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Internacional
Domingo - 20 de Novembro de 2005 às 13:44

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A descoberta da cepa H5N1 do vírus da gripe aviária em dois patos silvestres foi minimizado pelas autoridades canadenses, que temem as conseqüências econômicas negativas do anúncio.

"Quero destacar que a variante H5N1 detectada na província de Manitoba é completamente diferente da cepa atualmente presente na Ásia", declarou o médico Brian Evans, chefe veterinário da Agência Canadense de Inspeção Alimentar (CFIA) durante a entrevista coletiva concedida para anunciar a descoberta do vírus.

O vírus foi encontrado em dois patos silvestres do centro do Canadá, na primeira vez que esta cepa foi detectada no país.

Além disso, duas aves de Québec tiveram resultados positivos para o vírus H5N3,m e outros animais na província de Columbia Britânica têm os vírus H5N9 e H5N2.

Nos últimos dias, as autoridades canadenses prepararam a opinião pública ao anunciar que tinham sido detectadas aves com o vírus H5 da gripe aviária no país sem identificar sua variante.

Em 31 de outubro, os responsáveis pela CFIA anunciaram que 33 patos silvestres capturados nas províncias de Manitoba e Québec tinham tido resultados positivos para o vírus H5 da gripe aviária, embora o porta-voz da agência, Jim Clark, afirmasse que não se conhecia o tipo na época.

Um dia depois, em 1 de novembro, a Columbia Britânica confirmou que 174 patos silvestres da província carregavam o vírus H5.

Então, a CFIA se esforçou para minimizar a importância da descoberta ao destacar que as aves infectadas com o vírus não mostravam sinais de estar doentes e que "não era estranho" encontrar esse tipo de vírus em aves não domésticas.

Finalmente, na sexta-feira, as autoridades canadenses tiveram que colocar uma granja em quarentena depois que foi detectado um pato doméstico infectado com o vírus H5.

Embora este caso tenha se dado em uma ave de exploração comercial e não silvestre como nos casos anteriores, a CFIA quis reduzir a gravidade da descoberta, ressaltando que a ave infectada não mostrava sinais da doença.

Agora, com a confirmação de que pelo menos várias aves de Columbia Britânica são portadoras do vírus H5N1 -o mesmo que causou o surto de gripe aviária na Ásia e que é responsável pela morte de 63 pessoas- as autoridades canadenses se viram forçadas a insistir nas diferenças genéticas para evitar comparações.

Evans explicou as diferenças entre a variante H5N1 asiática que despertou grandes preocupações no mundo todo por sua potencial periculosidade para a saúde humana e a achada no Canadá porque, "de uma perspectiva genética, há diferenças significantes em sua estrutura".

Segundo a CFIA, o H5N1 detectado na América do Norte é menos virulento do que o variante asiática e que este mesmo vírus ja foi detectado no estado de Michigan (EUA) em 2002 em explorações avícolas comerciais.

As ressalvas da CFIA têm claramente um objetivo comercial.

O próprio Evans reconheceu isso de forma implícita quando disse que, dadas as diferenças entre a gripe aviária americana e a asiática, não há razões científicas para que os produtos avícolas canadenses sejam rechaçados pelos consumidores do país ou de outras nações.

O setor agrícola canadense ainda está se recuperando dos efeitos negativos do medo do público ante a segurança de produtos alimentares.

Em 2004, 17 milhões de aves de Columbia Britânica tiveram que ser sacrificadas para conter um foco de gripe aviária provocado pela cepa H6 do vírus, uma das mais benignas da doença.

Apesar disso, as perdas ocasionadas pelo sacrifício em massa e a queda do consumo de frango no país foram significativas para o setor nessa província.

Mais devastador foram os efeitos da detecção de três casos do chamado mal da vaca louca no país em de maio de 2003.

Após a descoberta inicial, as autoridades de vários países -incluindo os Estados Unidos- fecharam suas fronteiras aos produtos bovinos canadenses, o que causou prejuízos aos produtores avaliados em bilhões de dólares.





Fonte: EFE

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