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Internacional
Sábado - 28 de Maio de 2005 às 12:04

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Os cerca de 42 milhões de eleitores franceses irão às urnas neste domingo para um referendo histórico sobre a Constituição européia, em que as pesquisas de opinião apontam a vitória do "não" e uma conseqüente crise política no país e em todo o continente.

Segundo as últimas pesquisas, o "não" à Constituição receberá entre 51% e 56% dos votos, uma recusa estimulada pelo crescente descontentamento social e pelo medo de uma Europa demasiado liberal.

Entretanto, as pesquisas afirmam também que um em cada cinco cidadãos ainda não sabe o que escolher. Na esperança de convencer os indecisos, os partidários do "sim" vêm tentando explicar que o projeto servirá para criar uma Europa mais unida e com a França mais forte.

Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e o chanceler alemão, Gerhard Schroeder, fecharam a campanha pelo "sim" no país e tentaram convencer os franceses de que eles não podem dar as costas à Europa.

"Peço um 'sim' em nome da Espanha e da esquerda. Peço vosso voto alto, claro e otimista à Constituição européia. Só assim faremos com que a Europa avance", disse Zapatero num comício socialista em Lille (norte).

A situação no país, um dos fundadores da União Européia e um dos motores do continente, surpreende autoridades francesas e européias, atônitas diante do avanço do "não", estimulado pelo descontentamento social e por um certo medo de uma Europa demasiado liberal.

A rejeição à Constituição tem conseguido reunir na França tendências irreconciliáveis, que só têm em comum a oposição ao governo. Neste domingo, comunistas, militantes de extrema-direita, eurocéticos, trostkistas e uma facção socialista se dispõem a dar um categórico "não" à Constituição, que em grande parte é um voto de castigo ao atual governo.

Nesta semana, o presidente Jacques Chirac ressaltou aos cidadãos que eles devem votar "pelo bem da França e da Europa" e não pensando em questões de política interior.

"Não vamos nos equivocar em relação à pergunta. Não é para escolher entre a direita e a esquerda, entre um governo e outro: trata-se do futuro da França e da Europa", disse Chirac.

Além da insatisfação com o governo francês, o "não" ganha força também por causa do medo da fuga de empresas para o leste europeu, onde os custos são menores, da chegada em massa de trabalhadores estrangeiros e de uma futura adesão da Turquia ao bloco, além do descontentamento com o modelo social da atual Europa.

"Espero que os franceses usem a cédula do 'sim' neste domingo e guardem a do 'não' para Jacques Chirac nas eleições (presidenciais) de 2007", disse nesta sexta-feira o primeiro-secretário socialista, François Hollande.

Além do partido de Chirac, a União por um Movimento Popular (UMP, direita moderada), o "sim" é defendido pelos centristas da UDF, parte dos socialistas, sindicatos e ecologistas.

Um dos grandes prejudicados caso o "não" triunfe será Chirac. O presidente da França, de 72 anos, está totalmente envolvido na defesa do Tratado Constitucional e tem consciência de que se o texto não for ratificado, sua candidatura para um terceiro mandato em 2007 estará descartada.

Outra grande vítima desta campanha é o partido socialista francês, que se encontra dividido em dois.

Para que a Constituição entre em vigor, ela deve ser aprovada pelos 25 Estados-membros num processo de ratificação que terminará na segunda metade de 2006. Até o momento, nove países aprovaram o documento.

Segundo especialistas, se o "não" vencer na França neste domingo, o país deverá submeter o mesmo texto a uma segunda votação no ano que vem.





Fonte: AFP

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