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Internacional
Segunda - 21 de Novembro de 2005 às 07:32

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A renúncia apresentada pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, ao presidente do Estado, Moshé Katsav, pôs fim hoje à crise de Governo deflagrada por seus associados trabalhistas, e abriu caminho para a antecipação das eleições legislativas em março.

Sharon, que ficará à frente de um Governo de transição após a convocação, comunicou esta manhã a Katsav que ficou em minoria no Parlamento (Knesset), e o presidente aconselhou a antecipação das eleições nacionais "para o mais rápido possível".

O presidente, segundo a Lei Eleitoral, tem 21 dias para consultar as formações representadas no atual 16º período legislativo e explorar a possibilidade de que algum dos 120 deputados do Parlamento tenha capacidade de formar, apoiado por uma maioria simples de 61, uma nova coalizão de Governo.

Caso fracasse a gestão de Katsav, a população terá de ser convocada às urnas, e as eleições serão realizadas num prazo de 90 dias. As datas cogitadas hoje eram 8 de março, segundo a rádio das Forças Armadas, Galei Tzahal, ou 28, segundo definiram no domingo representantes do Partido Trabalhista e do Likud.

A inesperada vitória de Amir Peretz, secretário da Confederação de Trabalhadores (Histadrut), de 53 anos, e a cisão do Likud devido ao afastamento de Sharon após 32 anos de militância no bloco, do qual é um dos fundadores, foram os principais eventos políticos do ano em Israel, junto com a traumática retirada do território palestino de Gaza.

A crise de Governo começou a se incubar há 12 dias, quando, após a vitória do sindicalista Peretz contra o veterano trabalhista Shimon Peres em eleições internas, o vencedor pressionou imediatamente Sharon a antecipar as eleições.

Peretz o fez advertindo que já tinha consigo as cartas de renúncia dos oito ministros e três vice-ministros do Partido Trabalhista que, em janeiro, a fim de apoiá-lo para levar adiante a desocupação do território de Gaza e do norte da Cisjordânia, entraram na coalizão com o Likud de Sharon.

O primeiro-ministro, informavam hoje fontes ligadas ele, chamará seu novo partido de "Responsabilidade Nacional" (Aharaiut Leumi), de cuja plataforma informará hoje em entrevista coletiva.

A decisão de Sharon despertou reações azedas entre seus agora ex-correligionários do Likud, e surpresa em círculos da Autoridade Nacional Palestina (ANP), dirigida por Mahmoud Abbas.

Os dirigentes palestinos supunham que Sharon não deixaria o Likud para formar um novo partido, entre outros motivos, justamente para avançar rumo à paz com o Mapa de Caminho, o plano da comunidade internacional, sem esbarrar, como este ano por causa da evacuação de Gaza, nos adversários que tinha no Likud.

Um dos sete candidatos com mais possibilidades de substituir Sharon no comando do Likud é o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que deixou em agosto a pasta de Finanças por causa do plano de desligamento da Faixa de Gaza, levado adiante pelo premier apesar de uma grande oposição interna e da resistência dos colonos.

"A decisão de hoje de Sharon (de deixar o Likud) coincide com a de erradicar os (colonos) judeus de Samaria (Cisjordânia) e de Gaza", disse o deputado Ehud Yatom. "O homem que fundou o Likud o desintegra agora como fez com os assentamentos que ordenou desmantelar", acrescentou.

Por sua vez, o deputado de direita Efi Eitan afirmou que "a cisão do Likud é o preço que o partido deve pagar pela traição de Sharon a seus ideais".

O ministro sem pasta Tsahi Hanegbi, secretário do bloco - que pode radicalizar-se no futuro aliando-se a partidos da direita nacionalista na oposição - convocou hoje os membros do Comitê Central a fim de marcar na quinta-feira próxima a data de eleições internas para escolher o sucessor de Ariel Sharon.

Para o líder da frente pacifista Yahad-Meretz e pai da Iniciativa de Genebra, Yossi Beilin, a renúncia é uma "verdadeira oportunidade" para a paz. "É uma grande vitória para os que apóiam a divisão desta terra", disse Beilin em declarações à rádio pública israelense.

E acrescentou: "É uma verdadeira oportunidade para uma coalizão liderada pelo campo pacifista, incluindo membros do Likud que compreenderam que, após 38 anos, defraudaram a nação e a eles próprios." Alguns analistas "não viam muitas diferenças" entre o ideário de Sharon, desvencilhado dos "rebeldes" do Likud, e o de quem, muito provavelmente, será seu principal adversário nas próximas eleições legislativas, o trabalhista Amir Peretz.





Fonte: EFE

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