Janene orientou assessor a buscar dinheiro para o PP, diz Corrêa

Brasília - O presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), disse hoje, em depoimento de mais três horas ao Conselho de Ética, no qual responde a processo por quebra de decoro parlamentar, que a direção de seu partido tinha conhecimento que o assessor da liderança do PP na Câmara, João Claudio Genu, fora encarregado de buscar recursos para pagar dívidas da legenda em 2003. Genu, segundo Corrêa, foi orientado pelo líder do partido na Casa, deputado José Janene (PP-PR).

Ao todo, segundo Corrêa, o PP recebeu R$ 700 mil e que o fornecedor dos recursos era o PT. "Eu não conheço pessoalmente, nem por telefone, o Marcos Valério, a Simone (Vasconcellos - diretora financeira da SMPB) e nem as outras pessoas (apontadas pelas CPIs como pagadoras dos recursos do valerioduto). Até onde sei, o dinheiro fora conseguido junto ao PT a partir do momento em que decidimos sair em busca de recursos para solucionar as contas", disse Corrêa.

O presidente do PP afirmou que foi Janene quem conseguiu viabilizar os R$ 700 mil junto ao ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. O valor, segundo ele, não entrou no partido, e sim foi diretamente para o pagamento dos honorários do advogado Paulo Goyaz, que cuida dos processos contra o deputado Ronivon Santiago (PP-AC). "Não tenho conta no BMG, nem no Rural. Não fiz caixa 2, nem cometi crime eleitoral ou penal", afirmou Corrêa diversas vezes durante o depoimento hoje.

Negando que o PP tenha recebido recursos para apoiar o governo em votações importantes no Congresso, Corrêa justificou que "inclusive esteve ausente" em diversas votações importantes na Câmara.

O presidente do PP afirmou ainda que os R$ 700 mil recebidos em três ocasiões diferentes - dois saques de R$ 300 mil no Banco Rural e um de R$ 100 mil diretamente das mãos de Simone Vasconcellos - não foram contabilizados pela sigla porque o PT prometera que o faria. Em seguida, será a vez de João Claudio Genu prestar depoimento no Conselho de Ética.