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Internacional
Segunda - 14 de Novembro de 2005 às 18:04

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A Comissão de Direitos Humanos no Iraque da ONU criticou as atividades das forças de segurança iraquianas, das tropas multinacionais e dos grupos insurgentes, que levaram à quebra das instituições em muitas regiões.

Em um relatório publicado hoje, a Comissão afirma que o Iraque sofre "uma quebra completa das instituições e da legalidade" em determinadas regiões devido à prolongada onda de violência que sacode o país há meses.

O estudo trata da situação dos direitos humanos no Iraque durante os meses de setembro e outubro, e suas conclusões não são animadoras.

"Grandes áreas do Iraque continuam sofrendo um estado de completo colapso da lei e das instituições devido à extensão da violência, que inclui execuções extrajudiciais", diz o texto.

O documento também critica a atuação do Exército iraquiano e dos militares pertencentes ao Ministério do Interior que participam de campanhas antiterroristas sem garantir a segurança das civis.

"As grandes operações lançadas pelo Exército e pelas tropas especiais da Polícia continuam ignorando as instruções dadas em agosto pelo ministro do Interior, Bayan Gaber, para garantir a segurança dos cidadãos durante as operações de perseguição aos terroristas", registra o documento.

Centenas de pessoas, tanto xiitas quanto sunitas, perderam a vida em diversos incidentes violentos entre as duas comunidades, uma situação que ameaça o Iraque com uma possível guerra civil baseada em razões sectárias em um país com 26 milhões de habitantes.

"As repetidas operações perpetradas por grupos armados contra mesquitas e civis tiveram como resultado uma crescente preocupação com a possível deterioração nas relações entre membros da mesma sociedade", afirma o relatório em referência à tensão entre xiitas e sunitas.

Embora o relatório não cite as tropas de coalizão lideradas pelos EUA, faz referência às operações militares lançadas por marines contra insurgentes no norte e no oeste do Iraque, próximo à fronteira com a Síria.

"As operações militares que ainda são mantidas, em particular no norte e o oeste do país, obrigaram milhares de famílias a abandonar suas casas em grande sofrimento", denuncia o texto.

Mas de 2.500 marines, apoiados por mil soldados iraquianos, participam da última destas operações, batizada "Cortina de Ferro", e há dez dias no oeste do Iraque contra militantes da Al Qaeda na região, segundo o comando militar americano.

Apesar de seu alvo ser os seguidores do jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, suposto líder da Al Qaeda no Iraque e responsável pelos piores ataques terroristas no pós-guerra iraquiano, centenas de pessoas tiveram de abandonar suas casas perante a chegada dos uniformizados e suas armas.

"Os assassinatos frios e indiscriminados, juntamente com os ataques terroristas perpetrados em vários pontos do Iraque, causaram a morte de centenas de pessoas e criaram a necessidade de ajuda humanitária dirigida às vítimas de terrorismo", acrescenta a nota.

Segundo o relatório, que entrevista fontes não identificadas, o número de vítimas no Iraque chegou a 26 mil pessoas apenas durante o ano passado, enquanto outras fontes falam de cerca de 30 mil vítimas durante o período.

O estudo também se refere aos detidos iraquianos, que segundo o documento eram 23.394, sendo 11.559 sob a supervisão das forças multinacionais.

"Prender a pessoas durante longos períodos por razões de segurança e sem supervisão judicial é um assunto que requer ser tratado urgentemente", destaca o relatório.





Fonte: EFE

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