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Agronegócios
Sábado - 19 de Novembro de 2005 às 13:28
Por: Ana Conceição

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Nova York, 18 - As empresas que gerenciam os armazéns certificados de café localizados em Nova Orleans querem a liberação dos grãos estocados nesses locais. As instalações foram danificadas pelo furacão Katrina, em agosto, e por isso foram interditadas pela New York Board Of Trade (Nybot).

As companhias reclamam do rigor da instituição na avaliação das condições dos armazéns. Os proprietários de alguns deles dizem que as instalações foram reparadas e que o café já pode ser entregue aos compradores.

Quando o furacão atingiu a cidade havia 734.457 sacas estocadas em treze armazéns da Dupuy Storage & Forwarding, da Port Cargo Services, e da S. Jackson & Son.

"Não vejo problemas com o café de nossos armazéns e já entregamos o produto a cerca de 60 torrefadoras", revela Kevin Kelly, presidente da Port Cargo Services. "Enviamos amostras do café às empresas interessadas, que decidiram ficar com o produto".

"A Nybot tem sido cautelosa demais em suas inspeções", critica Kelly. "Qualquer café que tenha sido atingido pelas enchentes de agosto foi destruído. O grão que estava nos armazéns que tiveram apenas o teto danificado foi recondicionado. Os inspetores da FDA fizeram uma avaliação aqui e voltaram depois que os chamamos para dizer que o produto tinha sido recondicionado", afirmou, referindo-se à agência que regulamenta o setor de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos. O recondicionamento envolve a limpeza e a secagem dos grãos.

"Ainda estamos sem 35% de nossa mão-de-obra por conta da falta de casas na cidade para morar e da interdição de algumas áreas pela defesa civil, mas a indústria de café de Nova Orleans está de volta com força. A Folgers (subsidiária da Procter & Gamble) já está trabalhando na capacidade máxima", afirmou Kelly.

Recentemente, inspetores da Nybot retiraram amostras de 10% dos grãos mantidos nos armazéns certificados. Das 228 amostras, 17,5% tinham odores estranhos ao café e 6% apresentaram mofo.

Os inspetores disseram que não há relação entre a idade dos grãos amostrados e o resultado dos testes. Eles também negaram a relação entre resultados e os lugares de onde os grãos estavam estocados nos armazéns.

Com tais resultados, o comitê de café da Nybot decidiu não permitir que os grãos estocados em Nova Orleans sejam entregues nos contratos negociados na instituição, que continuará a avaliar a situação das instalações locais.

"A bolsa está sendo conservadora, prudente", disse Henry Hastak, vice-presidente da Westfeldt Brothers Inc., uma empresa de importação de café de Nova Orleans. "Eles não querem ter pressa nas inspeções, depois olhar para trás e dizer que esqueceram algo. O processo leva tempo", afirmou. Mesmo com a liberação dos armazéns, a falta de pessoal impede o funcionamento dos escritórios. "Não podemos receber nem entregar café para nossos clientes", afirmou. A Westfeldt fornece café para pequenas e médias torrefadoras.

"Nenhum lote do café estocado em Nova Orleans foi autorizado para entrega (na Nybot)", comenta Marco Figueiredo, gerente Blaser & Wolthers, uma trading de cafés especiais em Plantation, Flórida. "Mas o produto está saindo para outras empresas. A bolsa ainda tem muito café para inspecionar e isso leva tempo. Não acredito que teremos alguma novidade por enquanto", disse.

Os armazéns da Dupuy Storage atingidos pelo Katrina em Nova Orleans foram reparados e limpos e estão prontos para receber café. Todas as instalações da empresa estarão operando a plena capacidade em três meses, segundo o presidente da companhia Allan B. Colley. Cerca de um quarto dos cem funcionários voltou ao trabalho.

Enquanto isso, o volume dos estoques certificados da Nybot tem caído gradativamente e continham, na quarta-feira, em 4,095 milhões de sacas. Os torrefadores estão usando os estoques da Nybot para suprir a demanda pelo grão ao invés de comprar café na origem, onde o preço está alto.

Esta semana a Associação de Café Verde (GCA) dos Estados Unidos informou que os estoques do produto caiu quase 500 mil sacas em outubro para 5,16 milhões de sacas. As informações são da Dow Jones.





Fonte: Agência Estado

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