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Economia
Segunda - 30 de Maio de 2005 às 09:55

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Com o preço do petróleo em alta e a pressão internacional pela redução de emissão de poluentes, como estabelece o Protocolo de Kioto, o mercado para os chamados “combustíveis verdes” tem potencial para se transformar num promissor segmento da economia. Mas especialistas temem que o Programa Nacional de Biodiesel, lançado pelo governo, possa agravar o desmatamento na Amazônia, principalmente em Mato Grosso, com a utilização da soja na produção do combustível.

Depois do anúncio, no dia 18, de que 26.130 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados entre agosto de 2003 e agosto do ano passado, o segundo maior índice de desmatamento registrado na Amazônia, 6% superior ao período anterior, o temor é que, ao direcionar a produção de soja para um mercado que, por causa de aspectos estratégicos, é mais ágil que o das commodities agrícolas, a velocidade da destruição de florestas para plantio de lavoura na região aumente rapidamente.

— A indústria da energia, pela possibilidade de ganhos maiores que oferece, numa conjuntura de alta do petróleo e aumento da demanda por produtos menos poluentes, pode levar a uma catástrofe se não houver controle por parte do governo — diz o professor Edmilson Moutinho dos Santos, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a atual disponibilidade de óleo de soja — são fabricadas seis milhões de toneladas por ano — é suficiente para garantir o produto para a alimentação e o biodiesel, já que, para adicionar 2% do combustível vegetal ao óleo diesel consumido no país, como prevê a primeira fase do programa, seriam necessárias 900 mil toneladas de biodiesel.

O coordenador de oleaginosas e fibras do Ministério da Agricultura, Sávio Pereira, diz que o temor não tem fundamento, pois a área de cerca de 50 milhões de hectares ocupada hoje pelo cultivo de grãos no país pode crescer 150% sem que seja necessário derrubar árvores:

— Temos mais de 60 milhões de hectares disponíveis no cerrado, áreas que eram pastagens ou que já foram devastadas por madeireiros.

Para o diretor da ONG Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, o governo deveria calcular o custo social e ambiental da expansão da soja e negociar com os produtores.

— Se é para perder biodiversidade e desalojar pequenos produtores, alguém deveria pagar por isso.





Fonte: 24 Horas News

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