Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 21 de Novembro de 2005 às 16:55

    Imprimir


O semiclandestino grupo dos Irmãos Muçulmanos se confirmou como a segunda força política do Egito e como adversário direto do partido do presidente Hosni Mubarak, após um novo avanço de seus candidatos nas eleições parlamentares do país.

De acordo com o número dois da organização, Mohammed Habib, os candidatos dos Irmãos obtiveram 13 das 144 cadeiras disputadas na segunda rodada das eleições parlamentares, realizada neste domingo.

No entanto, os números oficiais apontam que o grupo - que apresenta seus candidatos como "independentes" - só conquistou oito cadeiras.

Trinta e oito candidatos do grupo, que se apresentam como independentes, "participarão do segundo turno, e apresentaremos 49 aspirantes na terceira fase eleitoral", explicou Habib.

Embora sejam confirmadas apenas oito cadeiras, o grupo já tem garantidos 42 assentos, e deve triplicar ou quadruplicar o número de 17 cadeiras que atualmente tem na Câmara egípcia.

A terceira rodada eleitoral, que completará o quadro das 454 cadeiras, acontecerá no dia 1º de dezembro. No entanto, o Partido Nacional Democrático (PND) do presidente Mubarak continua com a maior parte das cadeiras, já que conseguiu 67 assentos só no primeiro turno, aos quais se espera que se juntem muitos "independentes" satélites do PND.

No entanto, o avanço dos Irmãos, um grupo muçulmano moderado criado em 1928 e ilegalizado 28 anos depois, "surpreendeu o PND", que controla o poder há mais de 25 anos, afirmou Habib.

O representante dos Irmãos Muçulmanos denunciou novamente a detenção de dezenas de seguidores em várias das nove províncias nas quais aconteceu a segunda rodada eleitoral.

Ele também rejeitou as acusações das forças de segurança de que os seguidores do grupo estão por trás dos incidentes violentos registrados em províncias como Alexandria e Ismailiya.

"Estas acusações são totalmente infundadas. Tentamos manter a calma porque a violência não serve para nós", disse Habib, que acusou os seguidores do PND de estarem por trás das ações de violência.

"O resultado que conseguimos é satisfatório e nos interessa que as eleições, com suas três fases, aconteçam em um clima de tranqüilidade", disse.

Com a exceção de dez deputados, que são designados diretamente pelo presidente, as 444 cadeiras são escolhidas em três rodadas diferentes - com seus respectivos segundos turnos entre os dois candidatos melhor colocados - para possibilitar o controle judicial em todos os colégios eleitorais. A primeira rodada aconteceu em 9 de novembro, a segunda foi ontem e a terceira será em dezembro.

Os Irmãos Muçulmanos convivem com uma semitolerância que os permite realizar certas atividades apesar de seu status de ilegal.

Seus candidatos não podem se apresentar sob a legenda do grupo, porque os partidos de caráter religioso estão divididos, mas não se privam de usar os slogans típicos da Irmandade.

Segundo alguns analistas, este inédito avanço parlamentar dos Irmãos Muçulmanos teria o "sinal verde" de alguns países ocidentais, e concretamente dos Estados Unidos, que querem integrar no sistema os muçulmanos "moderados" com o objetivo de isolar os mais radicais e que tendem à violência.





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/334637/visualizar/