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Polícia Brasil
Sábado - 12 de Novembro de 2005 às 09:50
Por: Leandro Bisa

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A cada 65 minutos um veículo é furtado ou roubado nas ruas do Distrito Federal. Bastam 30 segundos para um ladrão experiente dar a partida, engatar a primeira marcha e fugir. No total, foram 690 ocorrências em outubro, segundo dados da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV). Os estacionamentos das quadras residências e comerciais do Plano Piloto, onde aconteceram 29% de todos os registros, são os locais mais visados pelos bandidos. Entre 28 áreas, a Asa Sul é a mais perigosa.

Cerca de 16% de todos os veículos furtados no mês passado estavam nessa região (veja arte).

O delegado-adjunto da DRFV, Guilherme Henrique Nogueira, explica que os criminosos se dividem na prática de furtos e roubos. Os mais habilidosos cuidam dos furtos. “Um garoto experiente, com uma chave ‘mixa’, precisa de apenas 30 segundos para sumir com o carro do estacionamento”, comenta Nogueira. Entre todas as ocorrências registradas, 84% referem-se a furtos.

No mês de outubro, quase metade dos crimes se concentrou em três únicas áreas: Asa Sul, Asa Norte e o centro de Ceilândia. “Os ladrões procuram os locais mais movimentos ou mais ermos. É oito ou 80”, detalha Nogueira. O delegado-adjunto da Delegacia de Repressão a Furtos (DRF), Nivaldo de Oliveira da Silva, revela que 95% dos furtos realizados em interior de veículo são praticados por duplas motorizadas. É comum os criminosos usarem um carro furtado na ação. Durante uma noite, percorrem vários pontos e abrem até dez veículos. A maioria dos furtos ocorre em estacionamentos de faculdades e superquadras do Plano Piloto.

Os roubos, porém, não se concentram nas asas Sul e Norte. Os bandidos preferem Taguatinga Norte, Taguatinga Centro e Samambaia para tomar suas vítimas de assalto. Mas os dois crimes têm uma marca em comum: os modelos mais visados pelos ladrões são o Gol e o Fiat Uno. “São carros populares. Isso facilita, depois do desmanche, despejar as peças no mercado negro. Também dificulta a fiscalização, no caso de clonagens”, explica o adjunto da DRFV.

Os dados de outubro mostram que 512 veículos furtados ou roubados em outubro foram recuperados. Isso representa 74% do total. Os ladrões costumam furtar os veículos, levá-los para lugares onde se sintam seguros e retirar o som e as rodas com calma. “É mais fácil para o ladrão. Ele pode fazer o trabalho com calma. Existem rodas e aparelhos de som que são mais caros que um carro”, disse Nogueira.

Mercado negro

Apesar de a frota de veículos do Distrito Federal ter aumentado 17% desde 2002, o número de carros furtados ou roubados mantém a média diária de 22. Para os especialistas, o mais preocupante neste tipo de crime é que os donos dos veículos roubados não são as únicas vítimas dos bandidos especializados. Cada ocorrência esconde uma série de outros crimes. Ao ser levado de uma quadra ou estacionamento da cidade, muitas vezes o carro acaba envolvido em tráfico de drogas, assaltos em residências e lojas, seqüestros-relâmpagos, comércio de produtos roubados e até assassinatos.

Na madrugada de ontem, 79 equipes da Polícia Civil realizaram uma mega-operação em Ceilândia (leia matéria a baixo). O objetivo era desarticular uma perigosa quadrilha, envolvida em narcotráfico, assaltos e, principalmente, roubo de carros. Dos 26 inquéritos que a polícia abriu contra o grupo, 11 referem-se a esse tipo de crime.

O delegado Nivaldo da Silva afirma que muitos dos equipamentos roubados vão parar na Feira dos Importados, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA); na Feira dos Goianos, em Taguatinga Norte, em áreas de livre negociação, no Guará, e em Goiânia (GO). “As vendas são feitas na surdina. A polícia não tem como chegar e apreender tudo o que está à mostra nas feiras. Mas sempre estamos fazendo prisões nesses locais”, avisa. “Eles vendem produtos que valem R$ 800 por R$ 100 ou R$ 150.”

O policial diz ainda que, quando não abastece o mercado negro, os aparelhos de som e as rodas furtadas são trocadas por drogas e, às vezes, armas. Essa prática é feita entre quadrilhas pequenas e de médio porte, na fronteira entre o DF e o Entorno. Segundo o delegado Nogueira, da DRFV, os carros e motos levados para a fronteira brasileira, principalmente com o Paraguai, são trocados por carregamentos de cocaína ou maconha. “Existe o bandido que rouba, o que compra e o intermediário”, afirma o policial.





Fonte: Da equipe do Correio

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