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Internacional
Quarta - 23 de Novembro de 2005 às 17:40

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A Grã-Bretanha advertiu as organizações de imprensa que estarão infringindo a lei se publicarem detalhes de um documento vazado que mostraria que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, quis bombardear a estação de TV Al Jazeera, de língua árabe.

A Secretaria da Justiça britânica advertiu os editores em uma nota, depois que o jornal Daily Mirror divulgou, na segunda-feira, que, segundo um memorando secreto do governo britânico, o primeiro-ministro Tony Blair convenceu Bush a não bombardear a rede de televisão em abril do ano passado.

Vários jornais britânicos divulgaram a nota da Secretaria da Justiça na terça-feira e repetiram as alegações do Mirror, que, segundo a Casa Branca, não mereciam uma resposta por serem "muito grotescas". O gabinete de Blair se recusou a comentar o caso.

A Al Jazeera, que negou repetidas vezes que esteja do lado dos insurgentes no Iraque, como acusam os EUA, pediu que Grã-Bretanha e Estados Unidos informem rapidamente se esse relato é preciso.

"Se a notícia for correta, será chocante e preocupante não apenas para a Al Jazeera, mas para todas as organizações de imprensa ao redor do mundo", disse uma nota divulgada pela estação, que tem sede no Qatar.

Também seria um choque para o Qatar, pequeno país do golfo Pérsico que cultiva boas relações com Washington.

O Mirror disse que o memorando teve origem no gabinete de Blair, na Downing Street de Londres, e apareceu em maio do ano passado no escritório de Tony Clarke, então parlamentar pela cidade de Northampton. Clarke devolveu o documento ao governo.

Leo O''Connor, que trabalhava para Clarke, e o funcionário público David Keogh foram indiciados na última quinta-feira, pela "divulgação danosa de um documento relativo a relações internacionais", alegadamente desrespeitando a lei de informações oficiais secretas da Grã-Bretanha.

Segundo o Mirror, Bush disse a Blair, durante a cúpula de 16 de abril do ano passado, na Casa Branca, que queria a Al Jazeera como alvo. A cúpula foi realizada quando as forças norte-americanas no Iraque lançavam uma grande ofensiva contra Fallujah, reduto dos insurgentes.

O papel citava um funcionário do governo, sem dar seu nome, para quem a ameaça de Bush fosse apenas uma piada, mas acrescentou que outra fonte não identificada disse que o presidente dos EUA falava sério.

O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que "não temos interesse em dar importância a algo tão bizarro e inconcebível com uma resposta".

A Secretaria britânica da Justiça disse que a publicação do conteúdo de um documento sabidamente obtido de forma ilegal é uma infração à lei dos segredos oficiais.

Kevin Maguire, editor-associado do Mirror, disse que fontes do governo britânico não deram indícios de que haveria algum problema legal com a notícia, ao serem contatadas antes de sua publicação.

"Estamos surpreendidos em sermos ameaçados, 24 horas depois, com a lei dos segredos oficiais e solicitados a dar várias garantias de forma a evitar sofrer proibição", disse ele à rádio BBC.

A Al Jazeera disse que, se verdadeira, essa história levanta dúvidas graves sobre a versão da Casa Branca a respeito de incidentes anteriores envolvendo jornalistas e escritórios da rede.

Em 2001, o escritório da rede em Cabul foi atingido por bombas norte-americanas, e em 2003 o repórter Tareq Ayyoub, da Al Jazeera, morreu num ataque dos EUA contra seu escritório em Bagdá. Os Estados Unidos negaram ter tido a rede como alvo deliberado.





Fonte: Reuters

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