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Internacional
Quinta - 24 de Novembro de 2005 às 12:10

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As pessoas que sofrem de pesadelos rotineiros têm agora a possibilidade de submeter-se a um tratamento psicoterapêutico para chegar a uma solução feliz para esse mal, que muitas vezes acaba deteriorando a qualidade de vida de muitos.

A afirmação foi feita pelos autores de um estudo realizado no Instituto de Pesquisa da Consciência e do Sonho do Hospital Geral de Viena, devido ao Ano Freudiano em 2006, no qual se relembra o 150º aniversário de nascimento do "pai da psicanálise".

Através da nova técnica, o sonhador, devidamente treinado e com o apoio de um psicólogo, recobra consciência de sua liberdade de intervir no sonho e chega até mesmo a controlar seu pesadelo, alterando-o à sua vontade.

Através do treinamento mental, o sonhador pode mudar, por exemplo, uma situação em que ele cai num abismo sem fim durante um pesadelo para começar a voar.

As pesquisas são baseadas em conhecimentos que remetem inclusive à época de Freud e a especialistas que estiveram em contato com ele, como o holandês Frederik Willems Van Eeden, que inventou o conceito de sonho lúcido.

Mas os estudiosos também recorrem à análise do sonho, como afirmou William Dement, um dos descobridores das fases do sono definida como REM (de movimentos rápidos dos olhos).

Esta é a fase de sono mais profunda, especialmente importante para a memória e para os sonhos.

O sonho lúcido foi definido por Paul Tholey, especialista alemão em "psicologia da ''Gestalt''", como um sonho em estado de consciência clara. O indivíduo sabe que está sonhando, e tem a convicção de que é possível mudar o curso do que se vive neste estado.

Trata-se de uma técnica que pode ser aprendida, como se comprovou através da observação de 32 pessoas que se submeteram a um tratamento de "Gestalt" durante seis meses.

Parte do grupo participou ainda do treinamento para ter sonhos lúcidos - o que acabou tornando-se a maneira mais eficiente de combater pesadelos.

Mais da metade destas pessoas conseguiram aprender o método, que envolve a anotação de tudo o que se lembra dos sonhos em um diário.

A aprendizagem começa quando o paciente conhece o fenômeno do sonho lúcido e prepara o terreno para o sonhador, sabendo que os sonhos dependem também de nossas expectativas.

A maioria dos pacientes apresentou uma melhora considerável na qualidade subjetiva de seus sonhos. Três pessoas inclusive disseram que, ao final do tratamento, nunca mais sofreram de pesadelos crônicos.

As melhoras puderam ser comprovadas através da medição da atividade física durante a noite, feita por um dispositivo do tamanho de um relógio que os candidatos usaram 24 horas por dia, e registrava a atividade cerebral no eletroencefalograma, segundo afirmou o especialista em medicina do sono Bernd Saletu.

A diretora do estudo, Brigitte Holzinger, discípula dos pioneiros Paul Tholey e Stephen LaBerge da Universidade de Stanford, observou que o método do sonho lúcido não apenas acaba com os pesadelos recorrentes mas, em alguns casos, chega a provocar uma sensação de euforia e liberdade jamais experimentadas.

Segundo ela, alguns artistas procuram o tratamento, pois a experiência onírica controlada vem se mostrando muito favorável para sua criatividade.

Para ajudar, os candidatos usam também um método de representação de situações angustiantes vividas durante o sonho em grupos terapêuticos, ou até mesmo em sessões particulares com o terapeuta.

A chefe do estudo mencionou diversos casos concretos nos quais as pessoas em questão conseguiram se livrar de pesadelos que as perseguiam rotineiramente. Uma mulher, por exemplo, ficou traumatizada desde que, ainda durante sua juventude, acordou à noite vendo um ladrão ao lado de sua cama.

A lembrança lhe causava pesadelos angustiantes, até que conseguiu tomar consciência de que havia ajudado sua família, pois conseguiu escapar para outro quarto e chamar a Polícia. Desta maneira, ela pôde solucionar positivamente os sonhos que a incomodavam.





Fonte: EFE

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