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Evento discute ética na medicina
Médicos do Estado foram investigados este ano em 116 sindicâncias do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), sendo 32 casos por erro médico. Com relação ao ano passado, os números apontam 11% de aumento das reclamações.
Praticamente no mesmo período, a Ouvidoria da Unimed Cuiabá registrou 44 denúncias. A maior parte por maus-tratos ao paciente, o que significa demora no atendimento e discriminação. Quem paga pela consulta tem preferência.
Para o presidente do CRM-MT, Alberto Carvalho de Almeida, os principais fatores que geram problemas - ou até mesmo o erro médico - estão relacionados à proliferação de cursos de medicina, precarização do mercado de trabalho, sucateamento de hospitais e mercantilismo “selvagem”. Ele foi um dos palestrantes do “I Econtro com a Ética”, que contou com cinco expositores na noite de ontem, no auditório da Unimed Cuiabá.
Ele acredita que a única alternativa dentro do atual contexto da sociedade, inclusive diante do papel regulador da imprensa, que em geral atua de forma impiedosa, é uma atuação profissional voltada para a minimização das falhas existentes no sistema. “O médico não pode se fechar dentro de si mesmo. Todos erram, por isso os erros devem ser vistos como uma oportunidade de revisão e de aprendizado”.
Outro palestrante, o médico e professor universitário José Alberto Alves, afirmou que 90% dos erros, bem como dos processos, ocorrem por falta de uma relação adequada médico-paciente. Ele mostrou um remédio para reverter o quadro: dizer a verdade. “Não é feio admitir que não sabe ou que errou um diagnóstico, isso não está relacionado com imperícia”.
Ele aponta, principalmente na saúde pública, o número excessivo de pacientes, limitação dos meios de diagnóstico e precária estrutura de trabalho como causadores freqüentes dos problemas. "As intervenções dependem de todos os profissionais que atuam na área, inclusive de quem limpa o chão. O incorreto armazenamento do lixo aumenta o risco de infecção hospitalar numa cirurgia, por exemplo”.
A advogada Margareth Blanch Spadoni ensinou aos profissionais da área e estudantes que é preciso seguir o protocolo, preencher todos os prontuários corretamente e jamais alterar informações. Durante um processo civil, a prova mais importante é a documental que se encontra justamente neste tipo de relatório. “Não sejam econômicos na descrição dos procedimentos realizados e melhorem um pouco a letra”, brincou.
Convidado para falar sobre a relação conflituosa entre a imprensa e a medicina, o jornalista Onofre Ribeiro pontuou que é preciso não “bater de frente” com a mídia. “Hoje a versão vale mais que o fato, mas não podemos nos esquecer que os veículos de comunicação não inventam os fatos, apenas intermediam”. Ele também falou sobre a importância do papel regulador da imprensa.
Os estudantes do 5° ano de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Bruno Baranhuka, 27, e Ana Paula Fernandes, 26, estão na residência médica e já vivenciam na prática todos os problemas que assolam a profissão. “Nós precisamos registrar tudo, porque a qualquer momento um processo pode aparecer de qualquer lugar, de pessoas que a gente nem se lembra”, disse Ana.
O anestesista Roberto Yutaka Takano, há 17 anos na área, criticou o código de ética adotado pelo Conselho Federal de Medicina, que segundo ele, é ultrapassado e não contempla um dos itens mais importantes: a tabela de preços por procedimentos. “O código diz que não se pode atender por um preço vil, mas, a exemplo dos advogados, não estipula parâmetros. Enquanto isso, muitos de nós somos obrigados a dar 10 plantões por semana e realizar 500 cirurgias por mês para sobreviver”.
Mais quatro palestras serão ministradas hoje, das 9 às 11 horas, também no auditório da Unimed Cuiabá, no encerramento do evento. A ética relacionada à “Documentação Médica” e às pesquisas de célula tronco serão os temas debatidos. O evento é promovido pela Unimed Cuiabá com apoio do Hospital Júlio Müller e CRM-MT.
Praticamente no mesmo período, a Ouvidoria da Unimed Cuiabá registrou 44 denúncias. A maior parte por maus-tratos ao paciente, o que significa demora no atendimento e discriminação. Quem paga pela consulta tem preferência.
Para o presidente do CRM-MT, Alberto Carvalho de Almeida, os principais fatores que geram problemas - ou até mesmo o erro médico - estão relacionados à proliferação de cursos de medicina, precarização do mercado de trabalho, sucateamento de hospitais e mercantilismo “selvagem”. Ele foi um dos palestrantes do “I Econtro com a Ética”, que contou com cinco expositores na noite de ontem, no auditório da Unimed Cuiabá.
Ele acredita que a única alternativa dentro do atual contexto da sociedade, inclusive diante do papel regulador da imprensa, que em geral atua de forma impiedosa, é uma atuação profissional voltada para a minimização das falhas existentes no sistema. “O médico não pode se fechar dentro de si mesmo. Todos erram, por isso os erros devem ser vistos como uma oportunidade de revisão e de aprendizado”.
Outro palestrante, o médico e professor universitário José Alberto Alves, afirmou que 90% dos erros, bem como dos processos, ocorrem por falta de uma relação adequada médico-paciente. Ele mostrou um remédio para reverter o quadro: dizer a verdade. “Não é feio admitir que não sabe ou que errou um diagnóstico, isso não está relacionado com imperícia”.
Ele aponta, principalmente na saúde pública, o número excessivo de pacientes, limitação dos meios de diagnóstico e precária estrutura de trabalho como causadores freqüentes dos problemas. "As intervenções dependem de todos os profissionais que atuam na área, inclusive de quem limpa o chão. O incorreto armazenamento do lixo aumenta o risco de infecção hospitalar numa cirurgia, por exemplo”.
A advogada Margareth Blanch Spadoni ensinou aos profissionais da área e estudantes que é preciso seguir o protocolo, preencher todos os prontuários corretamente e jamais alterar informações. Durante um processo civil, a prova mais importante é a documental que se encontra justamente neste tipo de relatório. “Não sejam econômicos na descrição dos procedimentos realizados e melhorem um pouco a letra”, brincou.
Convidado para falar sobre a relação conflituosa entre a imprensa e a medicina, o jornalista Onofre Ribeiro pontuou que é preciso não “bater de frente” com a mídia. “Hoje a versão vale mais que o fato, mas não podemos nos esquecer que os veículos de comunicação não inventam os fatos, apenas intermediam”. Ele também falou sobre a importância do papel regulador da imprensa.
Os estudantes do 5° ano de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Bruno Baranhuka, 27, e Ana Paula Fernandes, 26, estão na residência médica e já vivenciam na prática todos os problemas que assolam a profissão. “Nós precisamos registrar tudo, porque a qualquer momento um processo pode aparecer de qualquer lugar, de pessoas que a gente nem se lembra”, disse Ana.
O anestesista Roberto Yutaka Takano, há 17 anos na área, criticou o código de ética adotado pelo Conselho Federal de Medicina, que segundo ele, é ultrapassado e não contempla um dos itens mais importantes: a tabela de preços por procedimentos. “O código diz que não se pode atender por um preço vil, mas, a exemplo dos advogados, não estipula parâmetros. Enquanto isso, muitos de nós somos obrigados a dar 10 plantões por semana e realizar 500 cirurgias por mês para sobreviver”.
Mais quatro palestras serão ministradas hoje, das 9 às 11 horas, também no auditório da Unimed Cuiabá, no encerramento do evento. A ética relacionada à “Documentação Médica” e às pesquisas de célula tronco serão os temas debatidos. O evento é promovido pela Unimed Cuiabá com apoio do Hospital Júlio Müller e CRM-MT.
Fonte:
Pau e Prosa de Comunicação
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/335097/visualizar/
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