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Internacional
Sábado - 19 de Novembro de 2005 às 20:04

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Caso os países latino-americanos não se unam a um bloco mundial nos próximos dois anos se arriscam a ficar fora do jogo, advertiu hoje o jornalista argentino Andrés Oppenheimer, na apresentação de seu novo livro, "Contos Chineses".

De acordo com o autor, um dos jornalistas latino-americanos mais publicados, a região deve se esforçar para participar de algum dos três blocos que marcarão o século XXI: Ásia, que se consolidará em 2007 com o acordo entre China e dez países do sudeste asiático, Europa e América do Norte e América Central.

Segundo Oppenheimer, "para se integrar com vantagem nesse cenário, a América Latina necessita de um acordo supranacional, com ou sem os EUA, que dê segurança aos investidores locais e estrangeiros".

Acrescentou que a região necessita investir em educação, ciência e tecnologia para enfrentar a crescente competitividade que caracteriza esse século.

"Na América Latina estamos obcecados com o debate do livre comércio esquecendo a competitividade, que é chave. Porque, de que nos serve assinar acordos com a China ou EUA, se não temos mão-de-obra qualificada nem empresas capazes de gerar artigos capazes de competir em qualquer mercado?", perguntou.

O jornalista acha a realidade atual latino-americana pouco encorajadora, mas tem uma visão otimista do futuro com base, principalmente, em dois fatores: capacidade de mudança rápida e exemplos de "maturidade política".

"Acho que na América Latina pode perfeitamente seguir o exemplo irlandês, que era um país que tinha o estereótipo de ser território de artistas, jogadores e festeiros, e em doze anos passou de um dos países mais pobres da Europa a um dos mais ricos", afirmou.

O autor ressaltou que não crê "em determinismos, como os que estão em voga em algumas universidades dos EUA, segundo as quais os latino-americanos estão biologicamente condenados ao fracasso, nem em análises, como as da CIA e da União Européia que prevêem que a América Latina será irrelevante em 2020".

Para Oppenheimer, países como Brasil e Chile demonstram que entenderam que atualmente existem duas classes de países: os que captam capitais, independente de serem comunistas como China ou conservadores como a Irlanda, e os que espantam.

Brasil e Chile dão, segundo o autor, excelentes sinais de que na América Latina há estabilidade e uma "esquerda responsável", que entendeu que "os conceitos de esquerda e direita são do século XIX".

Os dois países entendem que "o importante para reduzir a pobreza é atrair capitais produtivos, tal como fazem dos comunistas chineses aos conservadores alemães" afirmou Oppenheimer.

"Contos chineses", tem 350 páginas e está à venda há uma semana dos EUA à Argentina, onde já figura entre os mais vendidos, é fruto de cinco anos de pesquisa, entrevistas e viagens do autor pela China, Irlanda, Espanha, Polônia e República Tcheca, entre outros países.

Oppenheimer apresentará sua obra amanhã, no fechamento da XXII Feira Internacional do livro de Miami, um dos principais eventos literários dos EUA, da qual participam cerca de 300 autores.

A lista de livros do jornalista argentino, que já foi agraciado o Prêmio Pulitzer (1987) e com o Prêmio Ibero-americano de Jornalismo Rei da Espanha (2001), inclui "A hora final de Castro"; "México: na fronteira do caos"; "Crônicas de heróis e bandidos", e "Olhos vendados. Estados Unidos e o negócio da corrupção na América Latina".





Fonte: EFE

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