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Casa Barão de Melgaço está sendo revitalizada
A Casa Barão do Melgaço, sede das duas mais antigas instituições culturais de Mato Grosso: a Academia Mato-grossense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico, deve ser reinaugurada em fevereiro do próximo ano.
O projeto está recebendo R$ 430 mil da parceria entre Governo do Estado e o Banco do Brasil, recurso destinado ao Programa de Recuperação e Revitalização do Patrimônio Histórico de Mato Grosso. Um grupo composto tanto pela AML como pelo IHG-MT estão acompanhando as obras. Segundo o secretário de Estado de Cultura e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, João Carlos Vicente Ferreira, a obra é fundamental para o resgate de nossa cultura. “O governador Blairo Maggi se sensibilizou com a situação do prédio” – sustentou.
A revitalização criará novos banheiros, salas para pesquisa, espaço para palestras, além da pedida climatização de todos os ambientes. A arquitetura original está sendo recuperada, os pisos, os alicerces, beirais, estão sendo confeccionados com fidelidade aos originais. O telhado, as dobradiças das portas também serão trocadas. Medidas que visam além de reconstituir um patrimônio, oferecer conforto ao público e principalmente proteção ao acervo de pesquisa.
Estagiários em parceria com instituições de ensino serão convocados para atender ao público, confirmou o secretário de Estado de Cultura. Para Vera Randozzo, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso há 29 anos, a iniciativa é uma grande satisfação, “É a primeira vez que a Casa Barão de Melgaço está sendo restaurada”.
Casa Barão de Melgaço - A Casa Barão de Melgaço é um centro de conhecimento em Mato Grosso. Casarão com cinco peças, corredor com salas em suas laterais, ao centro o grande salão que abriga o auditório, além de um jardim sempre bem arborizado.
A aproximação quanto à origem de sua construção só foi possível através do estudo de dois mapas. Um que mostrava nossa ainda Vila Real em 1777. Este contava com a antiga Rua Nova (esta passou pelo nome de Rua do Campo para depois receber o atual nome, Rua Barão de Melgaço), com apenas seis casas entre elas nossa investigada. Outro em 1775, “A Planta de Vila Real”. Neste a Rua Nova ainda não existia. Com essas informações se tem a data aproximada de sua construção.
Sua arquitetura, inicialmente dos casarões senhoriais, foi gradativamente sendo alterada com o passar dos anos. O arquiteto, professor fundador da Universidade Federal de Mato Grosso e membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, Moacyr Freitas comentou essas alterações. “O proprietário da Casa Barão de Melgaço, influenciado pelo “modismo europeu”, transformou-a na aparência que hoje a temos. Foram retirados os beirais, trocados pela pratibanda. Várias pilastras com caneluras foram distribuídas nas fachadas, destacando as portas e janelas por molduras, frisos e outros desenhos geométricos.”
O nome da casa é uma homenagem a figura erudita de Augusto João Manoel de Leverger, que lá morou 43 anos. Grande intelectual da segunda metade do século XIX, nasceu na França em 1802. Aos 17 anos veio para a América do Sul através da Marinha Francesa, para em 1822, com a independência do Brasil, ingressar Marinha Brasileira, onde chega ao posto de Almirante de Esquadra.
Somente em 1837 chega à Cuiabá, constrói um Arsenal da Marinha onde iniciou trabalhos de engenharia naval. Naturalizado brasileiro em 1848, é nomeado Presidente da Província de Mato Grosso, função que desempenhou por cinco vezes. Por seus feitos militares na Guerra do Paraguai, recebe do Imperador D. Pedro II o título de Barão de Melgaço.
A importância da Casa, tombada pelo Governo do Estado como Patrimônio Histórico Cultural, é inquestionável. Mas ela não é lembrada devido somente ao passado. Detentora de grande material de pesquisa, atende a toda sociedade interessada em conhecimento sobre nosso Estado. A historiadora e curadora da Casa Barão de Melgaço, Elizabeth Madureira Siqueira descreve um pouco o arquivo:
“Nessa perspectiva, o arquivo da Casa Barão de Melgaço é farto de representações, legados e contribuições deixados pelos homens que estiveram direta ou indiretamente ligados à sua história. Composto por coleções documentais riquíssimas e variadas, se encontra hoje parcialmente reinaugurado, informatizado e catalogado”, escreveu no volume 59 da Revista do IHG-MT.
A Casa Barão de Melgaço vinha sofrendo ações de vândalos e até mesmo um incêndio abalou sua estrutura. Teve parte de seu acervo documental destruída pelo fogo e pela chuva devida as incalculáveis goteiras. Parte do acervo foi recuperada graças a parceria de vários órgãos, como o Arquivo Público do Estado e a Universidade Federal de Mato Grosso.
Academia Mato-grossense de Letras - A AML teve inicio com o Centro Mato-grossense de Letras em 1921, se transformando em Academia 11 anos depois. Evoluiu junto com o Estado, passando das iniciais 24 cadeiras para as atuais 40. Nas palavras da ex-reitora da UFMT, professora Luzia Guimarães, “Esta instituição cultural representa a ancestralidade das Letras em Mato Grosso”.
Detentora de uma enorme importância política no passado, se vê com suas potencialidades pouco exploradas pela sociedade de modo geral, afirma o presidente da instituição Carlos Gomes de Carvalho. Mas a esperança de dias melhor está em ascensão. Há muito tempo não se via um crescente interesse pelas letras como agora, afirma Carlos. Para ilustrar comentou: “Estou realizado devido ao crescimento do interesse pela Academia Mato-grossense de Letras”.
É a primeira vez em 84 anos que houve um número tão grande interessados em concorrer à vaga, esta deixada pela escritora Dunga Rodrigues. Dez pessoas procuraram, e seis efetivamente se inscreveram. A eleição para decidir quem irá ocupar a cadeira acontece no dia 25/11. Para poder ingressar, o candidato deve ser mato-grossense, ou residir por mais de cinco anos, além de possuir no mínimo uma obra publicada.
Os membros se reúnem uma vez por mês, não tendo recesso em suas conferências durante toda sua história, mesmo durante a ditadura, onde tudo era proibido. A manutenção se deu devido ao caráter conservador da instituição, ressalva o presidente Carlos Gomes. Para tentar fugir deste conservadorismo, o órgão esta preparando para o início do próximo ano, o I Concurso Literário da Academia Mato-grossense de Letras, com premiações além de publicação dos trabalhos vencedores.
A proposta é , logo que concluída a reforma do prédio, serão desenvolvidas palestras, seminários, simpósios no ramo cultural, sempre aberto ao público para conquistar a sociedade, promover um necessário avanço cultural.
Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso
Manhã de sol, os jornais começam a circular ainda como a principal fonte de informação da população. Era um dia especial, Cuiabá comemorava seus 200 anos, com muita festa. O jornal “A Cruz” publicou a programação do dia:
Programa dos festejos:
Às 4 h. Alvorada e Salvas
Às 7 h. MISSA CAMPAL, na Praça da Matriz,
Celebrada pelo Exmo. Sr. Conde D. Carlos
Luiz d’Amour; durante a missa cantarão motetes
Sacras as distintas senhoritas da Escola Santa Cecília
Em seguida, discurso oficial, pelo Exmo. Sr Major
Joaquim Gaudie d’ Aquino Correa; desfile
De forças e das escolas – Recepção Oficial
Às 19 h. Solene Instalação do Instituo Histórico
Matogrossense, discursos, sessão litero musical
Às 20h30 Cinema ao ar livre - Retreta
Surgia neste clima no dia 08 de abril de 1919 o IHG-MT. Com a vocação de preservar nossa história. Criaram desde seu primeiro ano de existência a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, com publicações anuais. Esta se transformou sem duvidas na maior referência para pesquisadores.
Hoje a instituição conta com 40 membros, que se reúnem sempre na primeira quarta-feira de cada mês. Discutem as ações, e principalmente traçam roteiros para a revista. O prédio esta sempre aberto à população, que utiliza com freqüência suas dependências. Para o presidente do IHG-MT e também secretario de Estado de Cultura, João Carlos Vicente Ferreira a entidade é protetora de nossa memória. “ Ela vem sendo a guardiã da memória do povo”, salientou.
O projeto está recebendo R$ 430 mil da parceria entre Governo do Estado e o Banco do Brasil, recurso destinado ao Programa de Recuperação e Revitalização do Patrimônio Histórico de Mato Grosso. Um grupo composto tanto pela AML como pelo IHG-MT estão acompanhando as obras. Segundo o secretário de Estado de Cultura e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, João Carlos Vicente Ferreira, a obra é fundamental para o resgate de nossa cultura. “O governador Blairo Maggi se sensibilizou com a situação do prédio” – sustentou.
A revitalização criará novos banheiros, salas para pesquisa, espaço para palestras, além da pedida climatização de todos os ambientes. A arquitetura original está sendo recuperada, os pisos, os alicerces, beirais, estão sendo confeccionados com fidelidade aos originais. O telhado, as dobradiças das portas também serão trocadas. Medidas que visam além de reconstituir um patrimônio, oferecer conforto ao público e principalmente proteção ao acervo de pesquisa.
Estagiários em parceria com instituições de ensino serão convocados para atender ao público, confirmou o secretário de Estado de Cultura. Para Vera Randozzo, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso há 29 anos, a iniciativa é uma grande satisfação, “É a primeira vez que a Casa Barão de Melgaço está sendo restaurada”.
Casa Barão de Melgaço - A Casa Barão de Melgaço é um centro de conhecimento em Mato Grosso. Casarão com cinco peças, corredor com salas em suas laterais, ao centro o grande salão que abriga o auditório, além de um jardim sempre bem arborizado.
A aproximação quanto à origem de sua construção só foi possível através do estudo de dois mapas. Um que mostrava nossa ainda Vila Real em 1777. Este contava com a antiga Rua Nova (esta passou pelo nome de Rua do Campo para depois receber o atual nome, Rua Barão de Melgaço), com apenas seis casas entre elas nossa investigada. Outro em 1775, “A Planta de Vila Real”. Neste a Rua Nova ainda não existia. Com essas informações se tem a data aproximada de sua construção.
Sua arquitetura, inicialmente dos casarões senhoriais, foi gradativamente sendo alterada com o passar dos anos. O arquiteto, professor fundador da Universidade Federal de Mato Grosso e membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, Moacyr Freitas comentou essas alterações. “O proprietário da Casa Barão de Melgaço, influenciado pelo “modismo europeu”, transformou-a na aparência que hoje a temos. Foram retirados os beirais, trocados pela pratibanda. Várias pilastras com caneluras foram distribuídas nas fachadas, destacando as portas e janelas por molduras, frisos e outros desenhos geométricos.”
O nome da casa é uma homenagem a figura erudita de Augusto João Manoel de Leverger, que lá morou 43 anos. Grande intelectual da segunda metade do século XIX, nasceu na França em 1802. Aos 17 anos veio para a América do Sul através da Marinha Francesa, para em 1822, com a independência do Brasil, ingressar Marinha Brasileira, onde chega ao posto de Almirante de Esquadra.
Somente em 1837 chega à Cuiabá, constrói um Arsenal da Marinha onde iniciou trabalhos de engenharia naval. Naturalizado brasileiro em 1848, é nomeado Presidente da Província de Mato Grosso, função que desempenhou por cinco vezes. Por seus feitos militares na Guerra do Paraguai, recebe do Imperador D. Pedro II o título de Barão de Melgaço.
A importância da Casa, tombada pelo Governo do Estado como Patrimônio Histórico Cultural, é inquestionável. Mas ela não é lembrada devido somente ao passado. Detentora de grande material de pesquisa, atende a toda sociedade interessada em conhecimento sobre nosso Estado. A historiadora e curadora da Casa Barão de Melgaço, Elizabeth Madureira Siqueira descreve um pouco o arquivo:
“Nessa perspectiva, o arquivo da Casa Barão de Melgaço é farto de representações, legados e contribuições deixados pelos homens que estiveram direta ou indiretamente ligados à sua história. Composto por coleções documentais riquíssimas e variadas, se encontra hoje parcialmente reinaugurado, informatizado e catalogado”, escreveu no volume 59 da Revista do IHG-MT.
A Casa Barão de Melgaço vinha sofrendo ações de vândalos e até mesmo um incêndio abalou sua estrutura. Teve parte de seu acervo documental destruída pelo fogo e pela chuva devida as incalculáveis goteiras. Parte do acervo foi recuperada graças a parceria de vários órgãos, como o Arquivo Público do Estado e a Universidade Federal de Mato Grosso.
Academia Mato-grossense de Letras - A AML teve inicio com o Centro Mato-grossense de Letras em 1921, se transformando em Academia 11 anos depois. Evoluiu junto com o Estado, passando das iniciais 24 cadeiras para as atuais 40. Nas palavras da ex-reitora da UFMT, professora Luzia Guimarães, “Esta instituição cultural representa a ancestralidade das Letras em Mato Grosso”.
Detentora de uma enorme importância política no passado, se vê com suas potencialidades pouco exploradas pela sociedade de modo geral, afirma o presidente da instituição Carlos Gomes de Carvalho. Mas a esperança de dias melhor está em ascensão. Há muito tempo não se via um crescente interesse pelas letras como agora, afirma Carlos. Para ilustrar comentou: “Estou realizado devido ao crescimento do interesse pela Academia Mato-grossense de Letras”.
É a primeira vez em 84 anos que houve um número tão grande interessados em concorrer à vaga, esta deixada pela escritora Dunga Rodrigues. Dez pessoas procuraram, e seis efetivamente se inscreveram. A eleição para decidir quem irá ocupar a cadeira acontece no dia 25/11. Para poder ingressar, o candidato deve ser mato-grossense, ou residir por mais de cinco anos, além de possuir no mínimo uma obra publicada.
Os membros se reúnem uma vez por mês, não tendo recesso em suas conferências durante toda sua história, mesmo durante a ditadura, onde tudo era proibido. A manutenção se deu devido ao caráter conservador da instituição, ressalva o presidente Carlos Gomes. Para tentar fugir deste conservadorismo, o órgão esta preparando para o início do próximo ano, o I Concurso Literário da Academia Mato-grossense de Letras, com premiações além de publicação dos trabalhos vencedores.
A proposta é , logo que concluída a reforma do prédio, serão desenvolvidas palestras, seminários, simpósios no ramo cultural, sempre aberto ao público para conquistar a sociedade, promover um necessário avanço cultural.
Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso
Manhã de sol, os jornais começam a circular ainda como a principal fonte de informação da população. Era um dia especial, Cuiabá comemorava seus 200 anos, com muita festa. O jornal “A Cruz” publicou a programação do dia:
Programa dos festejos:
Às 4 h. Alvorada e Salvas
Às 7 h. MISSA CAMPAL, na Praça da Matriz,
Celebrada pelo Exmo. Sr. Conde D. Carlos
Luiz d’Amour; durante a missa cantarão motetes
Sacras as distintas senhoritas da Escola Santa Cecília
Em seguida, discurso oficial, pelo Exmo. Sr Major
Joaquim Gaudie d’ Aquino Correa; desfile
De forças e das escolas – Recepção Oficial
Às 19 h. Solene Instalação do Instituo Histórico
Matogrossense, discursos, sessão litero musical
Às 20h30 Cinema ao ar livre - Retreta
Surgia neste clima no dia 08 de abril de 1919 o IHG-MT. Com a vocação de preservar nossa história. Criaram desde seu primeiro ano de existência a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, com publicações anuais. Esta se transformou sem duvidas na maior referência para pesquisadores.
Hoje a instituição conta com 40 membros, que se reúnem sempre na primeira quarta-feira de cada mês. Discutem as ações, e principalmente traçam roteiros para a revista. O prédio esta sempre aberto à população, que utiliza com freqüência suas dependências. Para o presidente do IHG-MT e também secretario de Estado de Cultura, João Carlos Vicente Ferreira a entidade é protetora de nossa memória. “ Ela vem sendo a guardiã da memória do povo”, salientou.
Fonte:
Da Assessoria/SEC-MT
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/335708/visualizar/
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