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Nacional
Terça - 22 de Novembro de 2005 às 07:16
Por: Paulo Maciel

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São Paulo - "Se o presidente fosse outro, o governo mudaria", afirmou o cientista político Bolívar Lamounier em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, referindo-se às denúncias de corrupção que envolvem o atual governo. Para ele, embora as instituições brasileiras hoje estejam mais robustas, o Brasil ainda apresenta problemas constitucionais latentes.

"A chamada alternância do poder não é tão fluente como parecia em 2002", disse o cientista político. Segundo Lamounier, o impeachment por causas de corrupção envolve a figura do crime de responsabilidade, que é em parte jurídica e em parte política. "Por um certo temor reverencial ao PT e ao Lula, os políticos simplesmente estão ignorando a parte jurídica."

Lamounier confessou ter sido pego de surpresa pela extensão das denúncias que envolvem o governo Lula e o Partido dos Trabalhadores. "Surpreendeu a mim e, acredito, à maioria das pessoas", salientou. "Embora eu já estivesse atento a algumas discussões sobre Santo André e Ribeirão Preto."

Lamounier disse também que não tinha grandes expectativas no governo, no aspecto administrativo. "Eu nunca fiz a avaliação de que o PT tinha grandes quadros técnicos em quantidade e eu nunca fiz a avaliação de que tinha um programa consistente."

Símbolo - O cientista político propõe que se deixe de reverenciar tanto o fato de o atual presidente ter uma origem humilde. "O Brasil é um país de imigrantes pobres. O Lula simboliza isso, mas ele não é o único", enfatizou. Lamounier acha que, embora o presidente Lula continue sendo forte eleitoralmente, está politicamente mais fraco depois das denúncias contra o seu governo.

"Já está em tempo de desmistificá-lo, inclusive para não se tornar ferramenta eleitoral novamente", sugeriu. Ele considera que alguns dos setores mais importantes da sociedade, como os empresários e a classe média, já não apóiam Lula como antes. "Ele não tem mais o encanto da novidade carismática."

Eleições - Para Lamounier, esse enfraquecimento político do presidente Lula deixa aberto o resultado da próxima eleição presidencial. "É muito cedo para fazer uma avaliação determinante", esquivou-se sobre as possibilidades do PT ou da oposição. Disse ainda que somente uma agenda clara de governo poderia empolgar o eleitor e também unir os partidos políticos numa frente coesa de sustentação de governo, seja em torno do candidato do PT ou da oposição.

"Vamos perceber a oportunidade. E a oportunidade é que a coisa zerou, ficou competitiva", frisou. E finalizou citando Rui Barbosa, adepto do debate franco e aberto: "O debate nunca terá sido tão aberto e fundo no Brasil".




Fonte: Agência Estado

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