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Internacional
Quinta - 17 de Novembro de 2005 às 19:53

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O advogado do general aposentado Manuel Contreras, ex-chefe da Polícia secreta da ditadura chilena (Dina), solicitou hoje uma acareação entre seu cliente e Augusto Pinochet, que negou ter sido seu superior em interrogatório.

"Não me lembro, mas não é correto (que fosse chefe de Contreras).

Não é correto, e se fosse certo, não me lembro", disse Pinochet ao juiz Víctor Montiglio, responsável pelo depoimento do ex-presidente chileno no julgamento por crimes da chamada "Operação Colombo".

"Eu acho que todas estas afirmações são falsas, não sei se por estar senil ou por querer esquecer sua responsabilidade e desta forma culpar alguém que já não pode responder", afirmou hoje aos jornalistas o advogado de Contreras, Juan Carlos Manns.

Contreras cumpriu sete anos de prisão pelo assassinato do ex-chanceler chileno Orlando Letelier, e nos últimos meses recebeu novas penas, de 15, 12 e três anos e um dia em processos por violações aos direitos humanos.

O ex-chefe da Dina declarou em todos os julgamentos a que foi submetido que Pinochet era de fato a maior autoridade dentro do órgão de repressão, e que tinha pleno controle sobre o que ocorria na instituição.

"Eu acredito que qualquer tribunal que analisar tais contradições, cometidas por um ex-chefe do Exército e ex-presidente da República que não assumiu responsabilidades, fará uma acareação entre as partes envolvidas", avaliou Manns.

Em depoimento ao juiz Montiglio, Pinochet também afirmou que Contreras pretendia assumir o comando do país. "Eu o afastei do cargo porque estava criando problemas. Ele (Contreras) me ofereceu depósitos no exterior e eu o suspendi por isso. Recusei a oferta", assegurou Pinochet ao magistrado.

Manns afirmou que pretende solicitar a acareação ao tribunal, embora tenha considerado que a mesma deveria ser ordenada, devido às declarações de Pinochet sobre o papel de Contreras na ditadura.

Segundo o advogado, ficou comprovada em diferentes processos a existência de vínculos entre Pinochet e seu cliente.

"O fato de Pinochet querer se desvincular do general Contreras é absurdo, pois a evidência está comprovada em outras provas, e não apenas em palavras", declarou.

Pinochet é acusado de fraudar o Fisco e de cometer outros crimes relacionados - foram descobertos US$ 27 milhões em contas secretas do ex-presidente no exterior, segundo as autoridades.

O juiz desse caso, Carlos Cerda, interrogou hoje Pinochet pela quarta vez em uma semana, e, segundo fontes judiciais, já teria reunido provas suficientes para processá-lo, a exemplo do que ocorreu com a esposa do ex-presidente, Lucía Hiriart; o filho mais novo de ambos, Marco Antonio; seu ex-testamenteiro, Oscar Aitken; e sua secretária, Mónica Ananías, acusados na condição de cúmplices.




Fonte: Agência EFE

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