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Agronegócios
Sábado - 19 de Novembro de 2005 às 07:29
Por: Tomas Okuda

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Cabo de Santo Agostinho, 18 - O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli, disse hoje que a safra 2006/07, cuja colheita ocorre a partir de abril de 2006, deve ser boa, "maior do que a atual, de 33,3 milhões de sacas, mas inferior ao recorde da safra de 2002, que foi de cerca de 48 milhões de sacas".

Segundo Miarelli, a produção não deve superar o recorde de 2002, entre outros motivos, por causa do clima, que não é tão favorável como naquela época. Além disso, os preços do produto só começaram a melhorar significativamente a partir do fim do ano passado, impedindo investimentos na lavouras".

Quanto à perspectiva de preço ao produtor em 2006, o presidente do CNC prevê "melhoria, ou pelo menos manutenção do níveis atuais". "Esperamos que a situação de equilíbrio entre oferta e demanda se reflita nos preços", acrescenta.

Miarelli pondera que o setor está preocupado com o câmbio. "A rentabilidade que poderia vir com a alta dos preços do café foi tirada pelo câmbio. O produtor investiu na compra de insumos com real desvalorizado em relação ao dólar e na hora de comercializar vendeu com o dólar em baixa".

Ele salientou, ainda, que o custo de produção da saca de café está muito próximo do valor de mercado, ou cerca de R$ 250/saca.

O diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga, informou hoje que o câmbio tem sido a pedra no sapato do setor. Ele explicou que o produtor tende a perder renda, por causa de custos dolarizados. "Com menos renda, a oferta tende contrair e o fluxo de comercialização torna-se mais difícil", disse.

Braga acrescentou que o câmbio só não fez maiores estragos porque o fortalecimento do real em relação ao dólar coincidiu com a valorização dos preços internacionais do café, entre o fim do ano passado e até o primeiro semestre deste ano. O dólar médio em 2004 foi de cerca de R$ 2,92, mas encerrou o ano entre R$ 2,60 e R$ 2,70. Entre maio e junho de 2005, a moeda norte-americana já tinha despencado para R$ 2,40. A partir de então, começou a cair mais lentamente, até chegar aos atuais R$ 2,20.

O diretor do Cecafé observou, ainda, que os exportadores negociam por meio de contratos de longo prazo e valem-se de alguma proteção contra a oscilação do câmbio, "utilizando mecanismos do mercado de derivativos, do próprio mercado de café, entre outros". Ele disse, porém, que a perda de competitividade do produto nacional no exterior é inevitável.

Braga considera que os efeitos do fortalecimento do real vão se tornar mais claros a partir do ano que vem. Os resultados da balança comercial é que vão dizer isso. Segundo ele, um ajuste na taxa de juros, com o objetivo de sustentar uma alta do dólar, não deve ser descartada.





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