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Quinta - 24 de Novembro de 2005 às 21:50
Por: Kerstin Gehmlich

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Um novo estudo irritou os vinicultores da França na quinta-feira, ao pedir que as garrafas de vinho tragam advertências sobre o alcoolismo.

O relatório feito a pedido do Ministério da Saúde recomendou que as garrafas de vinho francês tenham avisos semelhantes aos dos maços de cigarro, para ajudar a combater o alcoolismo, que segundo o documento afeta 10 por cento dos franceses.

O estudo pode ser mais um motivo de ressaca para os vinicultores franceses, que já lutam contra a queda no consumo e com a forte concorrência dos rivais do "Novo Mundo", como Austrália e Chile.

"Precisamos parar de considerá-lo um produto como outro qualquer, vendido como se fosse uma baguete", disse Herve Chabalier ao jornal Le Parisien, antes de apresentar o levantamento ao ministro da Saúde, Xavier Bertrand.

"Não se trata de dizer às pessoas que não bebam, mas sim de informá-las sobre o que o álcool realmente é — uma droga", afirmou Chabalier, jornalista e alcoólatra recuperado.

O relatório, que foi obtido pela Reuters, também pede que os jovens sejam mais bem informados sobre os riscos do álcool.

O governo conservador da França está dividido entre a missão de promover a saúde pública e o desejo de apoiar a indústria do vinho.

Ainda este ano, o governo concordou com a amenização das leis que regulam a propaganda de bebidas alcoólicas, na esperança de incentivar o setor.

Bertrand afirmou querer que as advertências nos rótulos das garrafas alertem as mulheres grávidas sobre os perigos do consumo de álcool. Os avisos devem se tornar obrigatórios no ano que vem.

Mas Chabalier quer que os avisos sejam mais duros, com o texto: "O consumo de álcool está pondo sua saúde em risco." Mas os vinicultores criticam a medida.

"É ridículo", disse Marie-Christine Tarby, do grupo lobista Vin et Societé.

"Isso reduziria as bebidas alcoólicas à mesma coisa que o cigarro, e as duas são completamente diferentes. Quem bebe álcool com moderação não põe a saúde em risco. Há até benefícios."

Roland Feredj, do Conselho de Comércio de Vinho de Bordeaux, disse que é importante informar os jovens sobre os riscos do excesso de bebida, mas acha que as advertências nos rótulos não farão isso.

"Estão tentando criar um clima de medo. Mas a política de medo e proibições não funciona", afirmou ele, lembrando que o setor vinicultor apoiou a criação de um conselho, este ano, para evitar o abuso no consumo de álcool.

A França e a Itália são os maiores produtores de vinho do mundo, responsáveis por cerca de 20 por cento da produção mundial. Mas os países do Novo Mundo vêm aumentando sua participação no mercado.

O setor vinícola da França — que emprega cerca de 75 mil pessoas — vem sofrendo com a preocupação maior dos franceses com a saúde. Nos últimos 40 anos, o consumo de álcool per capita caiu em até um terço no país.





Fonte: Reuters

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