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Internacional
Domingo - 13 de Novembro de 2005 às 12:50

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, reconheceu que terá dificuldades para aplicar suas reformas nos sistemas de educação e saúde, mas está disposto a seguir adiante com elas apesar do descontentamento entre os trabalhistas.

Em artigo publicado hoje no jornal News of the World, Blair ressaltou que o Reino Unido desfruta de uma economia forte e que a saúde e a educação melhoraram, mas insistiu que ainda há muito trabalho pela frente.

"Isto requereria decisões mais difíceis e uma liderança forte. Às vezes, como nesta semana, passarei dificuldades", admitiu o primeiro-ministro, em referência à oposição de alguns deputados do partido a seu plano antiterrorista. "Mas não há dúvidas de que no final valerá a pena", acrescentou.

Na quarta-feira, Blair sofreu a primeira derrota parlamentar quando a Câmara dos Comuns votou contra seu plano para ampliar de 14 para 90 dias o prazo de detenção preventiva sem acusações de supostos terroristas.

Vários trabalhistas votaram contra esse plano por considerá-lo uma violação dos direitos civis, mas os Comuns acabaram apoiando a ampliação da detenção de 14 para 28 dias.

A derrota de Blair, a primeira desde sua chegada ao poder em 1997, revelou o descontentamento entre os trabalhistas, que acusam o chefe de Governo de não escutar as bases.

O ministro da Economia, Gordon Brown, considerado o sucessor natural de Blair, disse ao jornal The Independent on Sunday que o Governo tem de "escutar e aprender" após o "golpe" parlamentar, em uma clara mensagem ao primeiro-ministro para que leve mais em conta a opinião dos trabalhistas.

Apesar de sua derrota parlamentar, o chefe do Governo voltou a defender a detenção sem acusações por um prazo de 90 dias, já que considera ser a resposta de um "Governo responsável" aos atentados de 7 de julho em Londres.

"A ameaça terrorista não é uma imaginação", disse Blair em seu artigo de hoje, ressaltando que "é real e totalmente diferente em magnitude e natureza a tudo o que foi enfrentado antes".

Segundo o jornal The Sunday Telegraph, além dos 64 deputados trabalhistas que desafiaram o Governo e votaram contra o plano antiterrorista, há outros 25 trabalhistas dispostos a votar contra os planos de reformar a educação e a saúde, o que representa um total de 89 deputados rebeldes, ou seja, 25% do grupo parlamentar trabalhista.

Dois ministros defenderam hoje o primeiro-ministro e insistiram que as reformas já foram analisadas e aprovadas pelo partido, e não vislumbram "rebeldia" no partido.

O ministro da Defesa, John Reid, ressaltou hoje que a ampliação da detenção sem acusações para 90 dias foi um pedido específico das forças de segurança. Além disso, Reid descartou a possibilidade de não se chegar a um compromisso sobre a agenda educativa e do sistema de saúde.

"Tudo isso foi discutido, debatido e há um compromisso", declarou Reid à imprensa. O ministro acrescentou que haverá uma discussão sobre os detalhes das reformas, mas não sobre o objetivo principal.

A ministra da Cultura, Tessa Jowell, forte aliada de Blair, também defendeu o premier ao afirmar que os deputados trabalhistas têm o "dever" de apoiar o Governo no cumprimento das promessas eleitorais.

"Há duas coisas: fomos reeleitos com base em um programa comprometido com as reformas, e Tony Blair foi reeleito como primeiro-ministro sobre o claro entendimento de que cumprirá um terceiro mandato completo" de Governo, acrescentou Jowell. "Agora é dever do partido parlamentar nos apoiar e fazer o que as pessoas esperam de nós", disse.




Fonte: EFE

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