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Nacional
Domingo - 13 de Novembro de 2005 às 21:41

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Cerca de 20 mil militantes do movimento negro devem se reunir em Brasília para a Marcha Zumbi +10 contra o Racismo, pela Cidadania e pela Vida. A mobilização, que marca os 310 anos do assassinato de Zumbi, líder do movimento negro do Quilombo dos Palmares, em Pernambuco, durante a escravatura, reivindica avanços nas políticas de superação da desigualdade racial.

"Por que uma população vai à rua clamar pelo direito à vida? Em função da extrema violência a que está submetida essa população. Por exemplo, entre 12 e 19 anos, são 14 mil homicídios por ano no Brasil, por dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura). A maioria são jovens negros", disse o representante da coordenação do evento e editor do jornal Ìrohìn , Edson Cardoso.

Segundo Cardoso, a reivindicação principal da marcha é que o governo reconheça, em todas as suas iniciativas, a necessidade de adotar ações de reparação das injustiças históricas cometidas contra a população negra. "Achamos que as políticas poderiam tomar como parâmetro a superação das desigualdades raciais. Assim como existe um relatório de impacto ambiental, nós poderíamos criar uma espécie de relatório de impacto sobre as desigualdades raciais", propôs.

O movimento apóia suas reivindicações nas estatísticas conhecidas há anos sobre a desigualdade entre brancos e negros. São diferenças de renda, acesso ao mercado de trabalho, educação, saúde, saneamento. Para ter uma idéia, o mais recente Atlas Racial Brasileiro, elaborado pelo Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revelou que 65% dos pobres e 70% das pessoas que viviam na indigência no país em 2004 eram negros. Segundo dados do Ministério da Educação, a taxa de analfabetismo entre os negros é de 17,2% enquanto, entre os brancos, é de 7,5%.

Os participantes da marcha também vão pedir a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, projeto de lei que está em tramitação no Congresso Nacional. "Nós vamos à rua exigir a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial com previsão de recursos para que as políticas possam ser efetivamente implementadas", informou Cardoso. No dia da marcha, os organizadores querem ser recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelos presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A garantia de recursos para a execução das políticas públicas de promoção da igualdade racial, segundo Cardos, é essencial para que o país avance nessa questão. "Se olharmos o Orçamento da União, veremos que as rubricas que contemplam as desigualdades raciais são irrisórias e há pouco resultado prático ainda dessas ações institucionais", disse.

Outros pontos da pauta são a regularização fundiária das terras das comunidades quilombolas; garantia dos direitos da juventude e das mulheres negras; respeito às religiões de matriz africana; valorização da diversidade cultural e implantação da legislação que prevê a inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira no currículo oficial da rede de ensino. "Nós queremos marchar por saneamento básico. A maioria da população que não tem acesso à água tratada e esgoto é negra. Queremos marchar por emprego, pelos direitos das mulheres negras. Enfim, temos muitas razões para estar em Brasília no dia 16 de novembro", acrescentou o organizador do evento.

A concentração da marcha está marcada para as 9 horas, em frente à Catedral, na Esplanada dos Ministérios. Os participantes farão caminhada pela esplanada e colocarão no gramado 300 cruzes para simbolizar o que chamam de genocídio do povo negro. A partir das 13 horas, terá início a programação cultural com apresentação de grupos artísticos. A banda baiana Olodum encerrará a atividade com show às 22 horas.




Fonte: Agência Brasil

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