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Internacional
Quarta - 01 de Junho de 2005 às 19:33

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O marroquino Jamal Zougam, um dos principais suspeitos dos atentados de 11 de março de 2004 em Madri, negou hoje ser um militante islâmico e jurou que apenas conhece o suposto chefe da célula da Al-Qaeda na Espanha, vinculada aos atentados de 11 de setembro em Nova York e Washington. Zougam está em prisão preventiva desde 13 de março de 2004.

"Minha única luta é ajudar meu pai a comprar comida e a sustentar sete filhos e uma mulher no Marrocos com 150 euros (cerca de US$ 170) por mês", afirmou Zougam durante seu depoimento, que durou apenas 15 minutos.

Este marroquino de 32 anos é considerado pela justiça espanhola o mentor intelectual do grupo que colocou 13 bombas em quatro trens suburbanos madrilenhos. Dez delas explodiram, matando 191 pessoas e ferindo mais de 1,9 mil pessoas.

Zougam foi reconhecido por dois sobreviventes dos atentados. Essas testemunhas disseram aos investigadores que Zougam estava com eles num dos trens que explodiram.

Além do sírio Basel Ghayoun, também em prisão preventiva, os demais suspeitos do atentado de Madri estão foragidos ou se suicidaram com explosivos no dia 3 de abril de 2004 na periferia sul de Madri, quando o apartamento em que se escondiam foi cercado pela polícia.

"Vim para cá aos 15 anos. Sempre trabalhei no que pude, em obras, em restaurantes e no comércio de roupas", explicou Zougam ao ser interrogado pelo tribunal que analisa o processo contra os 24 supostos membros da célula espanhola da Al-Qaeda, vinculada aos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

"Trabalhei até 13 de março (2004), quando me prenderam e me mostraram nas televisões do mundo todo", assegurou Zougam, que também deverá comparecer ao tribunal para depor sobre os atentados de Madri. O julgamento sobre o atentado de Madri deve começar no princípio de 2006.

Nervoso, com barba de três dias e cabelo curto, bem diferente da imagem divulgada depois de sua prisão, Zougam foi interrogado sobre suas relações com os membros da suposta célula da Al-Qaeda na Espanha, desmantelada pelo juiz instrutor Baltasar Garzón.

Em sua primeira aparição pública desde sua prisão, no dia 13 de março de 2004, Zougam afirmou que esporadicamente mantinha relações comerciais com o suposto chefe da célula da Al-Qaeda na Espanha, o sírio Imad Eddin Barakat Yarkas, apelidado de "Abu Dahdah". Disse que conhecia "Abu Dahdah" "como os outros comerciantes" do bairro madrilenho de Lavapiés.

Ao comparecer perante o mesmo tribunal, Abu Dahdah também minimizou suas relações com Zougam, descrevendo-o como um muçulmano "duvidoso que saía com meninas". Zougam afirmou "não lembrar" de uma conversa telefônica com Abu Dahdah no dia 5 de setembro de 2001, dias antes dos ataques nos Estados Unidos.

No sumário da acusação, instruída pelo juiz espanhol Baltasar Garzón, o magistrado apresenta Zougam como "militante islamista".

Zougam foi interrogado pela primeira vez na Espanha em 2000 a pedido do juiz antiterrorista francês Jean Louis Brugiere sobre suas relações com um francês convertido ao Islã, David Courtailler, que viajou para o Afeganistão para fazer um treinamento.

Nesta quarta-feira, o marroquino afirmou que desconhece qualquer assunto relacionado ao Afeganistão e que não sabe como o telefone do francês "foi encontrado" numa agenda de sua mãe. Pouco antes dos atentados de 16 de maio de 2003 em Casablanca (Marrocos), que deixaram 45 mortos, os serviços de inteligência marroquinos disseram a seus colegas espanhóis que Zougam era "perigoso".

Zougam negou qualquer participação no atentado de 11 de março. "Na prisão, os outros me tratam muito mal porque dizem que sou perigoso", afirmou ao concluir seu interrogatório. Esse julgamento é o mais importante contra a Al-Qaeda na Europa e deverá ser concluído no final de junho.





Fonte: AFP

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