ONU e UE reclamam de abusos contra jornalistas na Tunísia

A Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Européia (UE) disseram na quarta-feira terem manifestado sua preocupação junto à Tunísia devido às pressões feitas sobre alguns jornalistas e ativistas dos direitos humanos que viajaram até o país para participar de uma conferência internacional sobre a Internet.

Vários jornalistas europeus presentes na Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação foram intimidados, questionados ou impedidos de comparecer a reuniões públicas, denunciaram outros repórteres.

Um correspondente de um jornal francês foi chutado e esfaqueado antes do início de uma conferência.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse em uma entrevista coletiva realizada na quarta-feira que tinha conversado com o presidente tunisiano, Zine El Abidine Ben Ali, sobre as dificuldades enfrentadas por jornalistas e ativistas dos direitos humanos em Túnis, capital do país.

"Sei que houve problemas. Eu mesmo levantei essa questão junto ao presidente da Tunísia... uma coisa é fixar padrões e outra coisa é observá-los", afirmou o secretário-geral.

Michael Steiner, embaixador da Alemanha junto à ONU em Genebra disse que as autoridades tunisianas haviam impedido membros de um grupo de direitos civis de realizar um encontro no Instituto Goethe de Túnis, na segunda-feira. "A Presidência da UE, em nome dos países-membros da UE, fez uma reclamação formal junto às autoridades tunisianas", disse o embaixador à Reuters.

Entre os jornalistas que denunciaram casos de cerceamento de liberdade estão funcionários da Agência France Presse, da Radio France Internationale, do canal TV5 e da rede belga RTBF.

Um correspondente do jornal francês Libération, Christophe Boltanski, foi espancado, chutado e esfaqueado nas costas, na sexta-feira. O governo tunisiano afirmou ter prendido duas pessoas acusadas de envolvimento no ataque.