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Filmes e seriados migram da TV para o cinema
Filmes de cinema e seriados de tevê vivem das mesmas substâncias: bons personagens e boas histórias. Essa aparente semelhança torna comum ocorrer de um filme de sucesso virar seriado ou um seriado de grande audiência acabar numa sala de projeção.
Apesar de se alimentarem dos mesmos elementos, tevê e cinema nem sempre falam a mesma língua. E o que dá certo em um formato pode muito bem dar falhar no outro. Por isso, antes de partir para o trabalho - adaptação de roteiro, mudança no estilo da direção e outros fatores -, é preciso analisar muito bem o produto e responder a uma questão fundamental: vai dar dinheiro? "É preciso oferecer um novo produto capaz de tirar o espectador de casa e ainda pagar por algo que ele já tem de graça na tevê", admite José Alvarenga Jr., diretor do seriado e do filme Os Normais.
Nessa transposição entre cinema e tevê, os critérios comerciais não são os únicos. Há ainda os aspectos artísticos que envolvem uma produção. Não basta ser bem-sucedido numa mídia para se dar bem na outra. Para o diretor Cao Hamburger, que levou o seu Castelo Rá-Tim-Bum da telinha para a tela grande, cada caso é um caso. "Não há uma regra. Um passado de sucesso é importante para se apostar, mas tem de haver bons elementos de dramaturgia na obra", pondera. A diferença de linguagem costuma ser a maior dor de cabeça para quem se aventura numa dessas adaptações.
Um caso à parte nesse flerte entre cinema e tevê é o seriado Cidade dos Homens. A produção teve sua gênese no especial de tevê Palace II, que por sua vez originou o longa Cidade de Deus, depois retornou para a tevê como Cidade dos Homens e, no ano que vem, volta ao cinema mantendo o nome.
De acordo com Paulo Morelli, que dirigiu alguns episódios da série e será o diretor do longa, essa comunicação entre os veículos facilitou a volta à telona. "A idéia foi levar a linguagem do cinema à tevê. Agora, na volta ao cinema, manteremos a mesma linguagem", confirma.
As tais diferenças estilísticas começam já na adaptação do roteiro. As produções de tevê exigem um ritmo mais acelerado, tanto no texto quanto na edição. Já o cinema pede um ritmo mais lento. A televisão, por outro lado, pode entrelaçar várias tramas paralelas enquanto o cinema precisa fazer foco em uma única história. É o caso do projeto de levar para o cinema o episódio A Chave do Tamanho, do Sítio do Pica-pau Amarelo, nunca antes produzido na tevê.
Para Cininha de Paula, diretora do infantil, em um caso como esse a abordagem tem de ser outra. "O cinema é mais ação do que palavra, enquanto que a tevê é um teatro encenado para a câmara", considera.
Com o roteiro devidamente enquadrado, também a direção da obra passa a ser pensada de uma maneira diferente. Para adaptar um seriado para o cinema, é necessário mais do que um episódio com duração de longa-metragem. É preciso ainda ganhar profundidade dramática, acabamento mais bem cuidado e um toque autoral. A diretora Mara Mourão, por exemplo, está começando a transformar em seriado, para ir ao ar em 2006, o filme Avassaladoras, que ela mesma dirigiu em 2002. Para ela, são direções com visões muito distintas. "No cinema as coisas são mais lentas, os planos podem ser mais abertos. Na tevê eu penso em planos mais fechados", exemplifica.
Apesar das diferenças, os responsáveis por uma adaptação têm de diagnosticar os pontos que poderão criar uma identificação entre as duas linguagens. Mais do que essa percepção, entretanto, é saber o quanto considerar da referência original e o quanto se desprender. Para César Rodrigues, diretor do seriado Menino Maluquinho, com estréia prevista para o fim do ano, a fidelidade à essência da obra é tão importante quanto a liberdade autoral. "A gente tem de entender aquilo que foi proposto pela obra, até questionar algumas coisas, mas nunca abrir mão da liberdade de criar", acredita.
A receita do sucesso Mesmo um produto bem-sucedido na tevê pode se transformar em fracasso no cinema - e vice-versa. Ainda assim, partir de uma produção que foi sucesso é sempre mais animador que uma aposta no escuro. "Os parceiros comerciais percebem que podem ter bom faturamento também no cinema", acredita o diretor José Alvarenga Jr.
O diretor do filme Cidade de Deus e sócio da produtora O2 Filmes, Fernando Meirelles, reconhece que, mesmo com toda a importância dos aspectos artísticos, só levará a série para o cinema graças a algumas garantias. "O filme já tem algumas vendas internacionais, conseguidas graças ao sucesso da série fora do Brasil", garante.
No caminho inverso de Cidade dos Homens, o filme Avassaladoras está sendo levado para a tevê somente porque seus idealizadores acreditam que a história tem potencial para ser destrinchada em um seriado. Segundo a diretora Mara Mourão, um argumento que prevê quatro mulheres querendo encontrar os homens de suas vidas é assunto fértil. "Dá pano para manga. São mulheres diferentes, com necessidades diferentes e muitas questões a serem abordadas", confia.
A necessidade de calcular o risco de uma adaptação pode evitar não apenas uma mancha no currículo dos profissionais envolvidos como grandes prejuízos financeiros. Para José Alvarenga Jr, não basta mostrar no cinema o que o público já vê pela tevê. "Você tem de levar algo da série para o cinema para o público se identificar, mas tem que oferecer algo mais", ensina.
Apesar de se alimentarem dos mesmos elementos, tevê e cinema nem sempre falam a mesma língua. E o que dá certo em um formato pode muito bem dar falhar no outro. Por isso, antes de partir para o trabalho - adaptação de roteiro, mudança no estilo da direção e outros fatores -, é preciso analisar muito bem o produto e responder a uma questão fundamental: vai dar dinheiro? "É preciso oferecer um novo produto capaz de tirar o espectador de casa e ainda pagar por algo que ele já tem de graça na tevê", admite José Alvarenga Jr., diretor do seriado e do filme Os Normais.
Nessa transposição entre cinema e tevê, os critérios comerciais não são os únicos. Há ainda os aspectos artísticos que envolvem uma produção. Não basta ser bem-sucedido numa mídia para se dar bem na outra. Para o diretor Cao Hamburger, que levou o seu Castelo Rá-Tim-Bum da telinha para a tela grande, cada caso é um caso. "Não há uma regra. Um passado de sucesso é importante para se apostar, mas tem de haver bons elementos de dramaturgia na obra", pondera. A diferença de linguagem costuma ser a maior dor de cabeça para quem se aventura numa dessas adaptações.
Um caso à parte nesse flerte entre cinema e tevê é o seriado Cidade dos Homens. A produção teve sua gênese no especial de tevê Palace II, que por sua vez originou o longa Cidade de Deus, depois retornou para a tevê como Cidade dos Homens e, no ano que vem, volta ao cinema mantendo o nome.
De acordo com Paulo Morelli, que dirigiu alguns episódios da série e será o diretor do longa, essa comunicação entre os veículos facilitou a volta à telona. "A idéia foi levar a linguagem do cinema à tevê. Agora, na volta ao cinema, manteremos a mesma linguagem", confirma.
As tais diferenças estilísticas começam já na adaptação do roteiro. As produções de tevê exigem um ritmo mais acelerado, tanto no texto quanto na edição. Já o cinema pede um ritmo mais lento. A televisão, por outro lado, pode entrelaçar várias tramas paralelas enquanto o cinema precisa fazer foco em uma única história. É o caso do projeto de levar para o cinema o episódio A Chave do Tamanho, do Sítio do Pica-pau Amarelo, nunca antes produzido na tevê.
Para Cininha de Paula, diretora do infantil, em um caso como esse a abordagem tem de ser outra. "O cinema é mais ação do que palavra, enquanto que a tevê é um teatro encenado para a câmara", considera.
Com o roteiro devidamente enquadrado, também a direção da obra passa a ser pensada de uma maneira diferente. Para adaptar um seriado para o cinema, é necessário mais do que um episódio com duração de longa-metragem. É preciso ainda ganhar profundidade dramática, acabamento mais bem cuidado e um toque autoral. A diretora Mara Mourão, por exemplo, está começando a transformar em seriado, para ir ao ar em 2006, o filme Avassaladoras, que ela mesma dirigiu em 2002. Para ela, são direções com visões muito distintas. "No cinema as coisas são mais lentas, os planos podem ser mais abertos. Na tevê eu penso em planos mais fechados", exemplifica.
Apesar das diferenças, os responsáveis por uma adaptação têm de diagnosticar os pontos que poderão criar uma identificação entre as duas linguagens. Mais do que essa percepção, entretanto, é saber o quanto considerar da referência original e o quanto se desprender. Para César Rodrigues, diretor do seriado Menino Maluquinho, com estréia prevista para o fim do ano, a fidelidade à essência da obra é tão importante quanto a liberdade autoral. "A gente tem de entender aquilo que foi proposto pela obra, até questionar algumas coisas, mas nunca abrir mão da liberdade de criar", acredita.
A receita do sucesso Mesmo um produto bem-sucedido na tevê pode se transformar em fracasso no cinema - e vice-versa. Ainda assim, partir de uma produção que foi sucesso é sempre mais animador que uma aposta no escuro. "Os parceiros comerciais percebem que podem ter bom faturamento também no cinema", acredita o diretor José Alvarenga Jr.
O diretor do filme Cidade de Deus e sócio da produtora O2 Filmes, Fernando Meirelles, reconhece que, mesmo com toda a importância dos aspectos artísticos, só levará a série para o cinema graças a algumas garantias. "O filme já tem algumas vendas internacionais, conseguidas graças ao sucesso da série fora do Brasil", garante.
No caminho inverso de Cidade dos Homens, o filme Avassaladoras está sendo levado para a tevê somente porque seus idealizadores acreditam que a história tem potencial para ser destrinchada em um seriado. Segundo a diretora Mara Mourão, um argumento que prevê quatro mulheres querendo encontrar os homens de suas vidas é assunto fértil. "Dá pano para manga. São mulheres diferentes, com necessidades diferentes e muitas questões a serem abordadas", confia.
A necessidade de calcular o risco de uma adaptação pode evitar não apenas uma mancha no currículo dos profissionais envolvidos como grandes prejuízos financeiros. Para José Alvarenga Jr, não basta mostrar no cinema o que o público já vê pela tevê. "Você tem de levar algo da série para o cinema para o público se identificar, mas tem que oferecer algo mais", ensina.
Fonte:
TV Press!
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/334971/visualizar/
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