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Internacional
Segunda - 21 de Novembro de 2005 às 19:50
Por: Ron Popeski

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O presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, prometeu na segunda-feira acabar com a decepção do público um ano depois da "Revolução Laranja" que o levou ao poder, além de ampliar suas conquistas econômicas e diplomáticas para vencer as eleições parlamentares do ano que vem.

Numa entrevista à Reuters, Yushchenko rebateu as especulações de que a redução de seus poderes, que deve entrar em vigor no início de 2006, prejudicarão seus planos de revitalizar a economia e aproximar o ex-Estado soviético do coração da Europa.

Ele disse que seus aliados vão reconquistar a confiança do público, destruída pela demissão da premiê Yulia Tymoshenko, e vencerão a eleição de março de 2006, para então criar uma nova coalizão governista. E prometeu àqueles que ficaram semanas acampados nas ruas de Kiev, para garantir que ele tomasse posse, que não os decepcionará.

"A vitória no Parlamento será nossa segunda", disse Yushchenko à Reuters. "Ainda temos tempo para aprender com o que aconteceu."

Uma grande multidão deve se reunir na praça da Independência, em Kiev, na terça-feira, para marcar o primeiro aniversário das manifestações que levaram à anulação do segundo turno das eleições presidenciais, em que Yushchenko havia sido derrotado.

Yushchenko ganhou a reedição do pleito e assumiu o cargo em janeiro, prometendo uma maior aproximação com o Ocidente, com vistas a reunir-se à União Européia e à Otan.

Mas meses de disputas internas, principalmente sobre a privatização e sobre o controle estatal da economia, fizeram com que o presidente demitisse Tymoshenko, que fora sua aliada durante os protestos, e seu gabinete.

A decisão contrariou o público, e as pesquisas de opinião mostram o partido do ex-premiê Viktor Yanukovich, adversário de Yushchenko na eleição presidencial, à frente nas intenções de voto.

"Em primeiro lugar é preciso dizer que só a força política que está no poder estará em posição de compor uma maioria (no Parlamento)", disse Yushchenko, referindo-se a seu próprio partido.

"Os próximos quatro ou cinco meses podem ser usados para estabelecer um diálogo adequado com o povo, para apresentar nossas opiniões sobre nossas metas e nossas conquistas, para obter a maioria."

"Será de extrema importância manter negociações com aqueles que claramente serão os grupos do futuro Parlamento." Ele afirmou que não haverá uma indicação antecipada para o cargo de premiê, como aconteceu com Tymoshenko. "Já erramos uma vez", disse ele.

Para ele, a Ucrânia já deu grandes passos na direção da Europa. A UE está prestes a reconhecer o país como uma economia de mercado, e ele prometeu que tentará negociações de última hora para incluir a Ucrânia ainda este ano na Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Estou totalmente otimista com o que foi feito em dez meses deste ano para integrar a Ucrânia à UE", disse ele. "É muito mais do que o que se fez nos últimos dez anos."

Segundo Yushchenko, o período em que esteve no cargo está "longe de ser o pior" da história da Ucrânia. A economia, embora tenha tido o menor crescimento em cinco anos, deve crescer 4,5 por cento em 2005.

Não há motivo para a decepção, afirmou ele, já que sua administração elevou o padrão de vida, manteve as reformas democráticas, reformulou a economia e combateu a questão da corrupção.

"Não acho que as pessoas ficarão decepcionadas com o fato de que os salários (do setor público) tenham aumentado até 57 por cento e que a renda real tenha se elevado em até 24 por cento", afirmou.

"Quero entender por que houve decepção. No relacionamento entre determinadas personalidades? Porque alguns problemas poderiam ter sido solucionados seis meses depois da vitória, mas o governo não conseguiu? Não há nenhuma tragédia nisso. Vamos compensar."

(Reportagem adicional de Olena Horodetska e Pavel Polityuk)





Fonte: Reuters

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