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Saúde
Terça - 22 de Novembro de 2005 às 07:36
Por: Natuza Nery

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O Brasil vai adotar um plano de redução na taxa de transmissão de HIV/Aids da gestante para o bebê, para chegar a menos de 1 por cento até 2008, afirmaram nesta segunda-feira fontes envolvidas na iniciativa.

Atualmente, segundo dados do Ministério da Saúde, essa taxa fica em torno de 2 por cento, e o número de contaminação por HIV da mãe para o bebê vem caindo — em 2003 foram registrados 471 casos, e até junho de 2004 foram 117.

A iniciativa, que também pretende eliminar a sífilis congênita, inclui ainda um trabalho de prevenção com 7 milhões de jovens e um plano de formação de agentes de saúde para testes rápidos de HIV/Aids.

Entre as ações do governo, que pretende priorizar crianças e jovens, também está o envio de medicamentos para a Aids a Bolívia, Cabo Verde, Guiné Bissau, Paraguai, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O anúncio está previsto para terça-feira.

O país já adota medidas para evitar a transmissão do vírus causador da Aids da gestante para o bebê, a chamada transmissão vertical, com o uso de medicamentos durante a gravidez ou no parto. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, em 2004 existiam 15 mil gestantes infectadas pelo HIV. E o número de grávidas com HIV que utilizaram medicamento anti-Aids chegou a 7.223 no ano passado, contra 6.661 em 2003.

Um relatório da Unaids (programa da ONU para HIV/Aids) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta segunda-feira, indicou que, sem medidas adequadas, cerca de 35 por cento de crianças nascidas de mães com HIV no mundo vão contrair o vírus.

CRÍTICAS À ABSTINÊNCIA

Durante apresentação nesta segunda-feira em Brasília do relatório, que elogiou o programa brasileiro, autoridades criticaram o incentivo que vem sendo dado principalmente nos Estados Unidos à abstinência sexual como forma de prevenção para a Aids.

Para o diretor do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) na América Latina e Caribe, Nils Kastberg, a medida é insuficiente para controlar a transmissão da doença. "É muito claro que só falando de abstinência não vamos conter a doença", afirmou.

O diretor do Programa Nacional de DST/Aids, Pedro Chequer, disse que as ações de prevenção devem envolver o uso de preservativos, em vez de apenas incentivar a abstinência.

"Abstinência não funciona nem mesmo para o clero católico. Não podemos impor uma proposta anticientífica que fere os instintos do próprio ser humano ... Política pública tem que ser obedecida através de uma realidade objetiva", disse Chequer, para quem o mundo vem sendo bombardeado com essa política.

Para Chequer, a estratégia mais efetiva de evitar o contágio por meio da relação sexual é investir na distribuição de preservativos. "Em relação à transmissão sexual, o Brasil tem uma política de acesso a preservativos como sendo a base da sua política de prevenção", disse Chequer durante apresentação do relatório no Brasil.

O programa brasileiro, considerado modelo entre países em desenvolvimento, é elogiado no documento, que ressalta a eficácia de medidas adotadas para reduzir a infecção entre usuários de drogas injetáveis no país. No Brasil estima-se que 600 mil pessoas vivem com HIV.

Segundo o relatório, o número de novas infecções chegou a quase 5 milhões este ano, e o número de pessoas vivendo com HIV no mundo chegou a 40,3 milhões, o maior nível registrado.





Fonte: Reuters

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