Trabalhistas de Israel ameaçam derrubar governo de Sharon

O Partido Trabalhista de Israel advertiu o primeiro-ministro Ariel Sharon de que pretende derrubar o governo caso ele se recuse a encontrar imediatamente o novo líder do partido, Amir Peretz.

Peretz tem a intenção de retirar seu partido da coalizão que sustenta Sharon no Parlamento e discutir com ele a data para eleições antecipadas.

Sharon adiou um encontro, marcado inicialmente para este domingo, para quinta-feira.

O novo líder trabalhista – que superou o histórico dirigente do partido Shimon Peres em eleições internas na semana passada – afirmou que o premiê agiu de forma irresponsável ao tentar fugir do diálogo.

Coordenação

Segundo Peretz, seria melhor se o Partido Trabalhista deixasse o governo "de forma coordenada".

"Se um encontro com Sharon não acontecer no início da semana, podemos agir para derrubar o governo na quarta-feira", declarou Peretz na TV israelense.

"Tenho os meios políticos para agir e não permitirei que Sharon se comporte como se o campo político fosse sua propriedade privada", acrescentou.

Peretz disse que vai propor a Sharon a realização de eleições gerais em março ou em maio, antecipando a data do pleito, que está previsto para novembro de 2006.

Ele afirmou ainda que todos os seis ministros trabalhistas que fazem parte do gabinete de Sharon concordaram com ele sobre a necessidade de deixar o governo.

O Parlamento israelense deve votar várias moções de desconfiança na quarta-feira, e é essencial para o governo de Sharon contar com o apoio dos trabalhistas nessas votações.

Caso seja aprovado um voto de desconfiança, com maioria simples (61 dos 120 deputados do Knesset), uma eleição precisa ser realizada dentro de um prazo de 90 dias.

Os trabalhistas voltaram a fazer parte da coalizão liderada pelo Partido Likud (centro-direita) em janeiro, para apoiar os planos de Sharon de retirar os assentamentos judaicos e tropas israelenses da Faixa de Gaza.