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Internacional
Quarta - 23 de Novembro de 2005 às 18:30

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A maioria dos ministérios alemães fez hoje a transferência de poderes aos ministros do novo Governo de coalizão entre conservadores e social-democratas, uma operação que ocorreu de forma bastante discreta, com a exceção da saída do quase mítico Joschka Fischer.

O ministro de Exteriores verde, uma das figuras mais populares e carismáticas da política alemã, cedeu hoje o comando da diplomacia alemã ao social-democrata Frank-Walter Steinmeier, que foi ministro da Chancelaria com Gerhard Schröder e assumiu o cargo prometendo continuidade, sobretudo em matéria de segurança.

Fischer confessou que estava triste ao deixar um cargo do qual se dedicou em tempo integral por sete anos.

A despedida do político foi muito pessoal e ele chegou a pedir desculpas. "Peço perdão a todos aos que pude ter causado algum dano, o que nem sempre foi intencional, e aos que tenham se sentido ignorados ou até feridos".

Apesar de Fischer ser muito popular e respeitado por seu brilho e por sua história de rebelde transformado em chefe da diplomacia, as pessoas ao seu redor conheciam outra faceta do ministro, que tem uma personalidade um pouco arrogante e que faltava a alguns compromissos.

De acordo com Fischer, o Ministério de Exteriores é o cargo mais belo da Alemanha. Para definir sua função, ele contou o que um dia tinha dito a uma menina de seis anos que o perguntara sobre o assunto: "cuidamos durante 365 dias (e 24 horas por dia) para que os alemães possam dormir tranqüilos".

Seu sucessor reconheceu que, com Fischer, "a forma como o exterior considera a Alemanha melhorou".

"Dentro do país, nos tornamos um pouco mais seguros de nós mesmos e mais abertos", acrescentou Steinmeier.

Segundo o novo ministro, a pasta continuará trabalhando por "uma cultura de política externa" também baseada no respeito ao meio ambiente e na ajuda ao desenvolvimento.

O novo ministro disse que a questão do Irã é uma das que precisará de mais atenção nos próximos meses, e acrescentou que haverá esforços para a obtenção, antes do fim do ano, de um acordo sobre o próximo plano de financiamento da UE. No entanto, ele não desmentiu as dúvidas quanto à possibilidade disso acontecer.

A Alemanha assumirá a Presidência da União Européia (UE) em 2007, o que já desperta "muitas expectativas", disse o novo ministro, que reiterou a vontade de Berlim de dar "novas perspectivas e impulso" à Constituição do bloco.

De acordo com Steinmeier, será desenvolvida uma relação baseada em "uma amizade confiável" com os EUA. O ministro recém-empossado ressaltou ainda a importância de colaborar com Washington no Afeganistão, no Oriente Médio e na Ásia Central.

"Apostamos em uma Europa forte, segura de si mesma e que seja um parceiro confiável para nossos amigos americanos", disse.

O novo ministro ressaltou ainda que o Ministério dos Exteriores contribuirá para "garantir a política de reformas" através de uma estratégia comercial que garanta bem-estar e emprego.

Hoje, nove dos 15 ministérios alemães realizaram a transferência de poderes. Amanhã, a transição se dará nas pastas da Agricultura e dos Transportes. Em outros três - Justiça, Cooperação e Saúde - as ministras social-democratas que fazem parte da coalizão continuam no cargo.

No Ministério das Finanças, o social-democrata Hans Eichel passou o comando a seu companheiro de partido, Peer Steinbrück, que reiterou que o próximo orçamento não poderá ter investimentos que superem o déficit, como pede a Constituição alemã.

Em entrevista à revista Stern, Steinbrück se queixou da propensão dos alemães ao lamento, e defendeu, em uma época de austeridade e cortes, os salários dos políticos. "Trabalhamos sete dias por semana e 13 ou 14 horas por dia", disse.

No Ministério da Economia, o social-democrata Wolfgang Clement passou o cargo a Michael Glos, da União Social-Cristã da Baviera (CSU), apresentando seu Ministério como "o motor das reformas".

O Ministério da Economia não será como na legislatura anterior, na qual também era responsável pelo Trabalho. Deste assunto, se encarregará Franz Müntefering, que será vice-chanceler social-democrata no Governo de coalizão dirigido pela democrata-cristão Angela Merkel.

Glos se declarou consciente de que seu Ministério "tem um papel-chave no esforço para adequar a economia à globalização".

No Ministério da Defesa, o novo ministro, o democrata-cristão Franz Josef Jung, foi recebido com honras militares. Seu antecessor se despedirá hoje à tarde com um desfile que será a cerimônia mais chamativa da transferência de poder.





Fonte: EFE

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