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Economia
Terça - 15 de Novembro de 2005 às 10:03
Por: Renée Pereira

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São Paulo - A possível substituição do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, abalou o mercado financeiro nesta segunda-feira, num dia de poucas movimentações por causa do feriado da Proclamação da República desta terça-feira. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que acumula valorização de 15,36% em 2005, chegou a ficar abaixo dos 30 mil pontos, mas terminou o pregão em 30.218,8 pontos, com queda de 0,96%. O dólar comercial subiu 2,17%, para R$ 2,21, e o risco país avançou 1,72% para 354 pontos.

A preocupação do mercado está no nome de quem substituiria Palocci na Fazenda, afirma o economista da GAP Asset Management, Alexandre Maia. Entre os cogitados estão o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal, e os ministros da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB-CE), e do Planejamento, Paulo Bernardo (PT-PR), além dos economistas Delfim Netto (PMDB-SP) e Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central (BC).

O preferido do mercado é Murilo Portugal, já que representaria a continuidade da atual política econômica do País, afirma a economista da Mellon Global Investments, Solange Srour Chachamovitz. Outros, como Mercadante e Ciro Gomes, não são bem cotados. A explicação é que esses candidatos estariam mais afinados com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que na semana passada criticou a equipe econômica em entrevista ao Estado.

Entre os analistas, a ministra é vista como desenvolvimentista e pouco preocupada com o ajuste fiscal, o que poria em risco as metas de superávit primário e os fundamentos econômicos. Já Palocci, para eles, representa a defesa de uma política econômica austera no plano fiscal e de firmeza quanto aos métodos de controle da inflação.

Para o mercado financeiro, o melhor mesmo seria a continuidade de Palocci à frente do Ministério da Fazenda, apesar de ter perdido poder nos últimos meses. Mesmo assim, os analistas acreditam que qualquer substituto seria ainda mais fraco que Palocci. O que os analistas e investidores querem é alguém que tenha força suficiente para não aceitar as pressões da ministra Dilma Rousseff. E eles sabem que o ministério estará ainda mais enfraquecido.

A tendência é que a volatilidade do mercado continue nos próximos dias, até porque o ministro da Fazenda terá de depor no dia 22 na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. “Há um monte de incertezas no ar e, por isso, os investidores estão colocando um pouco desse risco no preço dos ativos”, diz Maia.

Até agora o mercado vinha conseguindo manter a calma diante da crise política porque não afetava a política econômica. Com as denúncias cada vez mais fortes envolvendo Palocci, a atitude do mercado começa a mudar.

Na avaliação da equipe do ABN Amro Bank, o eventual afastamento de Palocci pode atrapalhar o processo de upgrade (elevação da nota de classificação de risco) do Brasil. Em relatório distribuído aos clientes, a instituição afirma “que os investidores não deveriam estar tão confiantes em uma perspectiva rósea a caminho do investment grade no caso da saída do ministro”. Segundo o banco, até o momento, os mercados têm reagido com “surpreendente calma” a esta situação.




Fonte: Agência Estado

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