Dirceu se compara a JK e o PT a Igreja Católica

São Paulo - O ex-ministro da Casa Civil, deputado José Dirceu (PT-SP), disse que não pretende abandonar a política, caso tenha seu mandato cassado pela Câmara dos Deputados. Durante almoço com prefeitos e deputados do PT em São Paulo, na sede da empresa Moinho Pacífico, Dirceu atribuiu o agravamento da crise atual pela qual passa o governo Lula e o PT à antecipação da disputa eleitoral de 2006 e à ação do PFL e do PSDB.

Dirceu repetiu ser inocente e negou que recorra da tramitação de seu processo de cassação na Câmara apenas para ganhar tempo, mas sustenta que com sua ação defende o Estado de Direito. Ele se comparou a líderes históricos da política brasileira, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek , e disse que vai ajudar o PT a superar a crise. Comparou o partido à Igreja Católica, ressaltando que até a igreja cometeu erros graves, e não existiria hoje se não fosse capaz de superá-los.

"Quero chamar a atenção do País para o que considero de mais grave neste período: o desrespeito às leis. Alguns gostariam da ausência do Estado de Direito", afirmou, citando o que chamou de auto prorrogação da CPI do Mensalão em desrespeito às normas regimentais da Câmara.

Atacou ainda a CPI dos Bingos que, segundo ele, age à margem do que determina a Constituição e não investiga a atuação propriamente dita dos bingos e mira, por exemplo, o caso Celso Daniel. "O que isso tem a ver com bingo?", questionou.

O deputado ressaltou que responderá politicamente os seus erros perante o PT e perante o seu eleitorado, se escapar da cassação. Os prefeitos e deputados presentes se comprometeram a endossar os apelos ao Congresso para que Dirceu seja poupado e estão dispostos a organizar manifestações públicas nessa reta final do processo de cassação, que deve ser julgado na semana que vem ou na semana seguinte. Dirceu participa à noite de ato de desagravo a ele na Câmara Municipal de São Paulo.