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Internacional
Segunda - 14 de Novembro de 2005 às 19:10

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A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, discutiu hoje com o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, o papel do movimento islâmico Hamas nas eleições palestinas, antes de anunciar em Ramala a iminência de um acordo sobre a abertura da fronteira de Rafah.

Durante o encontro realizado hoje em Jerusalém, Sharon afirmou que a participação do Hamas no pleito seria um grave erro e enfraqueceria o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, em vez de fortalecê-lo, como afirmam os palestinos.

"Não interferiremos nas eleições, mas também não permitiremos aos candidatos islâmicos se movimentarem de um lugar a outro", afirmou Sharon.

Nas últimas semanas, o Exército israelense deteve centenas de ativistas do Hamas, em sua maioria membros do braço político e muitos deles possíveis candidatos eleitorais.

Segundo o primeiro-ministro israelense, a participação do Hamas pode pôr fim ao Mapa de Caminho, ao colocar no poder político da ANP uma organização considerada terrorista. "Nós apoiamos com entusiasmo os passos do presidente George W. Bush para a democratização, mas não ajudaremos o Hamas, não ajudaremos os assassinos de judeus", ressaltou.

Para Rice, no entanto, a participação do Hamas nas eleições pode ser justamente positiva. Ela disse que, após janeiro, será mais fácil exigir ao grupo islâmico que desarme seus homens, porque a pressão provirá da comunidade internacional em uníssono.

A secretária de Estado acrescentou que respeitava a postura de Israel e que se o presidente Mahmoud Abbas não cumprir essa obrigação, perderá o apoio dos Estados Unidos, e que, mesmo no caso de os radicais vencerem as eleições, Washington não dialogará com eles.

Após seu encontro com Sharon, a chefe da diplomacia americana se dirigiu a Ramala, onde, em encontro com Abbas, defendeu a liberdade de movimentos dos palestinos e o estabelecimento de uma via de comunicação entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

"Como disse em Jerusalém, é muito importante para os palestinos em suas vidas cotidianas que tenham liberdade de movimento e também entre Gaza e Cisjordânia", disse.

A secretária de Estado americana deverá viajar agora à Jordânia, para tentar chegar a um acordo sobre a abertura da passagem fronteiriça, que considerou que estava "ao alcance da mão", e depois voltará a Israel.

A negociação desse acordo esbarrou em obstáculos no último momento, aparentemente devido à colocação de câmeras de controle que permitirão a Israel ver o que ocorre em seu interior.

O alto representante de Política Externa e Segurança Comum da União Européia (UE), Javier Solana, também na região, disse hoje esperar que israelenses e palestinos ponham fim a suas diferenças e cheguem logo a um acordo.

"Esperamos que as divergências sobre a passagem de Rafah sejam resolvidas nos próximos dias", declarou hoje Solana, que se reuniu em Ramala com o presidente Mahmoud Abbas e o primeiro-ministro Ahmed Qorei.

O diplomata europeu também se reuniu hoje com Condoleezza Rice, junto a quem está tentando impulsionar uma rápida solução para a questão de Rafah.

"Esperamos que o acordo entre as partes seja iminente. Estamos envolvidos nas últimas discussões e contatos técnicos para definir os detalhes do acordo, porque Solana gostaria de ser testemunha de um acordo antes da conclusão de sua visita", declarou à EFE a porta-voz de Solana Elena Perezo.

Solana, que esta tarde participa dos atos pelo décimo aniversário do assassinato de Yitzhak Rabin, apóia, em nome da UE, uma iniciativa do enviado especial do Quarteto para o Oriente Médio, James Wolfensohn, para solucionar as disputas sobre a passagem de Rafah.

Nessa linha, a UE nomeou um comandante da missão de observação européia na fronteira sul da Faixa de Gaza, iniciativa que, em princípio, foi aceita tanto por israelenses como palestinos.





Fonte: EFE

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