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Cidades/Geral
Quarta - 19 de Dezembro de 2012 às 10:27
Por: Jardel Patrício Arruda

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Jardel Patrício Arruda
Morador Alderico Alves de Souza mostra chácara, animais e aguarda expulsão
Morador Alderico Alves de Souza mostra chácara, animais e aguarda expulsão
   A espera por uma decisão que suspenda a operação de desintrusão de todos os não-índios dessa área a fim de consolidar a terra indígena Marãiwatsédé, do povo Xavante, tem deixado grande parte da população do distrito Estrela do Araguaia (30 quilômetro de Alto Boa Vista) ansiosa. E tem os levados para dentro de suas casas onde jejuam e oram por alguma notícia boa antes do dia 20, quando Supremo Tribunal Federal (STF) entra em recesso.

 

   Apesar de toda essa tensão, que faz até o tempo passar mais devagar para essas pessoas, algumas não acreditam totalmente no fato de a Justiça Federal ter determinado a desintrusão da área apesar de ainda correr um processo cujo cerne é quem são os verdadeiros donos dessa terra: os produtores ou os Xavantes.

  Alderico Alves de Souza, 59, se encaixa nesse grupo de incrédulos. Dono de uma chácara de 12 alqueires, o equivalente a 60 hectares, ele se recusa a crer que será despejado de onde mora desde 1992. “Até hoje eu não acreditei nisso. Creio toda vida que não vou sair. Mas Deus é que sabe”, disse ao mostrar as criações de galinha, de peru e as árvores de cajá, de mangá e coqueiros, plantadas por ele quando chegou no lugar.

Tão grande é a convicção de que não irá sair, que ele nem mesmo separou alguma parte dos pertences para uma eventual mudança de emergência. Nem preparou algum outro lugar para ir, pois todas suas posses estão ali naquela terra. “Não tenho casa em outro lugar não. Tudo que eu tenho ta aqui”, disse.

  Além do tempo que vive no lugar, sem nunca ter sido incomodado, outro alimento para a crença de Alderico são os documentos da chácara. Ele tomou posse de uma das “picadas” da antiga Suiá-Missú quando descobriu que o lugar fazia parte dos planos de reforma agrária.

  Em 2003, como a AgipPetroli, dona da fazenda, não tinha conseguido vender as terras ao Governo, a multinacional alienou a área a quem já estava nela. Alderico foi um dos beneficiados. Conforme o próprio contrato de compra e venda da terra, ele ganhou a terra como doação da empresa italiana pelo fato de ser um microprodutor.

  Mas quem não consegue ser tão crente e confiante quanto Alderico é a esposa dele, Rosilda Pimentel de Souza, 60. “Não pensamos para onde ir. Para onde Deus me tocar. To sem rumo”, contou. Ela também fica triste pelo fato de nem mesmo ter conseguido um cadastro no Incra para a reforma agrária prometido pelo Governo a quem for despejado de Suiá-Missú. “Me falaram que não posso porque sou aposentada”. Os cinco filhos dela também não puderam. Todos moram na vila do distrito, e não têm um boi no nome, então não podem se inscrever.






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