Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quarta - 16 de Novembro de 2005 às 17:14

    Imprimir


Paris - A onda de violência nos subúrbios da França relançou o debate sobre a punição aos pais irresponsáveis e o fenômeno da poligamia entre imigrantes, principalmente em famílias vindas da África. A declaração do ministro delegado do Emprego, Gérard Larcher, em um jornal britânico hoje, de que a poligamia é uma das causas da explosão de violência nos bairros marginalizados, habitados por imigrantes e marcados por um alto índice de pobreza, desemprego e criminalidade, foi apoiada por um dos dirigentes do partido conservador governante, o UMP.

Bernard Accoyer, líder da bancada parlamentar da UMP na Câmara dos Deputados, disse na emissora RTL que a poligamia é "certamente uma das causas" dos distúrbios, e lamentou a "grande permissividade" das autoridades diante do fenômeno. Embora esteja oficialmente proibida na França e seja punida com penas de prisão, a poligamia é tolerada pelas autoridades.

Desde 1993, só são concedidos vistos para uma esposa por família. Com isso, muitas mulheres entram clandestinamente no país. Calcula-se que há, pelo menos, 20 mil famílias polígamas na França. Além de ser uma "negação" dos direitos da mulher e de impedir a "educação necessária em uma sociedade organizada", a poligamia cria problemas de habitação: "Várias dezenas de pessoas não podem viver no mesmo apartamento", disse Accoyer.

O deputado disse que, entre 1981 e 1992, sob a Presidência do socialista François Mitterrand, "um grande número de famílias polígamas" entraram na França.

Estudos sobre a onda de violência urbana iniciada em 27 de outubro, e que vem regredindo - na noite de ontem houve 163 veículos queimados em todo o país -, mostram o alcance da discriminação baseada na origem étnica dos filhos de imigrantes.

"Ter uma origem não-européia é um obstáculo" para encontrar trabalho que "não se apaga com o acesso à nacionalidade francesa", indica um estudo. Outra análise conclui que a taxa de desemprego entre os jovens franceses de origem norte-africana ou subsaariana é muito superior à dos de origem francesa, seja qual for o nível de escolaridade.

O presidente da França, Jacques Chirac, que convocou uma mobilização geral contra as discriminação, pediu punição para os pais irresponsáveis.

"A autoridade paterna é capital. As famílias devem assumir sua responsabilidade. As que se negam devem ser punidas, como prevê a lei", declarou na segunda-feira, em seu primeiro discurso na televisão sobre os distúrbios.





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/335674/visualizar/