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Internacional
Domingo - 20 de Novembro de 2005 às 22:48

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Os balanços e a discussão sobre o que fica da "era Schröder" marcam boa parte do debate político alemã, dois dias antes de o Bundestag eleger Angela Merkel chanceler da Alemanha.

O presidente alemão, Horst Köhler, em sua mensagem de despedida, elogiou a coragem com que Gerhard Schröder impulsionou e defendeu as reformas da "Agenda 2010".

Köhler, de origem democrata-cristã e que derrotou a candidata de Schröder, Gesine Schwann, ressaltou as mudanças em política externa, começando pela responsabilidade que a Alemanha assumiu na guerra de Kosovo.

O primeiro-ministro da Baixa Saxônia, o democrata-cristão Christian Wulff, que antes de chegar ao cargo perdeu duas eleições regionais para Schröder nesse Bundesländer (estado), o classificou como um "chanceler de transição" que representa "a experiência fracassada da coalizão vermelho-verde".

Curiosamente, quem defendeu Schröder das críticas de Wulff foi seu opositor, o popular jornal Bild.

"Schröder, mais do que um chanceler de transição" é a manchete de seu editorial de hoje.

A única justificativa, que permitiria chamar Schröder de chanceler de transição, segundo Bild, é que seus Governos representam uma mudança do estilo de fazer política na Alemanha.

O estilo "antes de Schröder" era, segundo o jornal, o de se esquivar dos problemas e gastar dinheiro que não havia nos cofres públicos, enquanto que o imposto pelo chanceler foi o de "reconhecer a realidade de que os cofres públicos estão vazios".

"Bastam duas palavras. Kosovo e reformas. Schröder fez e teve que fazer muitas coisas que ninguém tinha feito ou teve que fazer antes", afirma o jornal Der Tagesspiegel na sua edição de hoje.

"O país mudou, embora ninguém tenha achado que isso pudesse ser feito", acrescenta.

O Frankfurter Allgemeine, outro jornal que não está entre os aliados de Schröder, sustenta em seu editorial que o chanceler, além de iniciar um processo de reformas sem precedentes, transformou o Partido Social-Democrata (SPD) e o livrou do lastro ideológico.

Em outras palavras, e estabelecendo uma semelhança entre o que ocorreu a partir dos anos 80 no Reino Unido, pode-se dizer que Schröder teve que assumir um papel híbrido e ser para a Alemanha o que Margareth Thatcher foi para seu país, mas em uma versão mais relaxada, e foi para o SPD o que representou Tony Blair para o Partido Trabalhista.

Quanto ao papel do Governo de Schröder na política externa, o analista Manfred Bissinger, fundador e diretor durante muitos anos da desaparecida revista Die Woche, destacou como nos últimos sete anos a Alemanha deixou de ser vista no mundo como um simples apêndice dos aliados ocidentais.

A mudança de perspectiva tem a ver tanto com a participação em missões militares, como no Kosovo e Afeganistão, e a rejeição à guerra do Iraque, atrevimento que nenhum Governo alemão havia se permitido desde o pós-guerra ao assumir uma posição contrária a dos EUA.

O próprio Schröder, no que qualificou seu último discurso público, declarou que confia que sob o Governo de Merkel haverá continuidade nas reformas econômicas e sociais, assim como na política externa.

O SPD, que graças ao incrível trabalho de Schröder no que provavelmente foi sua última campanha eleitoral, não terá que acompanhar esse processo como oposição mas como membro da coalizão do Governo, o que ninguém achava possível antes das eleições de 18 de setembro.





Fonte: EFE

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