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Cidades/Geral
Terça - 31 de Maio de 2005 às 14:14
Por: Mariana Rios

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Os trens que servem ao subúrbio oferecem serviço precário aos usuários do sistema

Depois que o trem das 15h20 deixou a Estação da Calçada ontem à tarde, o seguinte só encostou na área de embarque às 16h19. Já eram mais de 400 passageiros aguardando o trem que segue para Paripe, subúrbio ferroviário. Ontem à tarde, apenas dois trens estavam percorrendo o trajeto de 13,5km, que deveria ser feito em cerca de 20 minutos, mas em razão das condições da via, é realizado em mais de meia hora. "Isto aqui está parecendo até ferry-boat", desabafou a estudante Daiana Tavares, 22 anos, que seguia para a casa do pai, em Paripe. "De um tempo para cá estou percebendo que está demorando mais. O que só prejudica o passageiro que viaja na superlotação. Por que não colocam o outro trem para rodar?", questionava. Não bastassem todos esses problemas, o usuário pode ainda enfrentar a paralisação do sistema _ os cerca de 180 ferroviários, em fase de negociação, se encontram, até o dia 7, em estado de greve.

A categoria reinvidica reajuste de 7,13%, piso de R$900, além de aumento no tíquete-refeição (passando de R$14 para R$18), e plano de saúde integral. "Estamos com 60% de perdas salariais de 1997 a 2004, hoje nosso piso está em pouco mais de R$400. Queremos também mais segurança para trabalhadores e usuários. Até dia 7 deste mês, quando acontece uma negociação em Belo Horizonte, estamos em estado de greve", declarou o diretor de administração e planejamento do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias e Metroviárias da Bahia e Sergipe (Sindiferro), José Raimundo de Jesus Oliveira. Segundo a CBTU, a contraproposta prevê reajuste de 6,61%, o mesmo valor do tíquete e a mesma prática no plano de saúde, ou seja, subsidiando em 50% o valor do plano _ hoje em R$225. O sistema opera com uma tarifa de R$0,50.

Ontem, o trem das 16h19 _ com um atraso de quase 40 minutos, já que a previsão do sistema é de saída a cada 20 minutos - deixou a Estação da Calçada lotado. Calor, ruídos e um balanço constante, que mais parecia de uma embarcação navegando, são enfrentados por 18 mil passageiros que utilizam diariamente o serviço. O trecho entre a Calçada e o Lobato é o mais problemático. O trem "joga", e a velocidade é mínima, já que as margens estão ocupadas e os trilhos carecem de reparos urgentes. "Esta é a parte mais crítica, a que liga a estação da Calçada a do Lobato. Há um processo de favelização das margens da ferrovia", explicou o chefe do departamento de operação Al Mello, o que ocasiona uma espécie de assoreamento da via. Segundo ele, para que o horário previsto de saída a cada 20 minutos fosse cumprido, são necessários três trens. "Estamos trabalhando e ainda hoje (ontem) iremos regularizar a situação", contou.

O terceiro trem foi afastado ao meio-dia, podendo ser visto, encostado na Estação da Calçada, pelos usuários. O superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) afirmou não ter conhecimento do atraso e justifiou o episódio. "Temos cinco trens, estamos operando com três. Um está em manutenção, em processo de recuperação, e outro em stand by", declarou Pedro Rocha. Denúncias sobram na estação e, algumas, são confirmadas pela própria CBTU, vinculada ao Ministério das Cidades, e que opera o sistema em Salvador e em capitais como Belo Horizonte, Recife, João Pessoa, Natal e Macéio.

Faltam velocímetros nos trens e uma locomotiva, usada para manutenção dos trens, está quebrada. "Não tem velocímetro, mas há controle de velocidade pelo sistema de controle operacional. Como as distâncias são conhecidas, fazemos a previsão", declarou Rocha. Ele explicou ainda que o fato da locomotiva estar quebrada era normal. "É um desafio manter o sistema. Não tem mágica. Trabalhamos com segurança e uma licitação já foi feita para a substituição dos dormentes (estrutura de ferro ou madeira que sustenta o trilho). Foram contratados 32 novos funcionários para o início dos trabalhos. Três trens recuperados em São Paulo também estão chegando. É importante registrar que não observamos depredação, como pinchações, nos trens. Estamos trabalhando num processo de reestruturação responsável", contou Rocha.

A Iesa, empresa de engenharia, foi contratada em dezembro de 2004, para a recuperação do sistema ferroviário soteropolitano, previsto para quatro anos. "Este período é de trâmite legal, prazos, mas a empresa já irá começar os trabalhos", justificou.





Fonte: Correio da Bahia

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