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Tecnologia
Segunda - 30 de Maio de 2005 às 17:07

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Será que os avanços tecnológicos, os custos do combustível e as preocupações ambientais trarão de volta o uso de navios movidos por velas para transporte de cargas? O grupo de navegação Wallenius Wilhelmsen (WW) projetou um navio ao estilo "de volta para o futuro", acionado exclusivamente pelo vento e pelas ondas, na expectativa de que a regulamentação cada vez mais intensa e os custos de navegação maiores ao longo dos próximos 20 anos forcem o setor a desenvolver navios mais ecológicos.

"Em parte, a legislação vai impulsionar o processo, e em parte é nosso desejo que nos vejam como inovadores", disse Lena Blomqvist, vice-presidente responsável por assuntos ambientais na WW. "Compreendemos que somos parte do problema e desejamos ser parte da solução."

O Orcelle terá níveis de emissão próximos de zero e a WW espera que o projeto permita que um navio como esse seja capaz de transportar 10 mil carros e caminhões, ditando o padrão para o futuro transporte de cargas.

A propulsão para o navio de cinco cascos, batizado em homenagem a uma espécie ameaçada de golfinhos, seria fornecida por velas de alta tecnologia e um conjunto de casulos, abaixo da linha d'água, que aprisionariam a energia das ondas. Além disso, células solares nas velas carregariam as células de combustível e acionariam motores elétricos.

"Quando estamos no oceano, o acesso à energia é quase ilimitado, mas um navio moderno luta contra os elementos", disse Per Brinchmann, o arquiteto naval que projetou o navio para transformar o poder da natureza em fonte de energia. "O albatroz obtém 98% da energia necessária ao vôo do vento, e dois por cento de suas asas", afirmou.

A preocupação com os lucros já levou a WW a reduzir em 10% o uso de combustível em sua frota existente, nos últimos anos, e a reduzir as emissões de nitrogênio e dióxido de enxofre. O dióxido de enxofre causa chuva ácida e as emissões de nitrogênio desequilibram as proporções de nutrientes no oceano, dois fatores que representam sérios problemas no Mar Báltico, onde a WW está baseada.

E não é apenas poluição do diesel usado em embarcações, com altas concentrações de enxofre e mais perigoso ao meio-ambiente que outros combustíveis mais refinados, que o novo navio pode eliminar.

Por meio de um projeto inteligente, o Orcelle elimina a necessidade de água de lastro, que pode conter até 7 mil espécies marítimas que representam um enorme impacto ambiental quando são descartados em águas diferentes de seu ecossistema de origem.

Especialistas calculam entre 3 bilhões e 5 bilhões de toneladas o volume de água de lastro transportada pelo mundo por navios a cada ano, não muito longe das 6 bilhões de toneladas de carga transportada em 2003. Apesar do Orcelle talvez nunca ser construído comercialmente, a WW acredita que, como um carro conceito, muitas tecnologias da embarcação exibidas na World Expo no Japão vão ser adotadas por navios nos próximos vinte anos.





Fonte: Reuters

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