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Economia
Terça - 22 de Novembro de 2005 às 10:56

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O Banco Central poderia baixar os juros mais rapidamente e reduzi-los, por exemplo, em 0,75 ponto percentual na reunião que começa hoje. A maioria dos analistas diz acreditar haver espaço para a aceleração, mas, ao mesmo tempo, que é muito improvável que o Copom decida fazê-lo.

Como dizem os economistas, há "condições técnicas" para maior agressividade no processo de queda de juros, mas o BC já deixou claro que reduzirá a taxa de forma gradual. As condições técnicas: câmbio valorizado ajuda, o nível de atividade está fraco e não há sinais de problemas com a inflação. Mesmo com o repique visto em alguns índices, a avaliação é que ele se deve a pressões passageiras, que não contaminarão os preços daqui para a frente.

"Um país que tem economia se desacelerando e o real se valorizando é um país que pode acelerar a redução dos juros. São condições técnicas muito claras. Com essa queda de taxa de atividade econômica e com câmbio, a maioria dos BCs do mundo aceleraria a queda, eu estou com a maioria", diz Affonso Celso Pastore, da AC Pastore e Associados.

Pastore já defendeu em outros momentos uma atitude mais agressiva do BC, principalmente quando os indicadores de nível de atividade começaram a deixar claro que a economia patinou no terceiro trimestre. Ele não comenta nem faz projeções sobre a decisão, apenas ressalta que o BC já deu indicações de que vai continuar com sua política gradualista.

Gustavo Loyola, da Tendências, prevê uma queda de 0,5 ponto nos juros, mas, como parte importante dos analistas, diz que o BC poderia reduzi-lo um pouco mais. No entanto, diz ele, os sinais emitidos pela autoridade monetária até agora têm sido que manterá sua política de redução gradual da taxa básica. "O próprio perfil da atual diretoria é conservador", diz o sócio da Tendências. Ele não faz críticas à atuação do BC, apesar de dizer que avalia que o Copom pode ter ido um pouco longe demais no ciclo de altas. "As últimas duas podem ter sido desnecessárias."

Já Luis Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), apóia o gradualismo do BC. Diz, por exemplo, que o ruído causado pela turbulência política recomenda cautela. Apesar do cenário favorável para corte de juros, ele avalia que um corte de 0,5 ponto percentual está de bom tamanho. Troster critica a "miopia de alguns setores da economia", que pedem cortes mais agressivos na taxa de juros. "Não adianta fazer festa agora e depois amargar anos ruins em 2006, 2007."

Mário Mesquita, do ABN Amro, também espera queda de 0,5 ponto amanhã. Diz que é natural o BC ter cautela. "O BC é sempre uma instituição mais conservadora do que o resto da sociedade." A partir de dezembro, prevê ele, os juros devem começar a cair de forma mais rápida, até 0,75 ponto.

Pastore, Mesquita, Loyola e Troster participaram ontem, em São Paulo, do "Seminário Febraban de Economia", no qual também esteve o presidente do BC, Henrique Meirelles --que não comentou nem participou das discussões sobre indicadores.

Brincando, durante apresentação em que falava sobre a importância das instituições e do respeito a regras e leis para vitaminar o crescimento, disse que daria um exemplo. Afirmou que, como presidente do BC, não poderia opinar sobre conjuntura para não comprometer o processo de decisão e governança do Copom.





Fonte: 24 HorasNews

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