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Internacional
Sexta - 18 de Novembro de 2005 às 19:44

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Londres - A Anistia Internacional (AI) e a ONG Reprieve exigiram que as autoridades dos Estados Unidos permitam o acesso total dos especialistas da ONU à base americana de Guantánamo, em Cuba. A reivindicação foi feita em entrevista coletiva para anunciar a realização, neste fim de semana, de uma conferência internacional sobre tortura, com a participação de ex-detentos da base americana.

Especialistas da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, que também participaram da entrevista, denunciaram que o governo dos Estados Unidos não os autoriza a entrevistar os detentos. "Negar o acesso completo aos detidos em Guantánamo é totalmente inaceitável", disse a secretária-geral de AI, Irene Khan.

"Guantánamo é apenas a ponta visível de um iceberg de abuso, o elo mais conhecido de uma cadeia de centros de detenção, que inclui a base aérea de Bagram, no Afeganistão, prisões no Iraque e instalações secretas em outros lugares", disse Khan.

A secretária-geral condenou enérgica e incondicionalmente, em nome da Anistia Internacional, o terrorismo, mas ressaltou que os centros de detenção que desrespeitam o direito "não podem ser a solução" para lutar contra essa ameaça. O diretor da Reprieve (Indulto), Clive Stafford Smith, que também é advogado de 40 detidos em Guantánamo, afirmou que sua organização documentou o caso de aproximadamente 14.000 presos mantidos, sem receber acusações formais, no mundo todo.

"A conferência começa justamente quando se completa o dia de número 100 de uma greve de fome apoiada por um grupo de prisioneiros de Guantánamo" para protestar contra as condições em que estão detidos, afirmou o diretor da ONG, que luta contra a pena de morte.

Stafford disse que retornou recentemente de Guantánamo e que teve acesso a um comunicado de Shaker Aamer, um cidadão do Reino Unido detido na base americana e pai de quatro crianças britânicas. "Ele escreve que sofreu tantos abusos e foi tão humilhado que quer que o Exército americano deixe de alimentá-lo e lhe permita decidir seu próprio destino e morrer", acrescentou.

De acordo com Stafford, o governo do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, "deveria se envergonhar por isso, por se negar a ajudar os dez britânicos que continuam retidos" na base americana em Cuba. "Na conferência serão vistos os ´efeitos colaterais´ do experimento de Guantánamo: a tortura, as crianças sem pais e a abdicação do Estado de Direito", acrescentou.





Fonte: EFE

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