteção policial, do programa de testemunhas, e não conseguiam ajuda. Acabavam sendo mortos", lamenta o deputado Luiz Couto, para quem o governo federal precisar criar um sistema de informações sobre crimes de extermínio para traçar o campo de atuação dos grupos e evitar novas mortes.

De acordo com Couto, em investigações no Ceará, Paraíba e Pernambuco, a CPI descobriu verdadeiras escolas de pistolagem. Nelas, policiais dão aula e treinamento aos matadores e oferecem munição para os criminosos. Mas nem sempre os crimes são com arma de fogo.

Entre 1999 e 2002, a CPI identificou a execução chocante de 32 crianças e 5 adolescentes no município de Timbaúba, em Pernambuco. Elas foram assassinadas em ações conhecidas por "arrastões", que consistiam em arrastar as vítimas da rua ou de sua residência e levá-las a um lugar isolado, ou até mesmo em praça pública, para execuções por carbonização. Até hoje, o crime não foi desvendado.





Fonte: Agência Brasil

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