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Diferenças confessionais são estrutura do Líbano
O Líbano é regido até os detalhes por um complicado sistema em que as diferenças religiosas ditam a estrutura social, e as poucas vozes que surgem para lutar contra isso têm pouca repercussão.
Uma das pioneiras na luta contra o sistema confessional libanês é a socióloga Yunan Ogarit, autora do livro "Como somos educados no sectarismo", en que esmiúça com frieza os pontos-chave de uma sociedade que considera doente.
As eleições realizadas no domingo em Beirute e que durante três domingos acontecerão em outras províncias libanesas "representam o apogeu do discurso confessional, pois é neste momento se apresentam com maior crueza e vulgaridade os sinais de identidade religiosa", opina.
A escritora se refere ao fato de que a maioria das candidaturas têm um caráter confessional. No Líbano, as cadeiras no congresso são atribuídas seguindo uma estrita repartição por credos religiosos que ocorre em cada bairro.
O parlamento é formado assim por uma metade de cristãos e outra de muçulmanos -apesar da realidade demográfica da diminuição do número de cristãos-, que por sua vez se dividem nas distintas confissões do Islã e do Cristianismo.
A polícia ou o exército, entre outras instituições do Estado, também devem contar com uma proporção exata de cristãos, drusos, muçulmanos sunitas e muçulmanos xiitas.
Ogarit lembra que a divisão confessional começa na escola, onde as crianças estudam um livro diferente de história -com interpretações radicalmente distintas sobre a chegada dos árabes ou a colonização francesa, por exemplo-, além de diferente ensino religioso.
Depois das escolas vêm os clubes esportivos, os hospitais e os meios de comunicação, comandados quase sempre por padrões religiosos.
No Líbano não existe sequer o casamento civil, pois o direito familiar -matrimônio, heranças, divórcio- estão regidos pelas religiões e o estado não tem jurisdição.
Depois que vários projetos de implementar o casamento civil pareceram fadados ao fracasso pela oposição de religiosos e políticos, acontece o curioso fenômeno de que alguns jovens de credos diferentes viajarem ao exterior, sobretudo ao Chipre, para se casar, e depois o estado libanês "faz vista grossa", embora no final seus filhos obrigatoriamente tenham que seguir a religião do pai.
Ogarit já apresentou vários projetos para propor soluções alternativas à situação. Alguns tiveram boa repercussão, como a campanha contra a pena de morte e pelo casamento civil.
A luta por uma sociedade civil tem muitos adeptos, mas para alguns, como lembra o jornalista cristão Issa Goraieb, a idéia da repartição confessional não parece tão absurda, pois garante os direitos de minorias que "seriam engolidas se aplicássemos critérios unicamente demográficos".
Goraieb acha que o Líbano é o único país da região que é árabe sem ser automaticamente muçulmano, pois é multiconfessional, e a fórmula atual, apesar de sua rigidez, protegerá cristãos árabes que só no Líbano têm direito à cidadania completa.
Uma das pioneiras na luta contra o sistema confessional libanês é a socióloga Yunan Ogarit, autora do livro "Como somos educados no sectarismo", en que esmiúça com frieza os pontos-chave de uma sociedade que considera doente.
As eleições realizadas no domingo em Beirute e que durante três domingos acontecerão em outras províncias libanesas "representam o apogeu do discurso confessional, pois é neste momento se apresentam com maior crueza e vulgaridade os sinais de identidade religiosa", opina.
A escritora se refere ao fato de que a maioria das candidaturas têm um caráter confessional. No Líbano, as cadeiras no congresso são atribuídas seguindo uma estrita repartição por credos religiosos que ocorre em cada bairro.
O parlamento é formado assim por uma metade de cristãos e outra de muçulmanos -apesar da realidade demográfica da diminuição do número de cristãos-, que por sua vez se dividem nas distintas confissões do Islã e do Cristianismo.
A polícia ou o exército, entre outras instituições do Estado, também devem contar com uma proporção exata de cristãos, drusos, muçulmanos sunitas e muçulmanos xiitas.
Ogarit lembra que a divisão confessional começa na escola, onde as crianças estudam um livro diferente de história -com interpretações radicalmente distintas sobre a chegada dos árabes ou a colonização francesa, por exemplo-, além de diferente ensino religioso.
Depois das escolas vêm os clubes esportivos, os hospitais e os meios de comunicação, comandados quase sempre por padrões religiosos.
No Líbano não existe sequer o casamento civil, pois o direito familiar -matrimônio, heranças, divórcio- estão regidos pelas religiões e o estado não tem jurisdição.
Depois que vários projetos de implementar o casamento civil pareceram fadados ao fracasso pela oposição de religiosos e políticos, acontece o curioso fenômeno de que alguns jovens de credos diferentes viajarem ao exterior, sobretudo ao Chipre, para se casar, e depois o estado libanês "faz vista grossa", embora no final seus filhos obrigatoriamente tenham que seguir a religião do pai.
Ogarit já apresentou vários projetos para propor soluções alternativas à situação. Alguns tiveram boa repercussão, como a campanha contra a pena de morte e pelo casamento civil.
A luta por uma sociedade civil tem muitos adeptos, mas para alguns, como lembra o jornalista cristão Issa Goraieb, a idéia da repartição confessional não parece tão absurda, pois garante os direitos de minorias que "seriam engolidas se aplicássemos critérios unicamente demográficos".
Goraieb acha que o Líbano é o único país da região que é árabe sem ser automaticamente muçulmano, pois é multiconfessional, e a fórmula atual, apesar de sua rigidez, protegerá cristãos árabes que só no Líbano têm direito à cidadania completa.
Fonte:
EFE
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/336983/visualizar/
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