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Sábado - 28 de Maio de 2005 às 13:10
Por: Silvana Guaiume

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Campinas - O tornado que varreu parte de Indaiatuba na tarde de terça-feira foi um dos mais intensos registrados no Brasil. De acordo com estudos preliminares da Universidade Federal de Santa Catarina, em uma escala que vai de F0 a F5, o fenômeno atingiu F3. Isso quer dizer que a velocidade dos ventos foi superior a 251 quilômetros por hora, conforme o pesquisador do Instituto Tecnológico do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), Ernani de Lima Nascimento.

"Nunca um fenômeno tão intenso havia sido registrado em vídeo no Brasil", explicou o pesquisador. Ele obteve uma cópia da gravação de câmeras de monitoramento da concessionária Rodovia das Colinas, que registraram a passagem do tornado. Pôde observar que o tornado maior abrigava dentro dele pequenos tornados, chamados vórtices menores. "Contei sete", comentou Nascimento.

A incidência de vórtices menores dentro do tornado torna o fenômeno ainda mais intenso e destruidor. "O potencial de destruição dos vórtices é maior que o do próprio tornado", comentou Nascimento. Ele explicou que o fenômeno de Indaiatuba não é inédito, mas raro. Esclareceu que na América do Sul ocorrem entre 10 e 15 dias por ano com condições favoráveis para o surgimento de tornado. Mas acrescentou que não há levantamento estatísticos sobre o fenômeno no Brasil. "Ainda estamos fazendo estudos para entender a freqüência", disse o pesquisador.

Ele lembrou que o tornado surge a partir do encontro de uma massa de ar úmida e quente com outra fria e seca. "No Brasil temos as correntes úmidas e quentes da Amazônia e as secas e frias que vêm da Argentina", explicou. De acordo com ele, a ocorrência do fenômeno é mais provável de Mato Grosso do Sul e São Paulo até o Rio Grande do Sul. Os tornados podem chegar a um quilômetro e meio de diâmetro. A estimativa é de que o de Indaiatuba tenha alcançado 200 metros. Ele perde velocidade à medida em que o ar frio penetra em seu interior. Pode atingir até 511 quilômetros por hora de velocidade, no nível F5.

O pesquisador destacou a importância da documentação, em imagens, dos fenômenos meteorológicos para que possam ser melhor estudados pelos pesquisadores. "No Brasil isso ainda é recente, mas a tendência é de que sejam cada vez mais documentados, com as novas tecnologias portáteis de capturar imagens", disse Nascimento. Ele explicou que os tornados são estudados no Brasil desde os anos 1980, mas geralmente em trabalhos isolados. Acrescentou que hoje há uma preocupação maior em avaliar e registrar o fenômeno.

De acordo com a Assessoria de Imprensa de Indaiatuba, nesta sexta-feira o abastecimento de energia elétrica e água estava normalizado. Os prejuízos na cidade estão estimados em R$ 97,5 milhões. Aproximadamente 400 casas foram destelhadas, 12 escolas e dois postos de saúde atingidos pelos ventos. Cerca de 30 empresas do Distrito Industrial estavam na rota do tornado, pelo menos seis desabaram.





Fonte: Agência Estado

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