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Internacional
Segunda - 30 de Maio de 2005 às 13:44
Por: Nadim Ladki

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O baixo comparecimento às urnas ofuscou a folgada vitória do filho do falecido ex-primeiro-ministro Rafik Al Hariri nas primeiras eleições ocorridas em Beirute sem a presença militar síria em mais de três décadas.

Os resultados oficiais divulgados na segunda-feira mostram que a lista de Saad Al Hariri obteve todas as 19 vagas de deputados em jogo na primeira rodada das eleições na capital. Apenas 28 por cento dos 420 mil eleitores compareceram às suas sessões.

Muitos deixaram de votar por considerar a vitória de Hariri um fato consumado. Em nove dos 19 distritos não havia adversários aos candidatos dele.

Embora seja novato na política, Hariri, 35, se torna agora um forte candidato a liderar o próximo governo e a manter as medidas políticas e econômicas de seu pai, um bilionário empresário que foi assassinado em Beirute no dia 14 de fevereiro. Até agora, Hariri não manifestou publicamente a intenção de governar o Líbano.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, elogiou a "conduta democrática" da primeira etapa da votação. "Esta eleição constitui uma grande oportunidade para que o povo libanês dê forma ao seu próprio futuro, fortaleça suas instituições políticas e restaure sua plena soberania", disse ele em nota.

O Líbano acaba de passar por dois terremotos políticos — o atentado que matou Hariri e foi atribuído por muitos à Síria e o final da presença militar de 29 anos do país vizinho, uma desocupação parcialmente provocada pelos protestos contra o assassinato do ex-premiê.

Os resultados anunciados pelo Ministério do Interior mostram que Hariri, um sunita, obteve 39.500 dos 42 mil votos em seu distrito, o resultado mais expressivo nos 10 distritos onde havia mais de um candidato. A capital libanesa tem população majoritariamente sunita.

O segundo candidato mais votado também estava na chapa de Hariri — é um xiita pró-sírio, ligado ao Hizbollah, que teve 32 mil votos.

Por causa de um boicote convocado pelo partido Tashnag, da minoria armênia, e pelo líder cristão anti-Síria Michel Aoun, o comparecimento foi ainda menor nos bairros cristãos de Beirute.

Em 2000, quando Rafik Al Hariri, então colaborador da Síria, foi eleito, o comparecimento eleitoral em Beirute atingiu 34 por cento.

Esta foi a primeira vez que observadores estrangeiros acompanharam um pleito libanês. Foram mais de 100 pessoas, lideradas pela União Européia.

Diante de uma animada multidão, na noite de domingo, Hariri disse que o resultado foi "uma vitória da unidade nacional". "Esta é uma vitória para Rafik Al Hariri. Hoje, Beirute mostrou sua lealdade a ele."

Muita gente saiu às ruas buzinando e agitando bandeiras. Fogos de artifício iluminaram o céu libanês. Disparos foram ouvidos por causa de confrontos entre grupos rivais, mas não houve feridos.

Hariri também terá candidatos no norte e no leste do Líbano. Ele espera formar um bloco parlamentar de 80 a 90 deputados, maioria suficiente para implementar reformas políticas, econômicas e judiciais.

O presidente Emile Lahoud, ligado à Síria, sempre dificultou tais reformas. Uma vitória expressiva de Hariri pode ampliar a pressão para que o presidente renuncie.

"Estou feliz, mas minha felicidade é mesclada à tristeza", disse, chorando, a dona-de-casa Joumana Tabbara, que comemorava o resultado de domingo em frente à mansão de Hariri.

"Estava neste lugar há cinco anos, quando o pai dele ganhou a última eleição. Estávamos tão felizes. Desta vez nossa felicidade é incompleta, porque falta alguém tão querido."

O assassinato de Hariri está sendo investigado pela ONU. Damasco nega envolvimento no crime.





Fonte: Reuters

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